Poema de Luiz Martins da Silva. Foto de Chico Sant’Anna
[Para Gabriela Tessmann]
O tempo do meu bem,
Quanto tem a perceber!
E imagino que o seu
Tão tenha por fazer.
Disparado, o mal vai longe,
De onde teima em não ouvir
O mais frágil dos apelos:
Para, nem sabes aonde ir.
Obstinado, não atende,
A não ser o que pretende,
Ir até o fim da ira.
Fica lá, no fim do mundo.
O Bem, bem atrasado,
Lamenta o tempo perdido.
Mas, acorda, conformado,
Mais vale o não-iludido.
Cuidar bem, do aqui e agora,
O que está perto, sem delongas.
Pois, se não, virá a saudade
Do bem que perdeu a hora.