Poema de Luiz Martins da Silva. Foto de Chico Sant’Anna
Da mesma mão dadivosa e anônima,
Colho relances na impressão dos momentos.
De poderem sair em paz de suas tocas,
A sondar o que há de mansidão no vento.
Súbito, riscam os céus aves ruidosas,
Desviando o que é de olhar para o infinito.
Não há relva nas nuvens, mas ao relento,
Ainda que nas fendas do impoluto granito.
Semeadora de ervas e minhocas pelo mundo,
A mão invisível tolda meus pensamentos,
A demonstrar explosões de brotos e esporos.
Até num lixão há florações de bonança,
A comprovar que da solidão e do silêncio
Exalam-se sentidos, exaltados em cores e aromas.