O ANÚNCIO DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM CORREDOR DE ÔNIBUS INTERLIGANDO O AEROPORTO E A ASA SUL DE BRASÍLIA ENTERROU DE VEZ A MODERNIDADE DO TRANSPORTE COLETIVO NA CAPITAL FEDERAL
Por Chico Sant’Anna, publicado originalmente na Brasília 247
Uma notícia que passou despercebida da imprensa local – qual teria sido a razão? – enterrou de vez a modernidade do transporte coletivo em Brasília e sentenciou a Capital Federal por, pelo menos, mais 30 anos de submissão à máfia do transporte coletivo local.

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Na terça-feira, 14/8, o ministério das Cidades e o governo do Distrito Federal (GDF) assinaram um convênio pelo qual a interligação do Aeroporto Internacional de Brasília ao início da Asa Sul passará a ser feita por um corredor de ônibus e não mais por uma linha de VLT, como anteriormente previsto. Curiosamente, Agnelo, que em janeiro deste ano prometera implantar a primeira fase do veículo leve sobre trilhos, não foi assinar o contrato, mandou seu vice, Tadeu Filippelli. O governo federal vai investir nestas obras R$ 100 milhões e a introdução dos chamados VLTs tramway (uma espécie de bondes elétricos modernos) fica adiada sine die.
No Eixo Monumental, o VLT cobriria da Praça dos Três Poderes até o Memorial JK, reduzindo o volume de carros no trânsito e eliminando a necessidade de se construir garagens subterrâneas na Esplanada dos Ministérios.
Confira no vídeo o trajeto do VLT
Com esta decisão, o governador Agnelo abandona de vez todo o projeto de mobilidade urbana feito no passado. O projeto previa três linhas de metrô, uma de VLT e, pelo menos, duas de veículos leves sobre pneus – VLPs (uma espécie de ônibus elétrico articulado).
Desde que assumiu o governo, Agnelo não demonstrou publicamente nenhuma simpatia ao projeto de mobilidade urbana elaborado na década de 90 e que, indiferente à coloração dos partidos no poder, vinha sendo aplicado governo após governo. Na prática, era um projeto de estado e não de governos. A decisão de Agnelo submete a população do DF à escravidão de um serviço de transporte urbano baseado em ônibus, de tecnologia obsoleta e ultrapassada.
Analistas do setor de transporte veem na decisão do GDF uma submissão aos empresários que monopolizam o transporte público na capital e que teriam muito a perder com a introdução das duas novas linhas de metrôs, com o VLT e os VLPs. Além de perderem passageiros e renda, pela sofisticação do sistema, dificilmente os donos dos ônibus coletivos da cidade teriam capital e conhecimento técnico para operá-los. Haveria, ainda, grandes interesses do Palácio do Planalto em substituir os veículos elétricos pelos tradicionais ônibus a diesel, pois assim dar-se-ia um empurrãozinho nas montadoras de ônibus que, como todos sabem, emprega a principal base sindical do Partido dos Trabalhadores, qual seja: os metalúrgicos. Só a licitação recém lançada pelo GDF implica na aquisição de 900 ônibus.

Plano de Mobilidade
Elaborado na década de 90, e tendo atravessado administrações dispares como a de Roriz, Cristovam, Arruda e Rosso, o projeto só foi parcialmente implantado com a linha 1 do Metrô que liga o Plano Piloto à Ceilândia e Samambaia. Esta linha não está acabada. Para completar, se faz necessária a sua expansão até o final da Asa Norte com oito novas estações. Do lado de Samambaia e Ceilândia faltam, em cada via, duas estações. A expansão dessas duas linhas está prevista na verba do PAC da Mobilidade a ser custeado pelo governo federal. No plano Piloto, apenas uma estação, a do Setor Comercial Norte, está prevista de ser executada. Até agora, contudo, nenhum sinal do edital de licitação. A morosidade parece ser a marca dessa administração do GDF.
Além destas obras, nesta linha 1 do metrô, ainda precisam ser finalizadas três estações no Plano Piloto – a da 104 Sul, a do Cine Brasília, na 106 Sul, e do antigo cine Karim, na 110 Sul. No percurso até Taguatinga também foram abandonadas as estações “Estrada Parque”, em Águas Claras, próximo à faculdade Processus, e a Oynoyama, no parque homônimo. Por uma questão de mobilidade e civilidade humana, creio que deveriam ser criadas ainda uma estação em frente ao Hospital de Base e outra em frente ao Hospital Regional da Asa Norte – HRAN. Os pacientes agradeceriam.
As duas outras linhas estão apenas no papel. A linha 2, denominada Inter-satélites, interligaria Ceilândia, Samambaia, Taguatinga Norte, Recanto das Emas, Riacho Fundo 2, Gama e Santa Maria. A interligação dessa linha 2 à linha 1 aconteceria no Setor O de Ceilândia e em Taguatinga, nas estações Praça do Relógio e Taguatinga Sul, permitindo que todos os moradores pudessem usufruir da comodidade de um transporte confortável, seguro e confiável que é o metrô.
A Linha 3 partiria de uma estação comum à linha 2, na altura do Balão do Periquito, na confluência de Gama, Recanto das Emas e Riacho Fundo II. Ela atenderia parte do Park Way, Núcleo Bandeirantes, Candangolândia, Octogonal, SAI, Sudoeste, Cruzeiro e, na altura da antiga rodoferroviária, desceria, pelo Eixo Monumental, até a Praça dos 3 Poderes.
Mais recentemente, em 2007, foi elaborado o projeto do que seria a Linha 4 do metrô, ligando a Asa Norte, na altura da Ponte do Bragueto – onde estariam as estações finais do VLT e da linha 1 do metrô – a Sobradinho, aos condomínios do Colorado e a Planaltina. Este projeto com a atualização do plano estratégico de transportes do DF, está guardado em alguma gaveta do Buriti.
A execução destas linhas retiraria em muito o trânsito de carros pelas vias do DF, eliminando, inclusive, a necessidade de ampliação de diversas estradas e vias.
A este sistema de metrô com três linhas se somaria a linha do VLT. Partindo do Aeroporto Internacional de Brasília, ele teria ponto final no Estádio Mané Garrincha- conforme prometido no caderno de obrigações da FIFA -, com paradas no Jardim Zoológico, Estação Rodoviária, Estação de Integração no Setor Militar Urbano, além de percorrer toda extensão da avenida W-3 Sul. Numa segunda etapa chegaria às proximidades da Ponte do Bragueto, na Asa Norte.
O projeto de mobilidade urbana de Brasília contaria ainda com duas linhas de Veículos Leves sobre Pneus. Uma espécie de ônibus elétricos, que circulariam inicialmente em dois eixos: o da Estrada Parque Taguatinga e o da BR-40. No primeiro trajeto, ele usaria a EPTG adaptada para seu uso. No segundo, a mesma filosofia. A linha interligaria o Gama e Santa Maria ao Plano Piloto e contaria com interligações ao sistema metroviário.
Com a introdução de todo este projeto a frota de carros circulando no DF, que em abril passado era estimada em 1.370.251 carros – sem contar os que são emplacados nos municípios do Entorno – e que tem crescido igual criação de coelho, a uma velocidade de quase 7% ao ano, e que agora conta com o incentivo do IPVA zero para abarrotar ainda mais as nossas vias – se reduziria substancialmente, pois o brasiliense poderia contar com um serviço de transporte público eficaz, confortável e confiável.

Mas tudo isso foi para o lixo.
As duas linhas de VLP vão ser exploradas pelos bons e velhos ônibus a diesel, montados sobre chassi de caminhões, sem qualquer conforto. A única diferença é que circularão por vias expressas – que deveriam ser dos VLPs – e por isso terão portas do lado esquerdo, pois as estações serão edificadas no que é hoje o canteiro central das vias.
A tecnologia dessas vias é a mesma desenvolvida na década de 80 para cidades como Curitiba e Goiânia e já se encontram defasadas. Até mesmo estas estações já estão superadas. Elas foram boladas para garantir a possibilidade de baldeações com outras linhas – a chamada integração – sem o risco de penetras entrarem nos ônibus sem pagar. Hoje, estas estações são substituídas por cartões magnéticos ou eletrônicos, onde o sistema informatizado verifica se o passageiro precisa ou não pagar novo bilhete. Bem mais prático e barato. Mas às empreiteiras da construção civil o importante é construir as paradas.
Cidades como Quito, capital do Equador, que utilizam o sistema de ônibus BRT, priorizado agora por Agnelo Queiroz, já estão migrando para o metrô, pois o sistema não dá a vazão necessária. Quito tem uma população próxima à de Brasília, mas uma frota de carros equivalente a um terço da candanga. Até mesmo Curitiba já está construindo linhas de metrô no mesmo trajeto onde antes passavam linhas expressas de ônibus.

Nem mesmo a recente visita que o governador Agnelo fez a uma fábrica chinesa de ônibus elétrico foi suficiente para que ele garantisse um salto de qualidade no transporte da capital. Pelo edital de licitação, recentemente lançado para renovar a frota de ônibus da capital, os novos ônibus serão mais do mesmo. Não há previsão do uso da energia elétrica como combustível. Nem mesmo se cogitou o uso de gás natural – que já chega a Brasília via gasoduto de Petrobrás – mais barato, mais econômico e menos poluente.
Para a alegria das montadoras, a quantidade de ônibus circulando na capital terá que ser bem maior. Os ônibus têm capacidade limitada para atender a demanda de passageiro. No eixo Gama-Santa Maria-Plano Piloto, nos horários de pico, ela é estimada em 24 mil passageiros/hora. Já no Eixo Ceilândia, Taguatinga, Samambaia-Plano Piloto, a estimativa é de 80,2 mil passageiros/hora.
Enquanto uma composição do metrô transporta em cada viagem 1.340 passageiros e o VLP é capaz de transportar 250 passageiros, os ônibus transportam apenas 70 passageiros e, se forem articulados, 120 passageiros. Numa conta simples, serão necessário dez ônibus articulados para transportar o mesmo volume de gente de uma viagem de metrô. Mais ônibus nas ruas significa trânsito pesado, necessidade de ampliações da malha viária e, é claro, a alegria de um segmento empresarial que em Brasília nunca se preocupou com a qualidade do transporte coletivo.
Vitalização da W.3 Sul
Ao abandonar o projeto de VLT, Agnelo joga ainda um balde de água fria nos empresários e moradores da W.3 Sul. Desde o governo do general Médici, na administração do coronel, Hélio Prates da Silveira, que fechou os estacionamentos e, à época, proibiu que taxis parassem ao longo da avenida, que a W.3 vê sua decadência crescer a cada dia. No primeiro governo Roriz, uma chama de esperança se acendeu quando a idéia do metrô era passar ao longo da W.2, entre as quadras 300 e 500. Mas forças ocultas mudaram o trajeto para o Eixão, onde ninguém mora e seria necessário andar muito até chegar a uma estação. Ganharam os empresários dos ônibus, sempre bem próximos ao poder.
O VLT e a conseqüente retirada dos ônibus daquela avenida deixariam o trânsito mais humanizado, moradores – hoje massivamente idosos – poderiam se deslocar pelo Plano Piloto sem a necessidade de retirar seus carros de casa ou se enfronhar em ônibus superlotados. Com um transporte limpo e silencioso, supermercados, lojas de departamento, inclusive bares e restaurantes poderiam voltar ao local, hoje, uma espécie de gueto brasiliense.
A desculpa oficial é que as obras não ficariam prontas a tempo da Copa do Mundo ou a das Confederações. Esta desculpa já foi usada por Agnelo para não executar integralmente a obra do VLT. No início do ano, em entrevista a um noticiário matutino de uma rádio da cidade, Agnelo, disse que iria licitar apenas o primeiro trecho, entre o Aeroporto e a estação de integração, próxima ao zoológico, para que não houvesse canteiros de obras abertos quando da chegada dos turistas. Na ocasião, não havia mais nenhum impedimento judicial sobre a obra, bastaria lançar um novo edital. A morosidade mais uma vez reinou no GDF- isso se não tiver sido proposital – e a licitação nunca saiu. Agora, em apenas 20 dias a contar da assinatura do convenio com o ministério das Cidades já se saberá quem é a empresa vencedora da linha expressa de ônibus. Quanta eficiência!
Estas linhas expressas de ônibus, além de obsoletas trazem outro mal a Brasília. Nossas Estradas Parques – que levam este nome por serem cercadas de verde – estão desaparecendo, dando lugar ao asfalto e ao cimento. Logo, logo, teremos problemas de drenagem das águas das chuvas, como acontece em São Paulo. Com tudo pavimentado, a água não penetra no solo. Redes de galerias de águas pluviais terão que ser redimensionadas – mais gastos! – para dar vazão aquela água que poderia ter sido absorvida pela natureza. A EPTG remodelada já deu sinais de pontos de inundação.

Áreas que hoje abrigam a vegetação natural e nascentes de rios e riachos que abastecem o Paranoá também estão na mira dos tratores do GDF. Com a desculpa que irá aliviar o caos no trânsito dos quem vem de Planaltina e Sobradinho, das pranchetas dos engenheiros e urbanistas de Agnelo saiu o projeto de um verdadeiro crime ambiental. O projeto prevê a construção de um novo acesso ligando Sobradinho ao Plano Piloto. Só que para isso, seria necessária a construção de uma verdadeira auto-estrada atravessando extensa área de preservação ambiental, o Parque das Nascentes, perto da recém inaugurada Torre Digital.
Pela proposta, a via atravessaria a Serrinha do Paranoá, o núcleo rural Jerivá e afetaria o Parque das Nascentes. De tão importante para o ecossistema do DF, este local foi escolhido, em 2011, para se comemorar o Dia do Cerrado. O Córrego do Jerivá é um dos afluentes que alimentam o Lago Paranoá, pelo lado Norte. Estes córregos e os Núcleos Rurais, ao longo dele, são responsáveis pela manutenção da boa qualidade da água do Lago. Os núcleos rurais localizados na Serrinha do Paranoá, bem como suas áreas adjacentes, são responsáveis pelo Corredor de Biodiversidade que une as áreas protegidas do Jardim Botânico, a reserva do IBGE e a Fazenda Água Limpa, da UnB, com o Parque Nacional, onde fica a Água Mineral.
Também as margens do lago Paranoá seriam afetadas. O projeto prevê a construção de duas pontes no Lago Norte: uma entre as proximidades do Centro Olímpico da Universidade de Brasília e a Península do Lago Norte e a outra entre a península e o Setor de Mansões do Lago Norte.
Há muitas décadas, a comunidade do Lago Norte se opõe à construção de pontes interligando a Península do Lago Norte e o Plano Piloto. Temem o afluxo de veículos em uma região residencial e acreditam que mais uma porta de entrada na Península do Lago Norte colocará em risco a segurança do bairro. Com uma única entrada e saída – próxima à ponte do Bragueto -, o local é de fácil controle policial. Basta fechar a única passagem e ninguém poderá sair ou entrar. Estrategicamente, já existem delegacia e posto policial nas imediações.
Essas mudanças de rumo adotadas pelo governo Agnelo, substituindo alternativas de tecnologia avançada e limpa por sistemas de transporte ultrapassados e poluentes estão na mira do Ministério Público. Além disso, o Superior Tribunal de Justiça autorizou a investigação do governador Agnelo por supostas ligações com Carlinhos Cachoeira. Nas gravações feitas pela Polícia Federal Cachoeira demonstrou interesse na chamada bacia 1, que representa o transporte em ônibus entre Taguatinga, Ceilândia e Plano Piloto, bem como, na bilhetagem eletrônica do sistema.
A dúvida que fica é se a Justiça e o MP vão ser ágeis o suficiente para evitar que obras desnecessárias tenham início, evitando desperdício de recursos públicos, e se terão êxito em fazer com que o GDF volte aos trilhos.
Que bobagem! A mobilidade urbana já está garantida pela Ciclovia Tabajara do Agnello. Quilômetros e quilômetros de uma caminhozinho cimentado, fadado a se esburacar e virar calçada de pedestre, tal o estado destas.
Eu usei muito o bonde de Barcelona da foto, entre o Parc Olimpic e o Poblenou.
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Tem muita coisa escrita no seu texto que foi colocada em ritmo de verdade absoluta, quando, na verdade, entra para o campo das conjecturas e especulações sobre o futuro do nosso transporte. o VLT nem de longe seria a solução para aquela região, já que trás, também, alguns contratempos – como o bloqueio de alguns retornos na via, complica o acesso às W4 e W5, diminuição de algumas poucas vagas de estacionamento e morte de muitas árvores-, mas, caso sua retirada exista para a manutenção dos ônibus à diesel, a coisa tende a complicar bastante, de fato. Entretanto, com excessão de algumas ideias, este texto foi o melhor que li nos últimos anos sobre nosso transporte público. Parabéns.
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Caro Alencar.
Inicialmente grato por seus comentários. De fato, o VLT implica em impactos onde quer que veha se instalado. Como você, não gostaria de ver as árvores do canteiro central da W.3 aniquiladas. E defendo a idéia de que o VLT pode usar a via da direita da avenida, hoje exclusiva para ônibus. Com a retirada dos ônibus da W.3 o espaço podemuito bem ser ocupado pelos VLTs. Não concordo,contudo, com você dizer que vai impactar os cruzamentos.O VLT mpacta tanto quanto os ônibus ou carros de passeios. Embora o melhor seja que ele tenha um fluxo livre, ele pode perfeitamente parar nos sinais fechados, como acontece em países europeus, em cidades milenares, onde o espaço das vias sãomínimos.
Mas o VLT, como deixei claro no artigo, seria uma grande contribuição para a melhora dos níveis de poluição naquela localidade e um passo grande a melhoria da qualidade de vida da nossa cidade. E o mais importante, um passo para ficarmos livres dessa categoria de empresários do transporte coletivo que ficam mais tempo nas páginas policiais da nossa imprensa do que nos demais espaços jornalísticos.
Grato, mais uma vez pelo seu comentário e se julgar procedente, compartilhe este texto com seus amigos.
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Claro, entendo bem o seu ponto de vista. É sim um grande retrocesso desistir do VLT para dar lugar ao “canhedismo” local. Mas, não esqueçamos que o local escolhido para o projeto original do VLT não segue as mesmas caracaterísticas que fizeram deste modal de transporte uma referência urbana muito interessante: O VLT, onde quer que tenha dado certo, tem, fundamentalmente, caracterísitas de transporte de turismo. Os grandes centros que o adotaram fizeram isso a contragosto da população, que depois veio a apoiá-lo. O local ideal para o VLT seria o Eixo Monumental. Ou, Eixo Monumental e W3. Em contrapartida, ele pode ser a “energia limpa” que falta para a revitalização do comércio da W3 – outrora o mais aquecido de todo o DF- e junto com a integração dos sistemas de transporte, desafogar toda a região. A ideia original é (era) fazer todos os ônibus se integrarem ao VLT. E sim, o VLT abre o trânsito ao interagir com o mesmo. Quanto a poluição, de fato toda ajuda é ajuda, mas nosso nível de arborização na região, que é bem acima do padrão recomendado pela OMS, atenua consideravelmente tal problema. Claro, não devemos deixar de melhorar isso.
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Artigo sobre transporte público é bom em parte. VLT não é a solução para o nosso carente transporte público de massa para Brasília, DF e Entorno. Precisamos, sim, mais linhas de metrô e trens regionais integrados ao metrô para atender a varias cidades do D.F. O lento bonde moderno e esse trem de Luziânia a Brasilia não preencherão a lacuna de novas linhas do metrô e trens regionais integrados. VLT não responde à necessidade de transporte de massa rápido. Nós não somos turistas para aguentar essa baixa velocidade do bonde.
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Josias, você tem razãoao dizer que este ou aquele moldal (como os técnicos gostam de chamar os diferentes tiposde sistema de transporte) vai resolver o problema de Transporte coletivo de Brasília. Na verdade, a soluçãopassa pelo o uso das diferentes técnicas. O que não se pode pensar é que ônibus carregando pessoasnuma distância de 30 oumais quilômetros irá dar o conforto e a vazão necessários aos passageiros de Brasília. Distâncias como Entorno, Santa Maria e Gama, com a quantidade de pessoas que usam o transporte só serão alcançadas com trem 0 que na verdade éummetro de superficie.Uma viagem de trem/metrô ou mesmodo VLT, dependendo do tamanho, pode transportar o equivalente a 10 ônibus.
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Esse Agnelo… Rs… Está perdendo uma chance única (digo única porque só mesmo acontecendo uma verdadeira tragédia eleitoral em 2014, ele ganhará o próximo pleito ao Buriti) de ser um governador de mudanças, de realizações, num ciclo de copa do mundo. Haveria vitrine melhor para um governo do que todo esse cenário? Na verdade, Agnelo é mais um gestor a marcar negativamente o já sofrido histórico político-administrativo da capital, porém, graças a Deus, com prazo de validade definido. Não sentiremos saudades.
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Concordo com você Marcelo.
O estádio está consumindo RS 1 bilhão e vai se transformar em um monumento a ineficiência administrativa. Se desse uma guinda no transporte da cidade, com a expansão do metrô e implantação do VLT e dos VLPs, ficaria pra história como aquele que acabou com a mafiado transporte coletivo no DF. Mas ele quer ficar na história com outra imagem.
Quem paga a conta somos nós.
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Uma coisa que me entristece sobre o estádio de R$ 1 bilhão: Ele tem MUITOS certificados internacionais de sustentabilidade que deveriam torná-lo, em teoria, bem mais barato. Além de outro fato interessante: A demolição do antigo estádio foi feita por empresa pública. Mesmo com tantas oportunidades de fazê-lo mais barato, olha para onde está indo o orçamento…triste. Aliás, deveriam ter feito investimento na cidade satélite do Gama, onde há o único estádio padrão FIFA do Brasil, até agora. Fica a menos de 30 Km do Aeroporto e serviria de estádio para treinos. A cidade cresceria e deixaria de ser tão marginalizada pelo centro do DF, por conta da distância do centro e da proximidade com o violento entorno.
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Orgulho de ser brasiliense está se esvaindo !!! Parabéns Chico pela matéria, retrato da desgovernança partidária !!!
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Chico Santana, um cara respeitável como você defender a gentrificação eterna do Lago Norte, ressoando os argumentos das madames que temem o afluxo das “hordas de bárbaros” do Itapoã e Paranoá? Graças às pontes, talvez essa “gente diferenciada” venha fazer espetinho dos pulldolls e cocker spaniels das dondocas? O mesmo argumento de segurança foi intensamente utilizado nos anos 80 por moradores do Plano Piloto, contra o projeto do metrô que você corretamente defende. Isso também reflete o mesmo preconceito que foi tão vaiado em Higienópolis, onde moradores tentaram combater a instalação do metrô, e estou certo de que não deveria ressoar nos artigos de um formador de opinião esclarecido como você. A região norte do Distrito Federal precisa de novas conexões com o Plano Piloto, e vá lá criticar as opções que estão sendo feitas na marcação dos trajetos, mas não dá para prescindir da utilização da península norte como apoio dessas conexões – até mesmo para a comodidade dos moradores do Lago Norte, que se forem pesquisados nas quadras mais afastadas, provavelmente vão se mostrar com opiniões mais heterogêneas do que você imagina quanto à construção das pontes.
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Caro Leonardo
Vivo aqui em Brasília desde 1958. Ao longo da vida, vi na cidade ruas que eram mão e contra-mão virarem duas vias de sentido inverso, depois duplicaram e triplicaram as faixas de rolamento. No governo Arruda, comeram os acostamentos de muitas vias para viabilizar mais uma faixa de rolamento para carros. Tudo isso nunca representou uma solução definitiva para o trânsito de Brasília. O erro está na raiz. Não adianta ampliar as faixas de rolamento ou construir novas vias, como esta passando pelo Lago Norte e em outras áreas de preservação ambiental, pois em pouco tempo estarão engarrafadas.
Brasília tem que acabar com a visão egoista de um carro, um passageiro e investir em transportes públicos de qualidade, conforto, acessibilidade, pontualidade.
Caso contrário, logo logo seremos mais uma paulicéia desvarirada.
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Em primeiro lugar, Chico, parabéns pela iniciativa de promover um debate sobre o tema do transporte público. Em Brasília, discutimos muito pouco a cidade. E, quando o fazemos, é com mais paixão do que informação. Me preocupo também com o eterno adiamento da construção do VLT. Fiquei muito tempo sonhando em ver nossas ruas livres desses ônibus feios, velhos, poluentes e barulhentos. Não sei bem como, mas poderíamos fazer alguma campanha a favor da retomada do projeto do VLT. O governo local precisa saber que existem pessoas preocupadas com o futuro de Brasília que merecem ser ouvidas e respeitadas.
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Marcos
Creio que todos sonham com um transporte coletivo de qualidade e conforto, como são os VLTs. Mas a pressão dos lobbies favoráveis ao velho e ultrapassado ônibus a diesel é grande. Grande nacionalmente, pois envolve montadoras poderosas e forte localmente, pois envolve os principais financiadores de campanha da cidade.
Para demover esta postura do GDF só mesmo uma grande pressão popular, como você sugere.
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Muito bom o texto, Chico! Essa história de derrubar as árvores da W-3 para fazer VLT foi um dos maiores equívocos que já ouvi “ventilarem” por aqui. Claro que o VLT deveria entrar no lugar dos ônibus. Seria, definitivamente, a melhor solução para o fluxo ao longo das Asas Sul e Norte. Acho mesmo que o VLT deveria fazer as vezes da antiga linha “Grande Circular”, ligando W-3 Norte e Sul com L-2 Norte e Sul e região central do Plano, passando pelos hotéis, shoppings, atendendo aos estudantes ao longo das W-4 e 5 e L-2.
Pelos meios das Asas, via Eixo Rodoviário, ficaríamos com nosso metrô, que na verdade é muito mais um trem suburbano subterrâneo do que um metrô stricto senso – que pressupõe um fluxo maior e mais variado nas estações do que efetivamente acontece.
Defendo que fazendo assim, retiremos os ônibus todos do Plano Piloto. Os ônibus, VLPs ou o que seja chegariam somente até as pontas das Asas Sul e Norte, vindo de arredores e satélites. De lá, a alternativa seria baldeação para Metrô (trem suburbano, seja para ir para o centro, descer ao longo do eixo rodoviário ou ir para satélites) ou VLTs (para circular efetivamente pelo Plano Piloto). Ou ainda, claro, ciclovias, com bicicletas para alugar e vestiários com chuveiros e armários nessas estações de baldeação, nas pontas das duas Asas (poderiam existir também na Rodoferroviária e nas proximidades da Praça dos 3 Poderes, levando em conta o adensamento que acontece de forma cada vez mais intensa no eixo criado pela Ponte JK em direção a estrada para Unaí).
Teríamos ainda que definir o melhor meio de transporte coletivo para atender o eixo monumental, da Praça dos 3 Poderes até a Rodoferroviária, que deverá ser reativada no futuro próximo como estação de trem – já temos previsão de trens para Luziânia e para Goiânia, pelo que tem sido veiculado pela mídia do DF. Penso que a melhor opção seria outro VLT para o Eixo Monumental, atendendo estádio, hotéis, monumentos do roteiro cívico, shoppings, etc.
Por último, para esgotarmos as soluções que poderiam equacionar de vez o transporte coletivo urbano no Plano Piloto de Brasília – que deveria nessa altura do campeonato servir de modelo e exemplo para todo o país em termos de soluções de mobilidade urbana, mas estamos bem longe disso – precisamos de uma solução para o deslocamento leste-oeste nas duas Asas. Para esse caso, penso que a solução seria reativar os antigos zebrinhas (micro-ônibus) e/ou utilizar vans, otimizando percursos e buscando eficiencia e qualidade no serviço, com assentos confortáveis, ar condicionado, pontos de parada cobertos e acessíveis a todos. Lembrando sempre dos passageiros com necessidades especiais, que devem também ser contemplados num modelo como esse.
Quem sabe um dia?…
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Cesar, seu comentário e suas sugestões são bastante pertinentes, mas isso esbarra em algo que talvez levemos mais 500 anos para superar: moralidade político-administrativa, gestão responsável dos recursos públicos, cessação da sangria de dinheiro promovida pela corrupção e o mais importante: a consciência cívica e cidadã que faça com que eleitor valorize seu voto. Sem estas mudanças, nossos netos, ou bisnetos ainda terão que se apertar em ônibus sucateados ou sonhar com um metrô que atenda todas as cidades do DF.
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Sobre o Metrô parecer mais um trem suburbano:
O Fluxo de usuários está bem alto no horário de pico, apesar do constante mau hábito de alguns permanecerem junto às portas, dificultando a entrada e a saída do trem – tanto interna quanto externamente-, enquanto na parte mais interna do trem, alguns tem quase meio metro quadrado para seu conforto pessoal.
Quanto à problemática do fluxo de usuários no sistema do Metrô-DF, a grande falha do sistema é ter gente de mais no horário de pico e trens quase vazios no contrafluxo desse horário, além de trens muito vazios no horário de vale. Essa ineficiência, em parte, é por conta de não haver uma integração total com outros modais de transporte. Temos uma Estação Estrada Parque que nem foi inaugurada e já precisa de reforma, às margens da temível e lotada EPTG. Outro ponto crítico é a não construída Estação Onoyama, que fica bem próxima à Chácara Onoyama e ajudaria de mais a desafogar aquela área. Outra situação bizarra é a da Estação Asa Sul, próxima à 1ª DP. Estação grande, que virou um estacionamento de luxo para o “canhedismo” local. Integra o nada ao lugar nenhum e é mantida, na parte de limpeza e manutenção, pelo próprio Metrô. Mas não passa de um estacionamento de luxo para o lixo que chamamos de ônibus em Brasília.
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Texto excelente. Acho que o que algumas pessoas que comentaram e não entenderam, como criticar o fato de alguns moradores do Lago Norte não quererem a construção de uma nova ponte, é que tudo está sendo pensando para aumentar o número de veículos, e não uma de uma forma que diminua a frota.
Tenho muitas desconfianças sobre a ciclovia que está sendo construída. Será que concreto era a melhor solução de material? Já tem lugares nela que estão esburacados.
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Caro Marcus
Grato por suas considerações. Se você quiser documentar os estragos nas ciclovias com fotos e informações, o blog está aberto a estas contribuições.
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A questão é exatamente esta, Marcus. Não adianta criar mais via e vias, se não houver uma solução massiva de transporte. Com 15 mil carros novos a cada mês nas ruas da cidade, não haverá ampliação de ruas que dará conta de tudo isto.
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Ótimas idéias e projetos para a solução do transporte público em Brasília!!!! E a topografia da cidade é perfeita para a viabilização dessas idéias. Pena que Brasília é refém da máfia dos ônibus que financia a campanha dos políticos interesseiros que andam por aqui…..
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Eh uma pena mesmo. Transportes poderia ser um diferencial positivo em Brasilia.
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Chico, parabéns pela abordagem de valioso tema – transporte coletivo (rodoviário X ferroviário).
Eh lamentável e vergonhoso que numa cidade, moderna, premiada por seu urbanismo inovador, capital do país se tenha governantes (nos dois níveis) e empresários tão descompromissados com a população, meio ambiente, modernidade. Assunto que envolve patrimônio público e patrimônio cultural.
O Distrito Federal, continuará priorizando a pior tecnologia de modal rodoviário. A verdade não é levada a sério. …
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Prezado Chico
Acredito que mora no Lago Norte, ou defende os mais privilegiados.
Vamos deixar a hipocrisia de lado, uma via cortando o Lago Norte até Sobradinho não vai causar tanto problema assim para os moradores de Sobradinho e arredores, pelo que escreve, somente para o Lago Norte…
Constrói a rodovia e planta-se 10 arvores para cada uma retirada durante a construção da mesma.
Também não afetariam áreas que hoje abrigam a vegetação natural e nascentes de rios e riachos da área, já passei por lá algumas vezes e o que cresce é o número de residências, no local entre o Lago Norte e Torre Digital. O que não pode é criar novos condomínios na área.
Quanto as outras coisas que escreveu concordo.
Parabéns
Odair
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Caro Odair Freire
Me permita dizer que você esta duplamente enganado:
Nao moro no Lago Norte, nem nunca morei, nem estou defendendo as elites.
Fazer uma estrada do porte de uma Epia ou Eptg cortando areas de preservacao ambiental e a propria area residencial do Lago Norte podera até trazer um alivio momentaneo, mas nao sera a solução dos problemas mobilidade no DF.
A cada mes, 10 mil novos carros passam a circular no DF. Esta via, alem de ficar superlotada logo, ira jogar uma massa de carros na L.4 Norte, que ja tem um fluxo enorme de carros.
Brasilia requer hoje sistemas de transportes massivos eficientes, como metro, VLT e Trem Regional.
É isso que eu defendo.
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Caro Chico
Obrigado pela resposta, concordo contigo em quase tudo, menos a rodovia e ponte do Lago Norte.
Desculpe sou defensor da criação desta rodovia, sabemos que o Governo vai continuar defendendo os corredores de ônibus, privilegiando os donos dos mesmos e o consumo de combustível. Ai concordo 100% o que escreveu (uma submissão aos empresários que monopolizam o transporte público na capital e que teriam muito a perder com a introdução das duas novas linhas de metrôs, com o VLT e os VLPs.)
Assim vejo que continuarei no futuro tendo que levar meu filho para a Escola/Faculdade pois ele tem problemas em andar em pé por muito tempo. O que irão fazer, não vai ajudar muito.
O Eurotúnel, São 31 milhas de extensão e 150 pés de profundidade abaixo do nível do mar, ligando França e Inglaterra. Aqui não se conseguiu nestes anos todos chegar com o metrô até a ASA NORTE.
Desculpe não concordar 100% contigo, continuo te admirando.
Sucessos, hoje, amanhã e sempre.
Odair
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Odair
É exatamente neste ponto que acho que o governo do Distrito Federal está errado. Os corredores de ônibus não darão vazão à necessidade de transporte que a popuçaão do DF necessita. Cidades como Buenos Aires, Quito e Bogotá que, no passado adotaram sistemas iguais ao BRT, já estão priorizando o transporte sobre trilhos.
Morei na França quatro anos. O Eurotunel é deficitário. O grande fluxo de pessoas e cargas ainda se dá por avião (mais barato) e por via marírima.
As eleições estão chegando, acho que você deve procurar conhecer alguém que priorize o transporte sobre trilhos. Os projetos estão feitos. Dinheiro para a expansão do metrô e instalação do VLT foram liberados pelo governo federal, em 2009. Mas o GDF de Agnelo prefere ônibus com tecnologia dos anos 60.
E, por favor, continue lendo o blog e debatendo. A troca de idéias é fundamental.
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Bom dia Chico
Tenho recomendado seu blog, para os que moram e não conhecem Brasília.
Parabéns, pelo trabalho de utilidade pública.
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Odair Freire
Muito grato pela gentileza.
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Excelente matéria.A solução para o transporte público de Brasília e da maioria das grandes capitais brasileiras passa pelo investimento maçisso em transporte sobre trilhos ,como metrô convencional,trens urbanos ,bondes tipo VLT.Os corredores de ônibus tipo BRTS são bons ,mas só servem como complemento.Eles nunca vão tranportar a mesma quantidade de pessoas que o metrô.Sou de São Paulo e moro em Brasília há 15 anos e vejo o trânsito só piorar.Enquanto o DF não se livrar da máfia dos ônibus, emcampando as concessões, não vai ter jeito.Eles adquiriam muito poder e não tem saída, a não ser uma reeestatização do sistema.Com o poder que têm ,inviabilizam as soluções em outros meios de transporte.Como princípio ,eu sou contra a reestatização,mas a situação do DF e de outras capitais é tão precária, que isso acaba sendo uma “saída” até para não boicotarem investimentos em outros meios de transporte mais eficientes.
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