O UP, que leva o mesmo nome da coalizão partidária de esquerda que elegeu, nos anos 70, o presidente chileno, Salvador Allende, é fruto das Jornadas Populares de Junho de 2013. Seu presidente provisório é Leonardo Péricles, jovem negro, ativista de movimentos de moradia e residente na Ocupação Eliana Silva, em Belo Horizonte (MG).

 

Por Chico Sant’Anna

 

Vem ai um novo partido político. Não me refiro ao direitista Aliança pelo Brasil. Antes dele, um novo partido de esquerda surge no espectro partidário nacional. Trata-se do Unidade Popular pelo Socialismo – UP. O seu registro eleitoral foi aprovado por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral -TSE na noite do dia 10/12. Ele não saiu do racha de nenhuma costela de partidos progressistas já existentes, como ocorreu com o PSTU, PCO e Psol, todos surgidos a partir de divergências internas no PT.

Presidente do Psol-DF, o distrital Fábio Félix, diz achar importante o nascimento de um Partido que é construído a partir da luta social. “A Unidade Popular tem um programa de reorganização da esquerda e deve somar na construção de um campo social de resistência a este governo de extrema direita. Espero que possamos ter grande parceria nessa tarefa histórica de derrotar as ideias fascistas que tiveram crescimento no nosso país.” Quem também saúda a chegada do novo partido, é Jacy Afonso, presidente do PT-DF. “O UP vai fortalecer a esquerda no Brasil em defesa da Democracia”.

O pedido de registro da nova agremiação estava sob análise do Tribunal Superior Eleitoral desde outubro. A petição foi acompanhada pelo apoio de 497.230 assinaturas de eleitores, distribuídas por 15 estados. Foi solicitado ao TSE que autorize o uso do número 80 para a legenda.

O UP, que leva o mesmo nome da coalizão partidária de esquerda que elegeu, nos anos 70, o presidente chileno, Salvador Allende, é fruto das Jornadas Populares de Junho de 2013. Seu presidente provisório é Leonardo Péricles, jovem negro, ativista de movimentos de moradia e residente na Ocupação Eliana Silva, em Belo Horizonte (MG). Ele também dirige o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas. Em entrevista à Revista Fórum, justifica a criação de mais um partido “em decorrência da necessidade de militantes de diversos movimentos populares, sindicalistas, ativistas e jovens, socialistas e comunistas, que há muitos anos desenvolvem importantes e combativas lutas pelos direitos do povo em seus estados, mas que há muito tempo não se sentiam mais representados pelos partidos legais existentes”.

Publicada originalmente na coluna BRASÍLIA, POR CHICO SANT’ANNA, no semanário Brasília Capital.

Horizontal e pela base

O partido se auto define como marxista unitário e, diferentemente de outros, como o PT e o Psol, não aceita tendências. Ao contrário de Allende, que visava transformar o estado burguês chileno em socialista, atuando a partir da classe média, da burguesia, o UP promete um caminho inverso: Menos gabinetes e escritórios, mais militância nas comunidades, nas ruas, no meio do povo. Uma ação horizontalizada. O UP já conta com nove diretórios estaduais reconhecidos pelos Tribunais Regionais Eleitorais. O do Distrito Federal ainda está em fase de organização. Por aqui, o UP tem inserções dentre universitários da UnB, em especial dos campi Darcy Ribeiro e de Planaltina, professores da redes pública e privada e também junto a movimentos identitários. Autorizado pelo TSE, já poderá disputar as eleições municipais de 2020.

Sopa de letrinha

Atualmente, 36 partidos estão oficialmente registrados na Justiça Eleitoral. Desses, nove partidos que não atingiram a chamada cláusula de barreira nas eleições de 2018 terão que definir seus futuros. Alguns deles já se fundiram a outras agremiações, como o PHL, ao Podemos; o PPL, ao PC do B; e o PRP, ao Patriota; mas outros, como a Rede, ainda não decidiram o que fazer.