As empresas poderão gerir o parque por 20 anos, incluindo a venda de ingressos – com custo de até R$ 33,00 por pessoa -, o controle de acesso ao parque, recepção de visitantes, alimentação, loja de conveniência, espaço de campismo das Sete Quedas e transporte interno. Não foi informado se haverá um repasse de valores ao ICMBio pela privatização e de quanto seria esse repasse
Por Chico Sant’Anna
No apagar das luzes do governo Temer, o governo federal cumpre a promessa – ou seria uma ameaça? – e entrega a gestão do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros à iniciativa privada. Localizado no nordeste de Goiás, até agora ele era administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O acesso das pessoas era gratuito e o primeiro impacto da gestão pela iniciativa privada será a cobrança de ingressos. O contrato de concessão foi assinado no dia 18/12, pelo ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, e as empresas Parquetur Participações e Socicam Terminais Rodoviários e Representações.
A privatização (ou concessão, como preferem as autoridades governamentais) foi anunciada com exclusividade por esse blog em setembro de 2016. Na ocasião, o ministério do Meio-Ambiente, sob o comando do ministro Sarney Filho – que será o secretário de Meio-Ambiente do GDF na administração Ibaneis Rocha – anunciou a privatização de três parques. O Parque Nacional de Brasília, o da Chapada dos Veadeiros e o Parque Nacional do Pau Brasil, na Bahia, foi o primeiro a ser repassado a iniciativa privada.
Água Mineral
Pela proposta, a empresa que arrematasse o Parque Nacional de Brasília cuidaria da portaria, estacionamento, mas também poderia instalar um aquaparque, um centro de convenções e até um espaço para a realização de festas de grande porte. O impacto da notícia e a mobilização dos usuários fez com que o TCU suspendesse o edital da Água Mineral.
Sobre a privatização da Água Mineral, leia também:
- Água Mineral será privatizada. Decisão já foi tomada pelo governo Temer
- Água Mineral pode virar área de festas e ter parque aquático
- Água Mineral: Usuários reagem à privatização
- TCU suspende edital de privatização da gestão da Água Mineral
- Água Mineral: TCU mantém suspensa licitação até que ICMBio dê explicações

Chapada
As empresas vencedoras afirmaram que farão investimentos de R$ 14 milhões em “melhorias na estrutura de uso público do parque, para estimular o turismo de aventura e ecológico”na Chapada dos Veadeiros.
O parque, criado em 1961, está localizado entre os municípios de Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante e Colinas do Sul. Em junho do ano passado, o governo editou um decreto que aumentou a área do parque de 65 mil para 240.586,56 hectares de cerrado. Num passado recente ele esteve sob a ameaça de instalação de usinas hidrelétricas em sua área, mas a intenção empresarial foi rechaçada.
Leia também:
As empresas poderão gerir o parque por 20 anos, incluindo a venda de ingressos, o controle de acesso ao parque, recepção de visitantes, alimentação, loja de conveniência, espaço de campismo das Sete Quedas e transporte interno.
Ingressos
Os preços dos ingressos já foram definidos e passarão a ser cobrados a partir do segundo semestre de 2019. A entrada no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que atualmente é gratuita, será cobrada. Os ingressos custarão entre R$ 3 e R$ 33. O menor valor (R$ 3) será pago por moradores da região do parque; turistas brasileiros pagarão R$ 17,00, do Mercosul R$ 25,00 e dos demais países, R$ 33,00.

Manutenção e limpeza das estruturas, implementação e manutenção de uma exposição no centro de visitantes, de um galpão rústico e de banheiro seco no espaço de campismo das Sete Quedas também serão algumas das atribuições da empresa contratada”. A “gestão do parque continuará sendo executada pelo ICMBio”.
O Ministério do Meio-Ambiente não pretende parar seu política de privatização. No cronograma do governo prevê ainda que os parques nacionais dos Lençóis Maranhenses (MA), Itatiaia (RJ), Caparaó (MG) e da Serra da Bodoquena (MS) passem a ser administrados por empresas.