Poema de Luiz Martins da Silva. Foto de Reynaldo Barbosa Lima
I
Hoje, não insistirei.
Já repousa melhor em mim,
A sua ausência.
II
As frutas em casa,
Na mesa e no quadro,
Nós é que precisamos delas.
III
A aurora, sim, veio de novo.
E, com elas, os gorjeios.
Desmancho-me em palavras.
IV
Quando, enfim, o desejo,
Tardio, se apresenta,
Já é outra, a maresia.
V
Uma mulher sentencia
A um homem eternidades:
“Por favor, me esqueça”.
VI
Pensar, ilusão de ter.
Ter, insensata ilusão.
Melhor não pensar.
VII
Ser, sim.
Se formos [sem fôrma]
Para além de nós.