Os editais das licitações referentes aos parques Nacional de Brasília e da Chapada dos Veadeiros estão em processo de avaliação pela Procuradoria Especializada do ICMBio e serão divulgados em breve.

Por Chico Sant’Anna

Frequentadores da Água Mineral estão apreensivos com o destino daquele espaço do Parque Nacional de Brasília. Conforme anunciei, com exclusividade, em setembro de 2016, apesar do desmentido inicial do Instituto Chico Mendes – ICMBio, a gestão daquele espaço será privatizada. O edital está previsto para sair em breve, mas os projetos pós-privatização não estão agradando nem um pouco aos usuários.

A privatização da Água Mineral, mediante a concessão de serviços, foi anunciada dia 16 de dezembro de 2016. Mas como será a Água Mineral privatizada? Já foi dito que serão transferidos à iniciativa privada, entre outros, a bilheteria, lanchonete, estacionamento e centros de visitação. Uma pesquisa de opinião está sendo aplicada aos frequentadores e dá a ideia de quais são os demais projetos potenciais para o local.

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Está previsto a cobrança de ingressos, de estacionamento, de aluguel de bicicletas e do funcionamento do Centro de Visitantes inclusive aos finais de semana. Outras atividades no interior da Água Mineral poderão ser propostas pelos concessionários.

Ingressos a R$ 80.00

Os entrevistados são instados a opinar se concordam com a instalação de restaurante, pousadas, área para camping, parque aquático, auditório para eventos, centro comercial ou lojas comerciais, além de transformar a Água Mineral num espaço para a realização de festas. A pesquisa sonda ainda, quanto o usuário estaria disposto a pagar para passar um dia na Água Mineral. Atualmente, são cobrados R$ 13,00 e as opções de valores sugeridos aos entrevistados chegam a R$ 80.00.

Consultada sobre se a pesquisa revela as reais intenções do ICMBio, a assessoria de imprensa do órgão informou que os editais das licitações referentes aos parques Nacional de Brasília (Água Mineral) da Chapada dos Veadeiros (GO) e do Pau-Brasil (BA) estão em processo de avaliação pela Procuradoria Especializada do ICMBio e serão divulgados em breve. Negou que a pesquisa fosse iniciativa do ICMBio, salientando que os interessados no edital podem fazer seus próprios estudos. Os concessionários poderão sugerir outras atividades, além das atividades previstas no Projeto Básico a ser licitado, desde que respeitem o Plano de Manejo do Parque Nacional de Brasília. O projeto básico prevê os seguintes serviços para concessão: à iniciativa privada: cobrança de ingressos; estacionamento de veículos; serviços de alimentação; loja de conveniência; espaço do ciclista e exploração dos espaços do Centro de Visitantes no Parque Nacional de Brasília.”

Publicado originalmente na coluna Brasília, por Chico Sant’Anna, do semanário Brasília Capital.

Parque Aquático

Nas redes sociais, as reações são de espanto. Usuários questionam o fato de que o ICMbio foi criado exatamente para gerenciar as unidades federais de conservação, por que então privatizar agora? Há também o temor que espaços para eventos, festas, pousada, restaurante, dentre outros, venham prejudicar a preservação da fauna e da flora do Parque Nacional de Brasília. E que um Parque Aquático pode ser ainda mais agressivo à crise hídrica que assola Brasília. “Só falta autorizar eles engarrafarem a água do Parque, que é rica em magnésio, para ser vendida comercialmente”, comenta uma usuária que preferiu não se identificar.

Para o professor da Universidade de Brasília, Roberto Max Lucci, em se concretizando tais projetos, a Água Mineral perderia a sua função social e viraria um espaço elitizado e caro. “Se tornaria em um clube privado para os moradores do Noroeste” – diz ele.