Por Chico Sant’Anna com base na Agência Brasília e no Portal R7
R$ 7 bilhões. Este é o valor estimado para executar o projeto do trem que ligará Brasília Goiânia, apelidado de Expresso Pequi. O custo equivale a construção de 3,5 estádios Mané Garrincha.
Com o caixa em crise, a idéia é fazer uma vaquinha. Os recursos seriam provenientes dos governos federal, estadual e distrital e da iniciativa privada. Há informações de que grupos italianos teriam interesse em participar do projeto.
A linha também não será no modelo Trem Bala – o TAV Trem de Alta Velocidade -, como cogitado em governos passados, e deverá se assemelhar ao que na Europa, em especial na França e na Alemanha, é classificado como TER – Trem Expresso Regional. Uma linha de trem bala impediria a existência de paradas ao longo do percurso do trajeto, pois o veículo precisa de espaço para alcançar velocidades acima dos 300 quilômetros por hora.
E pelo estudo de viabilidade encomendado em 2013 pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), além das paradas de Brasília, Anápolis e Goiânia – originalmente previstas –mostrou-se a necessidade de outras duas paradas, para garantir um nível mínimo de demanda de passageiros. Assim, devem ser contemplados com estações os moradores de Santo Antônio do Descoberto e Águas Lindas, ambos municípios goianos. Curiosamente, não se aventou a possibilidade de uma estação que atenda igualmente a Ceilândia e Brazlândia
A conclusão dos estudos do trem que ligará Brasília a Goiânia foi apresentada na quinta-feira (10), aos governantes de Goiás e Distrito Federal. O documento, segundo informa a Agência Brasília de Notícias – órgão oficial de informações do GDF – detalha informações como número de passageiros a serem atendidos, possíveis valores para tarifa e tamanho de cada uma das cinco estações. Entretanto, a Agência Brasília de Notícias não trouxe a publico esses dados técnicos. Não informou se a tração do trem será com base em motores elétricos ou a diesel, nem informou qual será a duração da viagem.
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Também não se sabe ainda quem iria gerenciar esta linha, se uma nova estatal reunindo as duas unidades da federação, se a companhia do metropolitano de Brasília, ou se um ente federal.
Também a arquitetura financeira para viabilizar os 7 bilhões de reais não está definida e será alvo agora de nova formatação a ser submetida aos governos envolvidos e à União.
Projeto Estratégico
Brasília fica a pouco mais de 200 km de Goiânia e, segundo a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste – Sudeco, as cidades desenham “claramente um corredor de desenvolvimento”. O trecho Brasília-Anápolis-Goiânia possui aproximadamente seis milhões de habitantes, o que representa mais de dois terços (70,1%) do contingente populacional do Distrito Federal e de Goiás juntos e quase metade (42,8%) da população do Centro-Oeste.
A linha de trem entre Brasília e Goiânia, além de desafogar o trânsito e facilitar a vida de quem mora na região geoeconômica de Brasília é estratégica para as políticas de desenvolvimento da região, inclusive podendo contribuir para reduzir a pressão imobiliária sobre o Distrito Federal. Entretanto, ainda vai demorar um pouquinho pra sair do papel. Na época em que foi anunciado em 2012, a promessa era de que o trem de alta velocidade ligando Brasília a Anápolis e Goiânia seria inaugurado em 2017. As estimativas agora do governador Rodrigo Rollemberg é que “dando tudo certo” o projeto deve ter início em 2017.
Para fazer um trem desses é preciso mais que dinheiro: coragem para enfrentar as empresas de transporte, as montadoras de carro, e os interesses da ANTT. Ferrovia num país continental é uma necessidade, o óbvio. Já tivemos um esboço disso no passado. Os trens circulavam. Aí veio Juscelino Kubitscheck, depois os generais da ditadura, FHC, depois Lula e Dilma, fazendo aquilo que não se faria na Europa ou Estados Unidos: a destruição dos trens de passageiros e a entrega dos trilhos para o setor privado. Burrice? Claro. Mais que isso, oportunismo político – os governantes abriram mão de um projeto de mobilidade moderno para atender ao projeto privado de deixar a população dependente de carros, ônibus… Enfim, estamos muito atrasados com esse trem pra Goiânia. Seria ótimo seu retorno. Mas, não vamos perder o fio da história: a bem da verdade é como a invenção da lâmpada elétrica. Essas coisas a gente comemora sem fazer barulho, constrangidos.
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Saindo do papel, eis mais uma piada tupiniquim sem graça e de mau gosto: Das empreiteiras (algumas das maiores inimigas desse país) virão o superfaturamento, falha de projeto, de execução e atrasos para entrega. Dos governos virão má gestão e desvio dos recursos investidos e o uso descarado da obra como propaganda política para um povo fácil de iludir! Dos concessioários virão a má gestão geral do serviço com baixa qualidade de manutenção e segurança… pára de circular depois de uns 5 ou 10 anos de serviço, talvez, com a desculpa de que “precisa de atualização tecnológica” ou “não está comercialmente viável” e se torna mais um elefante branco!
Nesse ponto, as empreiteiras sorriem pois já embolsaram há anos por serviço feito nas cochas e os governadores já chegaram a ministérios e mesmo presidência da república das bananas!
Japoneses, suecos, alemães, etc já podem adiantar suas pilhérias!
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