Por Luiz Martins da Silva

Há um tempo em que a barba é a inveja da alheia.

E, logo, vem da barba o tempo de espera.

De repente, ei-los, indícios da suprema surpresa.

Já, já, chegam: as espinhas, os capuchos, os pentelhos.

– x –

Então, sobrevém da barba, longa amizade com o espelho.

Quando Narciso se dá conta, já não é Apolo:

É fauno barbudo, encalço, rebanho de gazelas,

Mas, homem, é tão somente neófito de guerreiro.

– x –

Um dia, de fato, pronto está o bruto,

O bravo bárbaro em laivos de empestar a brisa:

Odores de adrenalina, músculos e almíscares.

– x –

Glândulas, pra que te quero e, se barba já é estorvo,

E cangas sobre os ombros, sustentos, lavores, filhos…

Cotidiano ritual de amadurecer, a barba, agora, é despojo.