Poema por Luiz Martins da Silva. Foto de Chico Sant'Anna

Venero este bravo sertão,

E aos brados reverencio

Secretas brenhas da América,

Nascentes de grandes rios.

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Amo e amplio veredas

Que em ânsias de infinito

Cruzam num mesmo horizonte

Terra e Céu por escrito.

– x –

Ah! Se por aqui houvera

Passados os olhos de Whitman,

A recontar do Universo

Luxúrias de um grande mito.

– x –

Quanta coisa a enumerar

Para compor um poema

Do leque do buriti

À flor da canela-de-ema.

– x –

Quando cheguei por aqui,

Já não me haviam contado,

Mas logo me apaixonei

Por uma flor do cerrado.

– x –

Por isso fiquei até hoje,

Desde meus tempos heróicos:

Candango, pau-de-arara,

Outro sertão mais ao Norte.

– x –

Um dia, meus filhos nascidos,

Não haverão de medir:

Quanta estrada para um homem

Até chegar por aqui.

– x –

Nada a contar de estranho

No mundo do natural.

Sequer o palmito guairoba,

Ou mesmo a flor do pequi.

– x –

Nada de exagerado,

Às vistas de tudo um pouco:

A lua, branca, de um lado;

O sol, laranja, de outro.