Por Luiz Martins da Silva
A menina baiana tinha um jeito
Para sanfona e doce de fruta.
Mas, descobriu melhor melodia
Estendendo a mão aos aflitos.
Numa noite, uma criança,
Numa esteira, uma cuia vazia,
Implorava, tiritando de febre:
“Não me deixes morrer na rua”.
Eram tantas as pessoas atiradas
Nas vielas, sarjetas, calçadas!
Encontrou abrigo para tantos
Exilados da Humanidade.
Então, a menina quase sanfoneira
Os levou para casas abandonadas,
Que viraram orfanatos, maternidades…
E até um galinheiro, um hospital.
Doce irmã, agora, santa,
Ao lado de Deus, canonizada.
Finalmente, podes tocar uma sanfona,
Para que ouçamos um doce chamado.
Silente, frágil, uma voz terna
Tira-nos de uma secular letargia.
Legiões ainda precisam de um teto.
Milhões não têm uma vaga num hospital.
O poeta silente embora voando por nuvens intocadas não esquece a bruteza que está no chão e brada ao final da canção o sofrimento fora dos hospitais que não abrigam nem a morte fos desvalidos.
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Ela foi uma grande mulher. Uma canonização merecida.
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Ainda hoje lembro quando, ainda garoto, estudava numa escola próxima às Obras Assistenciais Irmã Dulce, no Largo de Roma, em Salvador. Quantas vezes, após o término das aulas, eu esperava o ônibus para ir para casa e via Irmã Dulce passar. Às vezes só, outras vezes, muitas vezes, levando alguém, algum miserável da Bahia para ser acolhido.
Quando eu a via passar, e muitas vezes me cumprimentar, e até de quando em vez com um carinhoso toque no meu ombro, uma coisa eu tinha certeza. Ali, diante de mim, ainda garoto nos meus 11, 12, 13 e 14 anos, não estava uma simples pessoa construindo aquela obra social. Estava um anjo, o Anjo Bom da Bahia.
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