No Itapuã, o GDF vai inaugurar o muro de uma escola ao custo de R$ 125 mil. É lamentável que moremos numa cidade em que as escolas tenham que ser todas muradas e dotadas de cerca elétrica.
Por Chico Sant’Anna
De uns tempos para cá, os paradigmas lançados por autoridades públicas, aqui e fora do Brasil, estão mais para delegacias de polícia do que para escolas. Nos Estados Unidos, no lugar de coibir o porte de armas, o governo federal propõe que educadores possam portar armas dentre das salas de aula, como forma de evitar matanças como a de Columbine, em 1999, e tantas outras que por lá tem acontecido.

No Brasil, escola pública há muito tempo deixou de ser sinônimo de conforto humano e pedagógico para alunos e docentes.
Não apenas as condições das salas de aulas, do mobiliário, da carência de laboratórios e, por que não dizer, dos baixos salários pagos a aqueles que tem a missão de formar as novas gerações de brasileiros.
Além de sucateadas, nossas escolas mais parecem cadeias públicas. Muradas, com cerca elétrica, arame farpado, portões de chapa de aço, grades nas salas e, principalmente, nos laboratórios. Só faltam aquelas guaritas elevadas.
Certamente não é esse o melhor cenário para o aprendizado das crianças.

O que deveria ser um espaço de congregação de toda a vizinhança se transformou numa espécie de green zone – termo cunhado pelos norte-americanos, após a invasão do Iraque, em 2003, para uma zona de segurança em Bagdad. No interior da green-zone, criou-se uma zona fortemente protegida, com muros altos, policiamento intensivo, uma espécie de paliçada moderna.
Pois bem, essa é a ideia que passa a muitos a lógica espacial de nossos colégios da capital federal. Mais do que uma questão de arquitetura, trata-se de uma questão de exclusão social, daqueles que estão do lado de fora da green=zone. Bem diferentes daqueles valores imaginados por Anísio Teixeira.
Nas redes sociais, é possível ver o anúncio oficial de que o GDF vai inaugurar o muro da Escola Zilda Arns, no Itapuã. A obra, que ainda é dotada de cerca elétrica, custou R$ 125 mil. A escola é voltada para os anos finais do ensino fundamental, o antigo ginásio.
Ou seja, crianças de 10 a 14 anos de idade, que desde cedo começam a ser aculturadas com a ideia das cercas elétricas e dos arames farpados.
É certo que estudantes e professores, além dos servidores das escolas, necessitam de segurança e tranquilidade para estudar e lecionar. Será esta, contudo, a fórmula certa? Não há um erro de abordagem?
É lamentável que moremos numa cidade em que as escolas tenham que ser todas muradas, cercadas de arame farpado e dotadas de cerca elétrica.
Melhor seria se esses recursos pudessem ser aplicados em equipamentos de ensino.
Olá, Chico Santanna, tudo bem. Parabéns pela suas reportagens e postagens. Tenho acompanhado e admirado seu trabalho. Sou professor da SEDF e estou doutorando na UnB com o tema Estresse/Saúde Docente e gostaria de conversar contigo, mesmo que brevemente, sobre esse assunto, a combinar, como uma entrevista, por exemplo, e sobre sua atividade como documentarista. Agradecidamente, Prof. Zeca.
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Professor, grato por suas considerações. Vamos combinar essa conversa. Me mande um email pelo blogdochicosantanna@gmail.com
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*…, tudo bem?
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