Como se fossem memoriais em homenagem a fauna do Cerrado, Park Way ganha novas esculturas de animais silvestres. Sob risco de extinção, Raposa do Cerrado é uma das homenageadas.

Por Chico Sant’Anna

Há muito do Park Way é habitada por animais silvestres vivos e também por esculturas que homenageiam a fauna local.

Obras retratando tamanduás, jacarés, panteras, capivaras, lobos guarás, tuiuiús, dentre outros, já fazem parte da paisagem local, em especial a da quadra 28. Elas estão lá, pertinho uma das outras. A cada centena de metros, das três ruas que conformam a quadra tem alguém se exibindo para quem passa, em especial as crianças. Até uma rotatória foi batizada de Balão das Antas, em decorrência da decoração peculiar ali existente.

Agora, no Natal, como se fosse um presente de Papai Noel, a comunidade ganha três novas peças. Chegaram e se aboletaram como se fossem memoriais em homenagem a fauna do Cerrado. Sob risco de extinção, a Raposa do Cerrado é uma das homenageadas. Também chegaram dois filhotes de pantera: uma pintada e outra negra. 

Os dois filhotes foram apostados na entrada da quadra 28, fazendo companhia a esculturas de panteras adultas já existentes no local. Elas ainda não têm nomes – um concurso entre as crianças será realizado. Toda essa iniciativa é de um dos moradores, Gil Marcelino, que possui um ateliê na quadra.

À entrada do seu condomínio, além de uma família de capivaras, uma proteção à bicharada: São Francisco de Assis zela por todos. Vaquinhas são realizadas na comunidade para ajudar nos custos de confecção e manutenção.

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Mas não são só animais esculpidos que coabitam a região. A região é povoada por animais verdadeiros que tentam garantir um espaço e a sobrevida na área urbana. A própria estátua da raposa é homenagem a um casal de canídeos que tem passeado por lá.

A raposa do campo (Lycalopex vetulus), que foi vista nas imediações das quadras 27 e 28,  é um animal encontrado apenas no Cerrado brasileiro e que está em risco de extinção, em decorrência do avanço dos processos de urbanização e do agronegócio. Fotos de Chico Sant’Anna.

A raposa do campo (Lycalopex vetulus) é um animal encontrado apenas no Cerrado brasileiro e que está em risco de extinção, em decorrência do avanço dos processos de urbanização e do agronegócio. Também conhecida por raposa-do-campo ou simplesmente raposinha, é uma espécie de canídeo pouco estudada e pouco conhecida dos cientistas, mas algumas particularidades em relação a outras espécies já são conhecidas. Apesar de ser um animal carnívoro, a raposinha se alimentar preferencialmente de cupins, item presente em até 90% das fezes da espécie. Também gosta de se alimentar de outros invertebrados, de frutos e de roedores, agindo assim como um importante controlador da presença de ratos no bairro.

Outro diferencial destacado é o papel do macho na alcateia. O pai tem papel primordial na criação e proteção dos filhotes. É ele quem traz comida e protege a ninhada de possíveis  agressores, enquanto a mãe passa as noites caçando, indo poucas vezes na toca para amamentá-los.

As esculturas requerem constante manutenção, seja para reparar a ação do tempo, seja da violência dos vândalos, Nessas horas, além da cotização dos vizinhos, todos precisam arregaçar as mangas e fazer força. Foto de Chico Sant’Anna.

Vândalos

Iniciativas como essas da comunidade do Park Way atraem admiradores mas também malfeitores. As obras em tamanho real dos animais, em concreto armado, atraem curiosos de todas as bandas, mas nem a firmeza do aço e do cimento e a proteção de São Francisco afugentam vândalos. Enquanto alguns pais trazem suas crianças para serem fotografadas ao lado das “feras”, outros preferem a destruição. Diversas imagens tem sido vandalizadas ou alvo de tentativa de roubo. Como são fortemente chumbadas ao solo, acabam sendo quebradas pelos que tentam roubá-las.