Embora seja um patrimônio cultural da humanidade, Brasília ainda é muito desconhecida no cenário do turismo internacional. Poucos são os vôos internacionais que chegam diretamente à cidade e, em muitos casos, as operadoras de turismo potencializam destinos como Foz do Iguaçu, Salvador, Rio de Janeiro e a Amazônia.

Este comportamento do mercado operador do turismo acaba influenciando, também, o comportamento editorial da grande mídia, seja ela nacional ou internacional. Agora, com a ajuda da internet e das redes sociais, novas fontes de informações sobre a Capital Federal começam a surgir no ciberespaço e muitas delas trazem mapas com importantes informações, não só para os turistas, mas também para os quase três milhões de moradores da cidade.

A abordagem dos tradicionais guias turísticos não é das mais favoráveis. Por exemplo, um famoso guia internacional de turismo, o Guide du Routard, editado em francês e voltado especialmente para o turismo de baixo custo, com destaque para os mochileiros, dedica na sua versão impressa, menos de duas páginas a cidade cujo traço foi inspirado em Le Corbusier.

Com 4,5 millhões de visitas na versão internet e pouco menos de 50 mil exemplares/ano, na versão impressa, o Routard diz que a cidade foi construída no meio do nada, tem um transporte coletivo caro e confuso, e, assim, o melhor é andar de taxi, mas que os bolsos devem estar preparado. Outro destaque deste guia consumido por francófanos de 25 nações distribuídas pelos quatro cantos do planeta, é que Brasília é uma cidade para se fazer turismo de terno e gravata.

O Eating and Drinking in Brasilia, elaborado por Anna Mendes, mostra com criatividade as melhores dicas de comes e bebes no Plano Piloto.

Várias iniciativas veiculadas na Internet estão ai para desmentir o Routard e outros guias com a mesma visão. E, o que é o melhor, apresentam alternativas diferenciadas sobre o que fazer en Brasília.

Uma delas é o mapa Eating and Drinking in Brasilia, Brazil. Elaborado por Anna Mendes, ele está disponível no facebook e mostra com criatividade as melhores dicas de comes e bebes no Plano Piloto. São cafés, restaurantes, comida típica espalhados nas duas Asas e também na orla do Lago Paranoá. Tem da carne de sol e macacheira do Xique Xique, aos croissants e quiche do Daniel Briand.

O sucesso foi tanto, que foi necessário produzir um segundo mapa, trazendo mais opções aos turistas e moradores da Capital Federal. Nasceu assim, o More Eating and Drinking in Brasilia by Anna Mendes 

Esta imagem possuí um atributo alt vazio; O nome do arquivo é mapa-cafes-do-plano-2-1.jpgCom a expansão do mercado de cafés especiais na capital Federal, o portal Comida pra Pensar elaborou o Mapa Afetivo dos Cafés do Plano Piloto. Foram mapeadas as cafeterias que se alinham ao perfil “do grão à xícara”, isto é, têm contato direto com o cafeicultor, valorizam os métodos de extração da bebida e levam a história de cada produtor ao consumidor final.

Fruteiras

Outra iniciativa inédita é da estudante de arquitetura na Universidade de Brasília – UnB, Gabriela Bilá. Ela produziu o Mapa das Árvores Frutíferas encontradas em áreas públicas e urbanas do Distrito Federal.

Gabriela diz que é necessário desmistificar Brasília e mostrar os pequenos detalhes, “as coisinhas especiais cotidianas” que existem na cidade e desmontam a idéia de turismo de terno e gravata. “Para encontrar as frutas, o turista só precisa olhar para os lados e para cima” – diz Gabriela Bandeira.

O levantamento, sujeito a complementações – até porque existem tantas árvores frutieferas plantadas em Brasília, que no bairro do Cruzeiro, uma avenida foi popularmente batizada de avenida das jaqueiras -, cobre lugares como a UnB, Parque da Cidade e até a Avenida W.3 Sul, principal artéria da Capital, e também parte da Asa Norte, onde ela destaca a grande quantidade des pés de pitanga.   

Guia de BrasíliaA iniciativa de Gabriela vai além de um simples mapa. Segundo a agência de notícias da UnB, a universitária preparou um guia turístico diferenciado da capital federal. A ideia é propor aos visitantes a exploração da cultura local além das obras arquitetônicas de Oscar Niemeyer. “O guia é para desmitificar essa questão e mostrar que aqui também existe vida urbana”, conta Gabriela.