
Por Chico Sant’Anna
Desde o início do governo Rodrigo Rollemberg, os moradores das quadras 14 a 25 do Park Way deixaram de contar com os serviços de transportes coletivos. Os moradores das quadras 6 a 13 e 26 a 29 que contavam com a promessa do governo Agnelo da criação de uma linha de ônibus para atender as suas quadras, perderam as esperanças. Para piorar, as estações do BRT que liga o Plano Piloto ao Gama, ao longo do trecho da Via EPIA que corta o Park Way estão inoperantes desde a inauguração do sistema (na verdade três inaugurações), ainda no governo Agnelo. A falta de transporte público oficial não passou despercebida dos piratas, que passaram a operar tranquilamente no trecho das quadras 14 a 25 do bairro.

A falta de transporte coletivo no bairro agrava ainda mais o já caótico trânsito nas localidades, que nos horários de picos sofrem ainda mais com o volume de veículos provenientes do Gama, Santa Maria e cidades do Entorno, tais como Valparaíso e Novo Gama.
Até o início deste ano, no Park Way, existiam tradicionalmente três linhas de ônibus: a de número 0.119, interligando o Núcleo Bandeirante à Vargem Bonita e à quadra 25; a de número 119.1 (interligando a passarela sobre a EPIA, próxima à Floricultura do Núcleo Bandeirante às SMPW quadras 14/25) e a 119.2, interligando a SMPW quadra 14 à Vargem Bonita.
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No governo passado, o GDF foi dividido em regiões, denominadas bacias e o Park Way passou a ser área operada pela Pioneira. Mas os ônibus da Pioneira nunca rodaram no bairro. Empresas de menor porte operavam na localidade. Nesse novo governo, as linhas deixaram de circular. Os moradores e trabalhadores ficaram sem opção de transporte. Para que se tenha, a ausência dos ônibus obriga a quem dele necessita a caminhadas superiores a oito quilômetros. Esta é a distância da EPIA até às quadras finais da via DF-055, a Estrada Parque Vargem Bonita, que dá acesso, também, a Fazenda Água Limpa, da Universidade de Brasília. Trata-se de um percurso superior ao comprimento de toda a W.3 Sul, estimado em 7 km..
Diversas iniciativas comunitárias foram tomadas, com o objetivo de voltarem a circular as três linhas e que fossem criadas linhas para as quadras de número 6 a 13 e de 26 a 29. A tríplice administração Regional Park Way/Núcleo Bandeirante/Candangolândia chegou a se reunir com técnicos da secretaria de Mobilidade, mas nada aconteceu.
Em abril, esse blog procurou a assessoria da secretaria. O subsecretário de fiscalização informou que tinha conhecimento do problema, que as linhas iriam ser remanejadas para melhor atender a população e para isso estava sendo feito um estudo que deveria ser concluído até junho.

Em maio, o blog voltou a acionar o GDF, desta vez via Casa Civil. As respostas foram igualmente evasivas: “a subsecretaria de Fiscalização, Auditoria e Controle – Sufisa, realiza permanentemente ações na localidade e identificou que das 3 linhas operadas na região (0.119, 119.1 e 119.2), todas do Serviço de Transporte Público Complementar Rural, duas linhas não estão sendo operadas (0.119 e 119.1) e a terceira (119.2) está sendo operada, mas de forma deficitária. Já haviam sido lavrados autos de infração e outros serão lavrados. A intenção é de pressionar o permissionário a voltar a prestar o serviço, aplicando todas as penalidades cabíveis.”
Em relação ao transporte coletivo nas quadras de número 26 a 29 e de 6 a 13, não existe qualquer possibilidade real em curto prazo de se ter um transporte coletivo. Pelo menos é o que se constata a partir da resposta do GDF:
“Técnicos responsáveis pela programação das linhas têm feitos estudos a respeito do sistema de transporte urbano para verificar as possibilidades de reformulação da programação dos ônibus. Na medida do possível, e de forma legal, o remanejamento de frota e otimização de linhas serão algumas das medidas adotadas para melhorar o serviço prestado aos passageiros.”

Além de estar desprovido de transporte coletivo intra bairro, numa região de mais de 25 mil moradores e milhares de trabalhadores que atuam no local, as paradas de ônibus construídas para o BRT ao longo da EPIA não estão funcionado. Tornando ainda mais penoso o deslocamento no bairro.

Totalmente prontas e já a mercê de vandalismo, em especial de pichadores, pelo menos quatro estações do metrô estão fechadas ao uso. Algumas delas, viraram ponto de manutenção mecânica dos ônibus. Elas ficam entre o Viaduto do Catetinho e a Floricultura do Núcleo Bandeirante. Se for de BRT, o passageiro que optar em seguir de ônibus para o Park Way deverá descer na estação da Floricultura e fazer o restante do percurso a pé. Outra opção é utilizar os ônibus do velho sistema de ônibus que interligam Gama, Santa Maria e Plano Piloto. Mas neste caso, ficará a mercê do sol e da chuva, já que a maioria das demais paradas – principalmente no sentido Gama/Plano Piloto – ficaram desprovidas de abrigos de ônibus.
O GDF também parece não ter explicações para a não entrada em funcionamento das estações do BRT.
“A secretaria de Mobilidade – Semob, numa ação conjunta com o Transporte Urbano do Distrito Federal -Dftrans e DER, tem trabalhado intensamente para melhorar o sistema de transportes” – respondeu a Casa Civil.

Piratas
Na ausência do Poder Público, os Piratas entraram em ação. Três linhas internas ao Park Way estão sendo operadas por ônibus piratas de segunda a sábado. Domingo: nem pirata. As três linhas piratas em operação substituem as linhas oficiais 0.119, 119.1 e 119.2. Moradores, sem alternativas, são obrigados a se valer dos Piratas, embora não se saiba as condições de segurança em que eles operam.
A Semob informa que “algumas ações já foram realizadas na região e penalizados alguns infratores. Quanto a pirataria no Distrito Federal, eles estão fazendo operações diárias, só no primeiro trimestre foram mais de 100 motoristas autuados, o que significa um aumento de 124% em relação ao mesmo período do ano passado.”
O que se espera da Semob é que atenda às necessidades de locomoção e o direito de ir e vir dos que moram no Park Way e pagam altíssimos impostos ao GDF. Se a Pioneira não tem interesse em operar no bairro, que se promova imediatamente uma licitação ou que se entregue as linhas a TCB, para que o Park Way possa ter uma opção de transporte coletivo seguro e eficiente. Ampliando-se essas linhas até a estação do metrô do Parkshopping, elas certamente ficariam mais rentáveis e interessantes às operadoras.
As grandes obras vem e os moradores do PW fica fora da discussões na fase do planejamento arcando com os impactos que elas trazem após concluidas. Do lado das quadras 6 a 13 especificamente apos a floricultura temos uma verdadeira feira ao ar livre com um movimento intenso de transporte pirata e os ambulantes. O resultado: congestionamento maior do que o usual na via marginal nos horários de pico. Essa secretaria de mobilidade parece que não existe, ainda não disse ao que veio e acho que não vai funcionar por não ter programa de governo claro nessa área. Parabéns pela reportagem, Chico.
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Excelente matéria! Como morador do Park Way, da Quadra 25, espero que nosso bairro ganhe mais atenção das nossas Autoridades!
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Chico,
Você acreditava mesmo que essa porcaria que chamam pernosticamente de BRT iria funcionar bem? Colocaram uma superestrutura na faixa de rolamento do VLP (ou seria BRT?). Alegava o governo anterior que isso seria necessário para suportar os grandes veículos que por ali passariam. Esses veículos foram encurtando dos 330 passageiros, para 270, depois 250, encurtaram ainda mais para 230. Nas vésperas da inauguração (ou inaugurações?) os maiores teriam 200 lugares e os menores 160. E no final? Simples ônibus articulados, com “capacidade sardinha” para cento e vinte e poucos passageiros.
O pesadão, o peso pesado, pois transportaria muita gente, virou peso pena.
Os articulados após o Aeroporto rodam em faixa simples e seguem pelo Eixão. Agora alguns chegam a rodar dentro da cidade do Gama. Para quê então os custos absurdos da pista construída com tanto ferro, cimento, concreto e dinheiro público? Nem precisa responder. Como dizia o personagem do programa humorístico Planeta dos Macacos, ‘não precisa explicar, eu só queria entender’.
Lamento afirmar que o GDF parece que continua como um bonde desgovernado descendo a ladeira da Praça Castro Alves, em Salvador. Um pouquinho mais para a DIREITA vai cair na zona, se não cair na Ladeira da Preguiça ou no mar. Como aqui em Brasília não tem mar (mas tem preguiça, viu?), logo logo pode cair e se afundar no Lago Paranoá.
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Excelente matéria. Desconhecia a existência do Blog. Retrata bem o problema, assim como aquela outra da falta de comércio no bairro!
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Júnio Cesar
Grato pelas considerações, divulgue o blog entre seus amigos.
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