Texto de Chico Sant’Anna. Foto de Orlando Brito
Brasília é hoje a terceira maior metrópole do pais. Passamos dos três milhões de habitantes. Segundo a última estimativa do IBGE, o Distrito Federal passou de 2.977.216 habitantes, em 2016, para 3.039.444 moradores. Com populações maiores do que essa, somente as cidades do Rio de Janeiro, 6.520.266; e São Paulo, 12.106.920. Depois de Brasília, aparecem Salvador, com 2.953.986 habitantes; Fortaleza, 2.627.482; e Belo Horizonte, 2.523.794.
O aumento da população representa um crescimento de 62.228 novos habitantes, uma alta de 2,09% na população. No mesmo período, o Brasil cresceu de 206.081.432 para 207.660.929, uma alta de apenas 0,77%. Esse crescimento do Distrito Federal, bem maior do que a média nacional, é fruto de novos brasilienses, que aqui nasceram, mas também da migração. O Distrito Federal continua um forte polo a atrair pessoas de outros Estados e até países.
Os dados são do IBGE e se referem a população estimada em 1º de Julho. Nesse levantamento, a Região Centro-Oeste aparece como a de menor população do país: 15.875.907 habitantes. Assim, de cada cinco habitantes que moram no Centro-Oeste, um está no Distrito Federal.
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Ao lado desse crescimento populacional, crescem também os problemas sociais. A taxa de desemprego da Capital Federal é hoje uma das maiores em toda a sua história. Em abril desse ano, atingiu 20,5%. Ou seja, de cada dez pessoas aptas a trabalhar, duas estão desempregadas. Ao todo, eram 336 mil desempregados na capital federal.
A cidade também não vem conseguindo acompanhar as demandas de toda essa população. Os sistemas de Saúde, Educação e Segurança pública se apresentam deficientes e aquém das necessidades. O sistema de transporte coletivo é deficitário. O metrô não avançou um centímetro de trilho sequer na última década. O VLT foi abandonado e os ônibus estão longe de atender a demanda. Resultado: engarrafamentos e mais engarrafamentos.
Outro reflexo dramático é a própria crise hídrica que atinge Brasília. A expansão urbana desenfreada impulsionada pela grilagem de terras e a indústria da especulação imobiliária, impermeabiliza cada vez mais o solo candango, impedindo que as águas das chuvas infiltrem no solo e reforcem os córregos e rios do Distrito Federal. Mais gente consumindo água e menos água sendo produzida.
Onde a cidade vai parar?
Mantida essa taxa de crescimento, em cinco anos seremos mais 300 mil habitantes. Um Plano Piloto inteiro.
Nesse contexto, cresce a importância de regulamentos que disciplinem a ocupação do solo. Projetos como o de Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE são de vital importância e devem balizar outros marcos jurídicos com a lei de Uso e Ocupação do Solo – LUOS. Entretanto, o que se vê é uma meia trava no ZEE e uma LUOS ávida em adensar áreas semiurbanas, como o Park Way e Taquari ou mesmo permitir a mudança de destinação, autorizando empresas comerciais funcionarem onde apenas residências deveriam existir.
O problema é a vinda de pessoas de outros Estados para tentar a vida em Brasília e a ocupação desordenada.
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Somente uma pergunta. Estão reclamando? A cidade vai continuar atraindo pessoas. Se forem ricas ninguém vai reclamar. Agora se for pobre sim. E agora vem a pergunta. Só pobre que faz a ocupação desordenada? A primeira ocupação desse gênero foi o Park Way.
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