
Placas que há três anos custaram R$ 930 mil ao contribuite foram retiradas pelo GDF.
Por Chico Sant’Anna
Só quem já viajou para um país onde não domina o idioma é que sabe as dificuldades de se localizar e se locomover sem a ajuda de placas de trânsito e sinalizações bilíngües. Em 2014, para os jogos da Copa do Mundo, o GDF espalhou pela cidade placas em português e inglês. Os turistas estrangeiros que virão a Brasília para os assistir aos dez jogos de futebol das Olimpíadas que a cidade vai abrigar não terão a mesma sorte. É que o GDF desde a posse de Rodrigo Rollemberg vem retirando das ruas as placas voltadas aos turistas estrangeiros colocadas pela administração Agnelo.
É verdade que algumas dessas placas possuíam uma tradução de péssima qualidade. Setor Hoteleiro Norte, por exemplo, chegou a ser estampado como Setor Hoteleiro Nordestino. As placas, entretanto, cumpriam uma missão importante, pois prestavam um serviço que a sinalização tradicional de Brasília não o faz. Estacionamentos públicos, Cinemas, hospitais, estações de metrô, estações rodoviárias, hotéis, locais para lazer, além é claro das indicações de como se chegar ao Estádio Mané Garrincha eram as temáticas tratadas.
Em 2013, o governo federal bancou o custo da sinalização especial para Copa em Brasília, estimado à época em R$ 930 mil, entre material e mão de obra. Foram distribuídas 500 placas na área central de Brasília. As placas tinham ainda o diferencial de serem maiores e de estarem apostas em estruturas elevadas de fácil visualização.
Desde 2015, o Departamento de Estradas e Rodagens vem retirando uma a uma as placas da Copa. Não sobrou nem mesmo uma de souvenir. Nem todas as placas retiradas foram substituídas. Existem várias estruturas metálicas pela cidade sem qualquer placa nova.
As placas novas, além de serem apenas em Português, possuem uma lógica informativa diferente das da Copa. Na maioria delas, são placas de caráter mais rodoviário. Ensinam como pegar as saídas de Brasília, ir pra Fortaleza ou Belo Horizonte. No máximo apontam o caminho para o Aeroporto. Ou seja,ensinam ao turista como deixar a Capital Federal, mas não como se locomover no interior dela. Dentre as novas placas, não há nenhuma que ensine a chegar ao Mané Garrincha, ou a um dos hospitais da capital.
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Brasília receberá dez jogos de futebol. As equipes são provenientes da Dinamarca, Alemanha, Canadá, China, Suécia, Iraque, África do Sul, Koréia, México, Argentina e Honduras. Durante a Copa foi significativa a presença de turistas estrangeiros que alugaram carros no Brasil e se deslocavam pela cidade. Além de sul-americanos que vieram dirigindo. Mesmo muitos brasileiros se valeram da sinalização especifica para os jogos que, agora, não existem mais.
Essa posturado GDF em retirar a sinalização demonstra um total despreparo das autoridades locais que dizem querer fazer de Brasília um importante destino de turismo internacional. A primeira coisa que um turista estrangeiro deseja, é saber se deslocar na cidade que visita. Sem sinalização, certamente ficará mais difícil.
Procurado por esse blog, o subsecretário de Turismo do DF, Jaime Recena disse desconhecer a motivação de tal atitude do DER. Já assessoria de imprensa do DER afirma que o órgão segue determinação do Contran. Consultamos o Contran e este disse desconhecer decisão neste sentido. Há meses, esse blog solicita ao DER explicações mais detalhadas, em especial de quanto foi gasto, quantas placas foram substituídas, mas o silêncio é total no DER. Informam apenas que os custos foram cobertos pela receita obtidas nas multas de trânsito. Se o custo de substituição das placas foi o mesmo da sua instalação há três anos, quase R$ 1 milhão, convenhamos, esses recursos poderiam ter sido melhor utilizados para reforçar em outros locais do Distrito Federal a sinalização em Brasília, historicamente deficiente.