Por Deborah Fortuna, Juliana Braz e Victor Fernandes, da agência de notícias do UniCeub

 

A Defesa Civil do Distrito Federal tem preocupação especial com cinco áreas. As regiões da Fercal, Vila São José (em Vicente Pires), Sol Nascente (Ceilândia), Arniqueiras (Águas Claras) e Vila Rabelo (Sobradinho) são consideradas áreas de risco no período de chuvas. Problemas recorrentes como a ocupação desorganizada, acabam gerando perigos como desabamentos e enchentes nas casas dos moradores. Cercada por córregos e sem infraestrutura, a população reclama da falta de atenção da Administração.

Fercal – Há 25 km de Brasília, além do relevo, por causa do acúmulo da água em vales, a ocupação desorganizada traz riscos de desabamento e enchentes na região. Segundo o diretor de serviço da administração da Fercal, Joel Carvalho, as maiores reclamações dos moradores acontecem no período chuvoso, justamente pela questão da área ser cercada por córregos. Para ele, o problema do local é a falta da captação de água da chuva, já que as casas são muito próximas das ruas. “Pelo fato desses vales desembocarem, a água vai procurar passagem e se a pessoa construir uma casa na passagem da água, ela não vai ter como desviar”, afirma.

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Para Joel Carvalho, a administração serve como linha de frente se acontecer alguma coisa. Depois que eles entram em contato com outros órgãos para tomar as providências necessárias. “A gente vai no local dar toda a assistência que a população precisa, entra em contato com a SEDEST para ver a possibilidade se houver a necessidade de remoção”, afirma.

Já Maria do Socorro da Silva mora com seus três filhos na pequena casa que construiu em uma área de risco. Desempregada, seu maior medo é ter que sair dali porque não tem outro lugar para morar. Tentaram abandonar o lugar uma vez, pedindo abrigo para a irmã, quando a chuva ficou forte e alagou a casa, mas voltaram por não terem outra opção para morar.

Além disso, Maria também reclama que a administração não dá a atenção necessária. “Acho que porque ninguém nunca ter se machucado, eles nunca tomaram uma decisão certa. Devem estar esperando alguém morrer”, desabafa.

Felipe da Silva, filho de Maria, também reclama da falta de alarme da administração. “O alarme é a gente ficar de olho mesmo quando a chuva está grossa. A gente já fica em alerta para poder sair correndo”.  Fora todo o problema, ele reclama do muro construído pelos vizinhos da casa ao lado. “Se vier enchente, eu acho que o muro leva a gente”, conta.

Vicente Pires – Na Vila São José, o maior problema é a infraestrutura da cidade. Além das ruas íngremes, os buracos acumulam água no período da chuva e as enchentes são quase inevitáveis. Para o morador Gilberto Camargos, a área está totalmente abandonada pelo poder público, e a água corre por todos os cantos da região. “Quando chove, acaba levando tudo, o asfalto, muros, inclusive carros”, conta.

Outros grandes problemas, para Gilberto, é a criação do assoreamento no córrego Vicente Pires, que por ser muito grande, vai desembocar no Lago Paranoá, e a falta de conclusão da obra do esgoto sanitário dos condomínios, que com a água da chuva, acaba escorrendo pelas ruas, entra nas casas e podem causar doenças. “Toda a vez que chove, arrebenta toda a cidade. Dificilmente, fica uma rua sem ter problemas”, diz.

Em nota, a administração informou que foram realizadas obras de drenagem na Vila São José para o período chuvoso. Além de limpeza nas caixas de passagem que servem para captação e direcionamento das águas da chuva para os córregos mais próximos.

Vila Rabelo – Sobradinho

Ainda de acordo com a administração, foram destinados 527 milhões de reais para investir na infraestrutura da cidade. E as drenagens das águas pluviais e o asfaltamento da cidade serão realizados após a licitação das empresas que farão as obras. No momento, a licitação está em processo.

Sobradinho – A Vila Rabelo também enfrenta enormes problemas por causa da ocupação ilegal dos morros. Para o chefe da assessoria do gabinete de Sobradinho, Carlos Nascimento, o grande problema da comunidade está na ocupação irregular. Apesar do acompanhamento da AGEFIS, e da retirada dos moradores dos morros no ano de 2008, a área voltou a ser habitada. “Aqueles que querem voltar, estão voltando por conta e risco.
Nós não temos como abarcar todas essas famílias que aparecerem lá depois da retirada”, afirma.

O que tem sido feito é o sinal de alerta com a intuição de dizer que o local é impróprio para ocupação. De acordo com Carlos, algumas pessoas insistem até em vender imóveis nessas áreas. Além desses problemas, a comunidade da Vila Rabelo tem difícil acesso devido a sua localização, e isso pode prejudicar na hora de levar serviços básicos ou melhoria para aquele local.

No entanto, o morador Nildo Araújo nega os problemas de insegurança da região, já que grande parte das casas foram removidas para a área de Buritizinho, próximo a Sobradinho 2. Ele destaca que, antes disso, a população ficava com medo por causa da proximidade entre os despenhadeiros e a casa dos moradores.

Arniqueiras – O  bairro  em Águas Claras, é cercado por quatro córregos e isso faz com que as casas construídas perto das encostas virem áreas de risco. Segundo o gerente da administração de águas claras, Joseli Pedro de Souza, o maior problema é uma ocupação irregular agravada nesses locais. E a população reclama da falta de cuidado com eles, “muitas pessoas não tem água e nem luz da CEB e da CAESB porque a ação civil proibiu. Depois de dezembro de 2008 nada mais pode ser feito”.

Arniqueiras está inserida na ata do planalto central, e quem rege é o IBAMA. Com a falta da vegetação nativa, o assoreamento dos córregos é algo recorrente, gerando assim, desmoronamento de muros. “A gente vem trabalhando em parceria com a comunidade buscando solução dentro daquilo que a ação civil permite”, conclui. A pedido do Ministério Público, a defesa está sob uma ação civil pública federal, coma intenção de conter a grilagem de terra e os danos ambientais na área.

Sol Nascente – A maior favela da América Latina que pertence a administração de Ceilândia, não tem infraestrutura e nem águas pluviais. Na época das chuvas é quando a população mais sofre. Sebastião, afirma que onde ele mora não é seguro e isso lhe causa medo. “A chuva que começa pela Ceilândia desce e desencadeia toda aqui no sol nascente e remete medo sim”. Com registros de buracos nas ruas, problemas elétricos, enchente nas residências é algo comum de acontecer. Sebastião conta que sente um abandono total da administração de Ceilândia com os residentes do Sol Nascente, mas a defesa civil sempre está presente “a defesa civil sempre que acionada ela comparece, quando começa o período chuvoso o monitoramento é mais forte”, afirma.

Confira a entrevista sobre os riscos na área da Fercal com os moradores: Leônidas Neves e Aurina Rocha