Na localidade já foram catalogadas pelos moradores e ambientalistas cerca de cem nascentes que abastecem o Paranoá. Foto de Oliver Boels

Em encontro com entidades e movimentos comunitários do DF, governador reafirma que vai lotear a chamada Serrinha do Paranoá, no Taquari. “Ou o GDF faz um loteamento ou os grileiros vão parcelar aquela área” i disse ele aos presentes.

 

Por Chico Sant’Anna

 

Nesta semana, o governador Rodrigo Rollemberg recebeu representantes de cerca de 20 entidades e movimentos comunitários preocupados com as iniciativas de mudanças de legislações urbanísticas e ambientais. (Para mais detalhes leia: Proximidade das eleições deixa Rollemberg com os nervos à flor da pele).
As entidades presentes ao Buriti saíram chocadas da reunião com Rollemberg. Muitos foram inclusive apoiadores e até formuladores das propostas de governo na fase pré-eleitoral e afirmam que nunca viram o governador tão nervoso.

Pela proximidade ao Plano Piloto, a Serrinha do Paranoá é altamente cobiçada por grileiros e pelo governo.

“Ele não respondeu objetivamente a nenhum dos 14 pontos por nós elencados” – registrou Vera Ramos, presidente do Instituto Histórico Geográfico do DF. Na audiência, o governador fez questão de frisar que considerava a carta aberta das entidades um tratamento injusto para com ele e que ninguém percebia os avanços que seu governo tem feito.

“Entramos com um conjunto de 14 questões e saímos com 15. A declaração enfática do governador sobre a área da Serrinha (Taquari): ‘ou o GDF faz um loteamento ou os grileiros vão parcelar aquela área” nos deu a clareza da incapacidade do GDF em cumprir com uma de suas obrigações: o controle do uso e ocupação do solo.

Croqui da proposta de ocupação Urbana do GDF para a área da Serrinha do Paranoá.

Diante disso, passa a ser questionável qualquer plano ou regramento de uso do solo, pois não haverá controle e garantia que ele seja respeitado. E não há planejamento sem controle. Quanto às demais questões postas na Carta Aberta, nenhuma obteve resposta” – afirmou a urbanista Tânia Batella, uma das coordenadoras do movimento.

Publicado originalmente na coluna BRASÍLIA POR CHICO SANT’ANNA, no semanário Brasília Capital

O MP também é contra o loteamento da Serrinha do Paranoá, que passaria a abrigar uma população de 7 a 10 mil novos moradores. Segundo entidades de moradores, no local, existem mais de cem nascentes que correm para o Lago Paranoá, bem próximo de onde foi construída emergencialmente uma estação de captação de água. Além disso, o esgoto desse novo loteamento seria tratado na Estação Norte da Caesb, que segundo técnicos já estaria com sua capacidade esgotada.