Ugo deixou a secretaria de Comunicação do GDF ao saber que Agnelo escolhera André Duda, ex-assessor de Roriz e de Arruda, para cuidar da publicidade governamental

Por Chico Sant’Anna

A Chapa “Queremos de volta um PT de lutas”, que disputa a presidência do diretório regional do Partido dos Trabalhadores no DF – PT/DF, e que é encabeçada pelo jornalista Beto Almeida, lançou forte crítica à decisão do governador Agnelo Queiroz em nomear o jornalista André Duda para secretário de Publicidade do GDF.

Agnelo Queiroz (PT) desistiu de promover a fusão das secretarias de Comunicação e Publicidade e convidou para chefiar esta última o jornalista André Duda. Duda que já foi assessor de Joaquim Roriz, de José Roberto Arruda e de Rogério Rosso, teve sua trajetória como jornalista destacada quando atuou na TV Globo como repórter e como apresentador de telejornal.

Segundo o noticiário da imprensa local, o mercado publicitário, vê a chegada de André Duda na publicidade governamental com otimismo, porque “ele tem experiência, trânsito e entende bem os trâmites relacionados aos veículos de comunicaçã”o. Em outras palavras, a chave do cofre deverá funcionar com mais agilidade, liberando mais verbas para a mídia e para as agências de publidade. Duda deve administrar uma verba superior a 150 milhões de reais. E sua presença é vista como estratégica no ano das eleições em Brasília.

Segundo o jornalista Leonel Rocha, da revista Época, o André Duda “é um especialista em sobrevivência”.

“Desde 2002, ocupa o cargo de secretário de Comunicação ou de interino do posto em todos os governos do Distrito Federal.Distrito Federal. Começou na gestão do ex-senador Joaquim Roriz – que renunciou ao mandato no Senado para não ser cassado após uma negociação suspeita com um empresário. Na gestão Roriz no governo do DF, Duda era o adjunto do ex-secretário Wellington Moraes. Com a eleição de José Roberto Arruda, Duda continuou na posição, mantido por Moraes. Arruda terminou preso, junto com Wellington, e renunciou ao cargo com o vice-governador Paulo Octávio. Mas Duda permaneceu com o interino Wilson Lima e, depois, no mandato tampão de Rogério Rosso, todos ligados a Roriz e Arruda. Agora Duda foi convocado para assumir a gestão da verba de publicidade do governo do petista Agnelo Queiroz. Duda vai administrar uma verba anual de R$ 150 milhões. Sua contratação provocou a demissão do porta-voz Ugo Braga” – escreveu Leonel Rocha.

Ao desistir da fusão das secretarias e convidar André Duda para substituir o ex-secretário de Publicidade Abimael Nunes,Agnelo gerou uma crise interna no GDF, já que tornou insustentável a presença do jornalista Ugo Braga no cargo de Secretário de Comunicação. Ugo Braga – que veio da equipe do senador Gim Argelo, suplente de Joaquim Roriz, no Senado Federal – resolveu apresentar imediatamente seu pedido de demissão e será substituído pelo atual subsecretário Rudolfo Lago. Pelo perfil de André Duada, não é de todo descartada a hipótese que ele assuma as duas secretarias: Comunicação e Publicidade.

Chapa que disputa o comando do PT-DF, encabeçada pelo jornalista Beto Almeida, condena escolha de Agnelo, que optou por um ex-assessor de Roriz e Arruda para gerir a publicidade do GDF.

É contra este perfil de administração da Comunicação Pública do GDF que a Chapa “Queremos de volta um PT de lutas” se rebela. Em nota oficial, afirma que “a escolha indica uma opção por uma política de comunicação tradicional e já praticada nos governos anteriores, o que nos leva a enxergar na atitude do PT-DF uma alienação em relação ao tema comunicacional, bem como uma constatação da ausência de protagonismo do partido na definição dos rumos centrais da política do GDF, entre eles a comunicação. Sequer houve a preocupação de dialogar com o Núcleo de Comunicação e Cultura do PT-DF, um dos poucos em funcionamento hoje.”

A íntegra da nota pode ser conferida abaixo.

Nota Oficial

A Chapa “Queremos Volta do PT de Lutas”, recebe com apreensão e indignação o silêncio e o conformismo do PT-DF ante a decisão do Governador Agnello Queiroz de nomear para o cargo de Secretário de Publicidade do DF, o jornalista André Duda, que também atuou como assessor de comunicação dos governos Roriz, Arruda e Rosso e que agora passa a comandar uma verba estimada em 150 milhões de reais.

Cremos que a escolha indica uma opção por uma política de comunicação tradicional e já praticada nos governos anteriores, o que nos leva a enxergar na atitude do PT-DF uma alienação em relação ao tema comunicacional, bem como uma constatação da ausência de protagonismo do partido na definição dos rumos centrais da política do GDF, entre eles a comunicação. Sequer houve a preocupação de dialogar com o Núcleo de Comunicação e Cultura do PT-DF, um dos poucos em funcionamento hoje.

Exatamente quando Lula transmite um dos últimos desejos de Gushiken – que em seu leito de morte pediu para que não se deixe o partido morrer e que partido tem que mobilizar o povo 24 horas por dia – vemos que o PT-DF, apesar de ocupar duas vezes o Buriti, não consegue sequer ter uma comunicação própria, nem um jornal de distribuição gratuita, como tantos que há por aí, para informar, educar e mobilizar a população em defesa de suas causas e bandeiras.

A falta de iniciativas do partido deixa um vazio que faz com que o GDF se sinta à vontade para convocar ao seu secretariado exatamente os que foram responsáveis por uma política de comunicação de ataque incessante e demolidor contra o PT, sua história, seus militantes e suas idéias. Estão convocando, com o silêncio do PT-DF, os que fracassaram na tentativa de destruir o PT, partido que mais cresce e mais apoio tem em nível nacional e que promove transformações sociais para fazer do Brasil um país sem miséria e com justiça social. Um projeto que precisa continuar.em todo o Brasil, inclusive no DF.

Aproveitamos o ensejo para afirmar nosso compromisso para dotar o nosso partido de uma mídia própria -conforme tem reivindicado o próprio Lula – criando consciência e mobilização para expandir a comunicação pública no DF, inclusive com a criação de uma TV Pública Distrital, baseado nas prerrogativas da Lei do Cabo, incorporadas à lei 12485, que prevê um canal televisivo para o executivo distrital. Se tivesse sido animado e encorajado pelo PT-DF nesta causa, e com investimentos muito modestos, ínfimos se comparados aos gastos com publicidade, o GDF já teria hoje o seu próprio canal de tv, reduzindo a dependência relativa à mídia tradicional e ampliando a luta pela regulamentação democrática da mídia, apesar dos inimigos desta tese que estão em seus quadros. 

Chapa “Queremos de volta um PT de lutas”

Concorrente ao Diretório do PT-DF.

Brasília, 17 de setembro de 2013