Literalmente, uma piscina de lama. Na verdade, um mar de lama.
Foi neste cenário que os moradores da QI 1, conjunto 4, no Lago Sul passaram o Natal e, tudo indica, vão passar a virada para o Ano Novo. Um reveillon que vai ficar na memória de todos.
Na quadra, o lado das residências com numeração par tem as áreas verdes das casas olhando para a pista de posuo e decolagem do aeroporto internacional de Brasília. Com a privatização, vencida pela empresa argentina InfraAmérica, obras e reformas passaram a ser executadas nas imediações da pista. Apenas uma cerca de arame farpado separa as residências do vai e vem de aeronaves.
A combinação destas obras com as recentes chuvas trouxe este trágico cenário para as festas de fim de ano dos moradores. É o caso do casal Sarah e Mauricio Moraes.Pioneiros em Brasília e no Lago Sul, foram surpreendidos por três avalanches de barro.
A primeira inundação foi na sexta-feira, 20/12, e a outra, no dia seguinte. Segundo Maria Moraes, filha do casal, a desta sexta-feira 27/12, foi a pior levando um bolsão d’água e lama para dentro de casa.
O barro invadiu a área verde, o jardim da casa, tomou conta da piscina. Sem ter o que impedisse a passagem, entrou pela porta da frente, atravessou toda a residência, para sair pela porta dos fundos, na garagem.
Móveis, sofas de tecidos, até a árvore de Natal foi tomada por uma grossa lama vermelha.

Pelo menos dez casas foram atingidas e ainda estão vuneráveis. Todas elas estãovoltadas para a pista principal de pouso e decolagem, como pode ser visto na foto ao lado.
Os moradores temem que uma nova chuva forte, como a que aconteceu na madrugada do dia 27, possa provocar um novo tissunami de barro.
Os prejuízos ainda não foram contabilizados, mas a InfraAmérica, empresa operadora do aeroporto JK, prometeu reparar todos os danos e disse que está fazendo uma vala e um muro de contenção para evitar que este problema se repita. O problema é que desde a primeira inundação, no dia 20, esta é a providência anunciada e a cada chuva, uma maré de lama toma conta das residências.
Alguns moradores tiveram que procurar casas de amigos e parentes, pois suas residências ficaram inabitáveis. Outros permanecem no local. O certo é que as próximas noites dos moradores do conjunto 04 da QI 1, do Lago Sul, vai ser de insônia, com um olho na previsão do tempo e outro nas obras do aeroporto.