Por Luiz Martins da Silva. Foto de Chico Sant’Anna

I

No início era o verbo.
E o papel dos escribas
Antecedendo o papiro.

II

Então, a palavra se fez leito.
Pedra, madeira, argila,
Pergaminho, tintas e lacres.

III

A escrita eram os reinos.
O poder dos mortais.
As leis, estas ilusões do mando.

IV

No início era o canto.
O vento, o pássaro, o rio…
E o amor, um ser a pedir voz.

V

Cálida ou fria,
A caligrafia, amálgama e molde.
Esculpir sobre areia e espuma.

VI

Aqui estamos, cristais líquidos.
Às máquinas, a exclamação
Dos nossos clamores.

VII

O lastro do amor é a saudade.
Acordar e viver não alcançam o sentir.
Escrever, sim, clara douração, parábola.