
Santa Maria, 6 horas da manhã, O sol ainda está timidamente escondido no horizonte, mas o engarrafamento já toma conta da BR-040. Como uma procissão sem fim, que nasce nos alredores de Luziânia – Goiás e vai até o Plano Piloto de Brasília.
Nos ônibus, passageiros amontoados, em pé, sem conforto, agarrados às barras de segurança. Os carros não conseguem andar a mais de 30 quilômetros por hora. Até mesmo os motoqueiros, acostumados a driblar o trânsito, enfrentam filas nos corredores entre uma faixa de rolamento e outra.
Os ônibus, além de desconfortáveis, são caros. Uma passagem de Luziânia custa R$ 4,50 e, como não há integração, ao chegar em Brasília o passageiro é obrigado a desembolsar mais R$ 3,00 para pegar um coletivo ou o metrô. São R$ 14,00 p0r dia, R$ 420 por mês. Este é o preço do desconforto, quase um salário mínimo, apenas para ir e voltar ao trabalho.
Mas tudo isso poderia ser diferente. Na região do chamado Entorno Sul, Cidade Ocidental, Valparaíso, Céu Azul, Pedregal, Jardim Ingá, Lago Azul, Novo Gama e também nas cidades do Gama e Santa Maria, no DF, vivem cerca de um milhão de pessoas. Pessoas que necessitam diariamente se deslocar para Brasília, já que é no Plano Piloto que estão cerca de 70% dos empregos e das atividades escolares, em especial as universitárias, da região.

É também nesta região que passa a linha do Trem Bandeirantes, que antes de ser privatizado pelo governo de FHC, levava passageiros de Brasília a São Paulo, passando pelo interior de Minas e Goiás. Esta linha já passa na porta de Luziânia, contorna o Valparaíso e a Cidade Ocidental, pode tranquilamente receber passageiros do Novo Gama, Pedregal e Céu Azul. No DF, ela está nas proximidades de Santa Maria e Gama, atravessa pelo meio o Park Way, margeia a Metropolitana e o Núcleo Bandeirante. Passa no Guará, onde ainda sobrevive a antiga estação Bernardo Sayão, segue para o Setor de Indústrias, Cruzeiro e chega a Rodoferroviária.
São apenas 60 km, mas se um trem estivesse em operação, poderia esvaziar os congestionamentos que tanto atrapalham a vida do Brasiliense quanto dos vizinhos do Entorno. Hoje, um trem de passageiros regional pode comportar até mais de 12 vagões. Em cada viagem estima-se que poderiam ser transportados mais de mil passageiros sentados, com total conforto e segurança.
Para resolver este gargalo do transporte de Brasília é necessário apenas vontade política. A linha já existe, terreno aberto, trilhos no chão, sinalizaão férrea, etc (alguns tecnocratas dizem que a bitola não é adequada. Ora se era adequada para levar passageiroas a São Paulo,a 1.200 km, por que não o é para Luziânia, a 60 Km). O que é necessário é a criação de estações de passageiros em cada uma destas localidades já citadas e um sistema de integração aos demais transportes da cidade. Em algumas localidades menores, este trabalho pode ser feitos a partir de micro-ônibus que abasteceriam a linha férrea e levariam os passageiros a outros destinos. Mas tudo com o bilhete único, sem a necessidade de se pagar a cada vez que se troca de veículo.
Esta é uma das propostas que propuz levar ao Senado Federal, caso tivesse sido eleito a senado pelo Psol, em 2010. O compromisso era viabilizar os recursos e as bases juridicas para que o TREM REGIONAL DE PASSAGEIROS DO DF começasse a funcionar. Ganham todos, inclusive aqueles que preferem o carro, pois as vias estarão mais vazias. Ganha o meio ambiente, pois haverá menos trânsito e menos poluição. Ganha a segurança do cidadão, pois nestas estradas todos os dias há acidentes graves, muitos com mortes, principalmente de motoqueiros. Perdem apenas os donos das empresas de ônibus que não querem perder o filé mignon de tranportar diariamente centenas de milhares de pessoas ao preço mais caro do país e com a pior qualidade.
Implantar este sistema só depende das escolhas que o eleitorado de Brasília fizer. Esta proposta de minha autoria foi encampada pelo Psol-DF.
”Trens regionais pendulares de passageiros de médio e longo percurso São Paulo-Minas-Brasília.”
Para que possamos ter definido um trajeto para trens regionais de passageiros de médio e longo percurso São Paulo – Brasília, passando por muitas das cidades citadas abaixo entre outras, além de um trajeto coerente para cargas, (dupla função) com o fator de sazonalidade igual a zero, deveremos tomar as seguintes providências;
1ª fase Interligar a ferrovia Norte / Sul com ramal para Brasília-DF com a Ferrovia Centro Atlântica FCA existente passando pelas cidades de Anápolis-GO, Araguari, Uberlândia, Uberaba-MG que hoje se encontram operando somente em bitola métrica, com a implantação de bitola mista ( 1,0 + 1,6 m ), passando por Ribeirão Preto, até o ponto que se encontram com a bitola larga em Campinas, aí já seguindo para Jundiaí e a capital-SP.
2ª fase Interligar em linha paralela com a ferrovia Norte / Sul passando por Goiânia, Anápolis, Itumbiara-GO, Monte Alegre de Minas, Prata e Frutal-MG e adentrando pelo centro norte de SP na cidade de Colômbia, e a partir daí seguindo por ferrovias existentes por Barretos, Bebedouro, Jaboticabal, até Araraquara no centro de São Paulo, com bifurcação para Panorama ou para a estação Júlio Prestes na capital-SP, ambos os trajetos como função de linhas troncos.
A maior parte destas propostas é a de se utilizar ao máximo os trechos ferroviários existentes que se estejam desativados ou subutilizados, mas que se encontram-se em regiões de grande potencial, que no passado já possuíram ferrovias a fazer parte de seu desenvolvimento, e que inexplicavelmente se encontram abandonadas, principalmente no estado de São Paulo, e o trecho novo complementar se limita a, ligação ferroviária Norte / Sul, Anápolis, Itumbiara-GO Colômbia-SP ~380 km, a maior parte em Minas Gerais. (Esta ligação tem a função de interligar na menor distância em bitola larga os pontos onde se encontram paralisadas ao Norte Anápolis-GO com a ao Sul Colômbia-SP) em um tempo, distância e custo de implantação muito inferior à proposta original, além que poderá ser utilizada como trens de passageiros.
Notas:
1-Fica definida a cidade de Panorama-SP de onde deve partir rumo ao Rio Grande do Sul a continuidade da ferrovia Norte / Sul.
2-Alguns trechos entre Colômbia e Panorama-SP se encontram em estado precário, ou erradicados, portanto devem ser refeitos.
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