Poema de Luiz Martins da Silva – Foto: Chico Sant’Anna
Versos coloridos passam,
Nuvens, capuchos, vapores,
Cortinas de vento sobre grama,
Outonais contornos no papel.
Sóbrias, ou borrosas,
As sentenças insistem
Em registrar no branco
Uma vida em melodramas.
No jarro,
há dias,
um crisântemo guarda
Ainda um verde carinho.
Na cadeira, um paletó descansa.
Enquanto um gato carimba o assoalho
Com dígitos de veludo,
Para depois juntar-se ao dono,
Um quase invisível pierrô.
Sozinho, perscrutando o deserto,
(Através da vidraça tudo é logo)
Também lá dentro o tempo murcha,
Enquanto um inocente sobrevive
De tanto tentar apreender.