Por Luiz Martins da Silva
“Cumpriu-se o mar e o império se desfez”
Fernando Pessoa
Deus salve a Rainha, que não é minha,
Mas, desde a Vitória, foi a abelha-mãe
De um império que, por pressuposto,
Fez-se, como plano, de todos os oceanos.
Não o Império do Sol Nascente,
Mas, o império do sol eterno,
Aquele que nunca se põe,
Pois, também não seria poente.
A rainha das armas. E também dos piratas.
A Armada de todas as armadas.
Onde quer que chegassem à calada,
Lá, ou aqui, seriam os patronos.
Nós, outrora os colonos, nossas dores
Muito aquém, refém dos colonizadores.
Hoje, não querem que lhes aportemos,
Que nos importemos para as suas praias.
Alega-se, que por nossa causa,
Dividem-se, em casa; sim ou não.
Ora, pois, logo agora, cidadãos,
Mas, para eles, migrantes, imigrantes, emigrantes.
Sim, nós somos nós e somos todos,
Todos esses que são os mesmos
Compatriotas de mundo e de todo não tolos.
Ora, porque não podemos também ser ingleses?
Como arguiu Bartolomeu de Las Casas:
Teriam índios e ameríndios direito a colônias
Se, antes deles (aqui) houvessem aportado, lá?
Ai de ti, Londres, se não de todos os homens.
Outrora, a coroa dos quatro pontos cardeais,
Cravejada de brilhantes no mapa do mundo.
“O mar é mesmo / Que ninguém o tema”.
“Atlas ergue ao alto / O mundo nos teus ombros”.
Deus salve a rainha, mas, sobretudo, a Si próprio,
A quem reverenciamos desde este Planeta.
Que Ele, nos olhando, do alto e de longe,
Venha acolher-se conosco e no seu trono.
[As aspas são de Fernando Pessoa]
Excelente conteúdo é análise. Parabéns professor Luiz Martins.
CurtirCurtir