Nas redes sociais há cobranças ao PPS nacional quanto à presença do partido na base do governador de Goiás, Marconi Perilo. Lá a situação seria tão ou mais grave do que em Brasília, mas a executiva nacional não tomou ainda nenhuma posição.

Por Chico Sant’Anna, publicado originalmente na Brasília247

O fisiologismo de algumas “lideranças” do PPS-DF está falando mais alto. Para fugir ao enquadramento decidido pela direção nacional do PPS de obrigar a legenda no Distrito Federal a sair da base da “Turma da Mudança” de Agnelo Queiroz, dirigentes do partido, bem aquinhoados em cargos no Governo do Distrito Federal, estão preferindo deixar o partido, ou ao menos se licenciar da agremiação. Assim, estariam desobrigados a cumprirem as determinação da executiva nacional do partido.

De seu lado, Agnelo usa o poder da caneta para manter seu apoio político. Entre as legendas e seus programas partidários e a materialidade dos cargos públicos, alguns pepessistas, bem pragmáticos, optam por continuar controlando a máquina pública do GDF.

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Na semana passada, por unanimidade de seus membros, a executiva do PPS nacional, descontente com os rumos do governo do Distrito Federal e preocupada com as denuncias de corrupção que estão sendo lançadas contra Agnelo Queiroz,  determinou o rompimento com o GDF e a imediata entrega de cargos.

Parecia, assim, um grito de independência e em prol da moralidade pública. Mas os day-after não foi bem assim. A primeira reação veio do secretário de Justiça, Alírio Neto. Ele decidiu ficar na equipe de Agnelo e pediu licença da legenda, em 26/4. Há rumores de que ele poderia migrar para o PMDB do vice-governador, Tadeu Filippelli.

Agoras, segundo informa o blog da jornalista Lílian Tahan, dois membros do partido vão deixar a legenda: o diretor do Procon-DF, Oswaldo Morais, e o administrador do Guará, Carlos Nogueira. Eles estriam trocando o PPS pelo PHS e, desta maneira, continuar com seus empreguinhos e com a máquina política do GDF, que em época de eleição sempre propicia mais visibilidade.

O partido conta ainda com a presença, nos quadros do governo, do administrador de Planaltina, Nilvan Vasconcelos, e, na base parlamentar, os deputados distritais Claudio Abrantes e Luzia de Paula, esta última membro da CPI da Arapongagem. Não se sabe ainda como eles irão se portar diante da decisão partidária.

Goiás

Nas redes sociais há cobranças ao PPS nacional, na pessoa do seu presidente deputado Roberto Freire, quanto à questão do governador de Goiás, Marconi Perilo. Lá a situação seria tão ou mais grave do que em Brasília, mas a executiva nacional não teria tomado nenhuma iniciativa de se afastar do governo Perilo. Faltaria assim, coerência política por parte do PPS? Ou a posição em Brasília é apenas fruto da velha e tradicional picuinha entre PT e PPS?

Só o PPS com seus atos e atitudes poderá responder.

Confira abaixo, na íntegra, a resolução do PPS Nacional:

PARTIDO POPULAR SOCIALISTA
Diretório Nacional

Resolução Orgânica nº 05/2012

Considerando as graves denúncias que pesam sobre o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, em torno das Operações Vegas e Monte Carlo, da polícia federal, atingindo áreas estratégicas de seu governo;

Considerando nossa participação no governo do Distrito Federal e em sua base parlamentar, o que tem exposto o partido, nacionalmente, a uma posição constrangedora, contrária aos princípios republicamos que defendemos;

Considerando, por fim, a posição do Diretório no Distrito Federal em continuar participando do governo e dando-lhe apoio, a despeito dos claros sinais de dirigentes nacionais e de seu integrante da bancada federal, Deputado Augusto Carvalho, no sentido de indicar o afastamento do governo do Distrito Federal;

A Comissão Executiva Nacional, pela unanimidade de seus membros,

RESOLVE:

Art. 1º. Determinar ao Diretório do PPS do Distrito Federal a imediata entrega de todos os cargos ocupados por filiados ao partido no Governo do Distrito Federal, com o consequente pedido de exoneração.

Art. 2º. Determinar o imediato rompimento do partido com a base parlamentar do Governo do Distrito Federal junto à Câmara Legislativa.

Brasília, 09 de maio de 2012.

Roberto Freire
Presidente Nacional