Poema de Luiz Martins da Silva. Foto de Albery Santini
Antes de nós e nossos postes
Ele já morava aqui e se recolhia
Nesse seu modo de ser capucho,
Paleta de matizes indecisos,
Mas ao gosto Rembrandt com nuvens
[Paisagem com a ponte de pedras].
Clássica paisagem alheia a pintores
De luzes e sombras nos olhos.
Nós, que tanto nos maquiamos
E o admiramos de eterna juventude,
Estática, há 13 bilhões de anos!
Se, por aqui, a tudo produzimos,
Em segunda natureza (iluminada
Quando a noite pede artifícios),
Também nos recolhemos às sombras,
Remoto novelo de figuras em sonho.
Coitado do Sol que não se sabe
Tão belo quanto o último gerânio,
Fixar-se com tintas, moldura e parede
No museu do Universo, galeria de estrelas.
E o Artista? Pelas mãos e pincéis dos seus.
Deus não joga dados, já se disse.
Joga, então, sinuca de bico.
E sai de todas, e com tal perícia,
Que retrata a Si no seu céu de milagres,
Estes da poesia, da noite e do dia.