O Planalto Central é considerado um local adequado para a produção de vinhos em função do clima seco e da amplitude da variação térmica. Dias quentes e noites frias. Desta forma, é possível obter duas safras por ano, enquanto que no Sul do Brasil é colhida apenas uma.

 

Por Chico Sant’Anna

 

Você já se imaginou saboreando um Chateau Pipiripau? Ou quem sabe um Cabernet Sauvignon Rio Negro? Ou se preferir, um Pinot Noir Descoberto.

O leitor deve pensar que o articulista bebeu, mas ainda não. Produtores rurais candangos, que já produzem uvas aqui mesmo no Cerrado, sonham em entrar no seleto circuito da vinicultura, hoje concentrada no Sul do País e, mais recentemente, no vale do Rio São Francisco.

A produção de vinho no Entorno de Brasília já vem se firmando há algum tempo. Experiências isoladas no Estado de Goiás são conhecidas e algumas vitoriosas. No município de Cocalzinho de Goiás, às margens do Rio Corumbá, cravada na Serra dos Pireneus, a Fazenda Pireneus decidiu apostar nos vinhedos. A ousadia foi premiada, em 2010, os vinhos Bandeiras e Intrépido, foram agraciados com o título de melhor vinho tinto pelo Anuário de Vinhos Brasileiro do Instituto Brasileiro de Vinhos de 2012. O Bandeiras é produzido com a italiana uva Barbera e o Intrépido, por sua vez, é produzido com uvas francesas Syrah.

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O Distrito Federal já conta com cerca de trinta produtores de uva, que alcançam uma média de 25 toneladas por hectare, que equivale à produtividade dos vinhedos já estáveis do Vale do São Francisco. Ao todo no DF existem 70 hectares plantados, principalmente com a variedade Niágara Rosada. Apenas dois produtores estão produzindo vinho de mesa que ainda não foi colocado no mercado. Os empreendedores, contudo, em especial no PA-DF, estão investindo em variedades mais finas como Cabernet Sauvignon, Syrah e Pinot Noir, com vistas à produção de vinhos.

Saboreie o poema

O Planalto Central é considerado um local adequado para a produção de vinhos em função do clima seco e da amplitude da variação térmica. Dias quentes e noites frias. Desta forma, é possível obter duas safras por ano, enquanto que no Sul do Brasil é colhida apenas uma.

Brazlândia e Planaltina apresentam as melhores qualidades de solo para vinhedos. Trata-se, contudo, de uma cultura que requer irrigação para vencer a secura regional.

Quase a totalidade, cerca de 90%, da uva que entra no DF chega de outros estados e até de outros países. Basicamente da Argentina e do Chile. Para fazer crescer a produção local, a Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros do DF e Entorno (Asphor) e o Sindicato dos Floricultores, Fruticultores e Horticultores do DF (Sindifort) estão selecionando agricultores interessados em produzir uva por essas bandas. A parceria envolve o Serviço Nacional de Aprendizagem Geral (Senar-DF), que seria responsável pela assistência técnica para apoiar o cultivo.

“Podemos aproveitar o potencial da fruta in natura e o da produção de vinho. Já temos vinho de qualidade sendo produzido no Entorno. Vamos ajudar a estruturar esse grupo de produtores e fazer um levantamento da viabilidade econômica da produção” – destaca o superintendente do Senar-DF, Everaldo Firmino.