Dois novos anfíbios foram identificados na área do Parque do Salto Tororó. A região é a nova fronteira da expansão urbana no Distrito Federal.
Por Chico Sant’Anna, com base em texto distribuído pelo Ibram
Embora se depare com um processo de urbanização selvagem, a natureza dá mostra de resiliência em áreas que sofrem pressão fundiária no Distrito Federal. Espécies ainda não descritas, endêmicas e ameaçadas de extinção foram identificadas nos limites do Parque Distrital Salto do Tororó, localizado ao longo da DF-140.

O Parque Distrital Salto do Tororó, é uma unidade de conservação que surgiu devido a urbanização crescente e a pressão de ocupação das áreas na região. A proposta é promover e conservar os recursos naturais da região, como forma de assegurar o Meio Ambiente equilibrado à população local e a preservação do Bioma Cerrado no Distrito Federal. O salto do Tororó, uma queda livre de cerca de 12 metros de altura, é uma das riquezas do local. Ele se localiza na Região Administrativa de Santa Maria – DF.
Leia também:
- Alerta ambiental: cobras do cerrado em perigo de extinção
- Em 30 anos, cerrado brasileiro pode desaparecer
As descobertas científicas fazem parte de etapa preliminar do Diagnóstico de Fauna do parque, prevista no Plano de Manejo da área e estão sendo analisadas pelas diretorias de Fauna (Difau) e de Implantação de Unidades de Conservação (Dipuc) do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). A ocorrência das espécies indica que há um trânsito de fauna na região. “É provável que isso ocorra pela proximidade com áreas preservadas como o Jardim Botânico e a Reserva Ecológica do IBGE”, diz Carolina Lepsch, diretora da Dipuc.

No local, foi encontrado um pequeno roedor, mamífero da espécie Thrichomys sp., vulgarmente conhecido por rabudo, punaré ou rato-boiadeiro. Segundo a bibliografia científica, seu habitat mais tradicional é litoral do Nordeste do Brasil, a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, embora também esteja presente no Paraguai e Bolívia. Por não ter sido descrita, não há informações precisas sobre sua biologia, ecologia, dados populacionais, distribuição e estado de conservação.
Anfíbios
No grupo dos anfíbios foram registradas duas espécies: Aplastodiscus lutzorum é uma rã que foi identificada pelos especialistas apenas em 2017. Ela foi encontrada em apenas três localidades: Unai – MG, Alto Paraiso – GO, e agora em Brasília. Todos os exemplares encontrados foram avistados em florestas de galerias, com palmeiras da espécie Buritis (Mauritia flexuosa). Dai a importância da preservação do bioma do Cerrado, em especial nas áreas de várzeas.
A nova rã recebeu o nome de Aplastodiscus lutzorum em homenagem aos pesquisadores Adolfo e Bertha Lutz, pioneiros nos estudos das espécies do gênero. Ela é encontrada exclusivamente no bioma Cerrado e seu grau de ameaça não é conhecido. Ao olhar do leigo seria mais uma simples perereca, mas trata-se de uma nova espécie devido a seu tamanho reduzido em relação a outras espécies. Ela é pouco maior do que a ponta do dedo polegar, possui de 30 a 36 milímetros de comprimento, sendo a menor do ramo da espécie. A diferença básica para outras rãs é a coloração bicolor da iris

A outra espécie foi o lagarto Enyalius capetingae. É um animal descoberto recentemente pelos cientistas e já foi alvo de publicações científicas internacionais. Foi identificado apenas em 2018 e foi visto pela primeira vez na Fazenda Água Limpa da UnB, onde há o Riacho da Capetinga. Daí seu nome. Ele habita as matas de galeria do Cerrado no Distrito Federal. Também já foi visto em Catalão e Paracatu. Esse novo “calango” foi alvo de pesquisadores da Universidade Católica de Brasília que consideraram o exemplar candango uma evolução independente da espécie Enyalius, tradicional da Mata Atlântica.
O trabalho registrou, ainda, a ocorrência de espécies ameaçadas de extinção como o Lobo Guará (Chrysocyon brachyurus) e aves como o Papagaio-galego (Alipiopsitta xanthops); Tapaculo-de-Brasília (Scytalopus novacapitalis) e a Campainha-azul (Porphyrospiza caerulescens).
“Apesar de o parque estar próximo à APA Gama e Cabeça de Veado, a área faz divisa com inúmeros condomínios e sofre com a pressão de novos parcelamentos. Nesse contexto, as informações do plano de manejo podem subsidiar ações de conservação e preservação para área. A fauna ainda respira em nossos parques”, comemora Rodrigo Santos, membro da Comissão Interdisciplinar de Análise do estudo.
As áreas irão continuar ambientais, mas PARTICULARES. Pois se cair nas mãos do governo, simplesmente irão desaparecer. Pior de tudo vir com argumento ecoxiita. Inexiste crescimento urbano sustentável no Planeta. Interessante argumento, eu imagino, será se fosse implantado hoje, existiria o Park Way? Com certeza NÃO. agora uma coisa é certa, muitos artigos são publicados, aonde os defensores do meio-ambiente e tombamento de Brasília são justamente os maiores algozes. E ainda tem a cara de pau de fazer movimento para arrancar o aeroporto do lugar. Quem está no lugar errado é justamente o Park Way. Com a desculpa com a criação de proteger o cinturão verde de Brasília. Até aonde se sabe, o Park Way, não deveria ter sequer a atual configuração.
CurtirCurtir