
MEC lança novo arrocho sobre Universidades e proíbe novas contratações. UnB pretendia contratar 207 novos docentes e 335 técnicos para repor vagas de aposentados. Medicina, Engenharia, Serviço Social, Geografia, História e Filosofia são os cursos mais afetados.
Por Chico Sant’Anna
O novo ano nem tinha completado dez dias e o Ministério da Educação lançava mais um torpedo para fragilizar as Universidade Públicas Federais. O primeiro ofício circular expedido pela secretaria de Ensino Superior do MEC – Sesu, foi para comunicar que em 2020 não serão permitidas novas contratações de professores e de técnicos. Essa decisão foi retransmitida em Comunicado a Comunidade Acadêmica da Universidade de Brasília, pela Reitora Márcia Abrão Moura. A UnB tinha planos de contratar 207 professores, cerca de 8% dos docentes efetivos e 335 técnicos (10,4% do quadro). Tudo agora fica suspenso. O desmantelamento do ensino público superior no Brasil parece ser a meta principal da atual gestão da educação brasileira.

No Ofício-circular nº 1/2020/ CGRH/Difes/Sesu/Sesu-Mec, datado de 8 de janeiro, o titular da Sesu, Roberto Endrigo Rosa, ainda esclarece que a eventual nova nomeação de professores ou técnicos será considerada ato nulo. Vale lembrar que a folha de pagamento das 63 universidades federais, existente no Brasil, sai do orçamento da União consignado ao Ministério da Educação, e dessa forma, quem vier a ser nomeado pelas Universidades Federais ficaria sem receber salário.
A direção da UnB nos informa que já havia um pressentimento que isso pudesse vir a ocorrer agora em 2020. “A UnB se preparou como pôde para este desfecho, providenciando todas as nomeações possíveis até o final do ano passado. Paralelamente, juntamente com outras instituições, via Andifes (Associação dos Dirigentes das IFES) e Forgepe (Fórum de Pro-reitores de Gestão de Pessoas), vinha tentando sensibilizar o MEC para liberar as nomeações o quanto antes, para evitar prejuízos para as instituições. Infelizmente, o que recebemos foi a confirmação do mau presságio” – afirma o Chefe de Gabinete da Reitoria, Paulo Cesar.
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Consultada, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior – Andifes afirmou apenas que “O Fórum Nacional de Pró-reitores de Gestão de Pessoas da Andifes (Forgepe) está acompanhando essa pauta, mas ainda não temos dados suficientes para avaliar o impacto real.”

A decisão do MEC pega também concursos terminados cujos aprovados ainda não foram nomeados e aqueles que estão em andamento. “Em relação aos docentes, temos 10 concursos já finalizados com 1 candidato aprovado dentro das vagas ofertadas. Além disso existem 40 concursos em andamento, que podem ter seus resultados publicados a qualquer momento, para o quais não poderemos realizar contratações. Quanto aos técnicos temos apenas um concurso com candidatos aprovados para o qual também não poderemos realizar contratação” – informa a UnB.
A grande maioria das universidades brasileiras, inclusive a Universidade de Brasília, terminou o ano com um volume de aposentadoria grande. Técnicos e professores anteciparam suas retiradas para não serem pegos pela Reforma da Previdência do presidente Jair Bolsonaro que retirou direitos sociais de muitos trabalhadores na iniciativa privada e principalmente, no serviço público federal. “A gente já sabia que não iria ter expansão do corpo docente e técnico. Então, o que nos restava era a reposição das vagas abertas. É impressionante e imprevisível o número de aposentadorias, exonerações, falecimentos verificados em 2019, além dos que irão ocorrer esse ano” – complemente Paulo Cesar.

Por ser o campus mais antigo, dos quatro campi que possui no DF, as instalações da UnB na Asa Norte deve ser a mais prejudicada com a proibição de novas contratações. “Os cursos mais afetados são os de Medicina, Engenharia, Serviço Social, Geografia, História e Filosofia” – detalha a UnB.
As universidades federais brasileiras possuem mais de 2 milhões de universitários em cursos de graduação. Pesquisa realizada em maio de 2019 apontou que 70,2% desses estudantes são de baixa renda, com renda mensal familiar per capita de até 1,5 salário mínimo, por mês. O outro extremo, de estudantes com rendimento maior que dez salários mínimos, não chega a somar 1% do total. Além disso, a pesquisa também apontou que 51,2% do total de estudantes se autodeclaram negros

Segundo noticiou jornal Folha de São Paulo, o orçamento do Mec em 2020 será 17,21% menor do que o de 2019, caindo de R$ 122 bilhões para R$ 101 bilhões, e os maiores cortes estavam na área de pesquisa científica, que perderá metade do já baixo orçamento conferido em 2019; e para os professores que atuam na Educação de Base. No caso especifico da Universidade de Brasília, a previsão é que nesse ano o orçamento seja 24% menor do que foi no ano passado, período em que a Universidade teve que fazer ajustes severos, inclusive com a demissão de trabalhadores terceirizados.
A Reitoria da UnB se diz bastante preocupada com esse novo cenário de proibição de reposição do quadro de servidores docentes e técnicos-administrativos. “Gestão junto aos fóruns competentes vem sendo desenvolvida no sentido de sensibilizar o governo federal para os prejuízos à vida estudantil e o adequado funcionamento da instituição” – conclui. Ainda sem data prevista, o MEC admite estabelecer “oportunamente” novos limites de plantel de docentes e servidores, mas sem garantir que novas contratações serão autorizadas.
Não entendi, eu li tanto o ofício como a portaria de agosto de 2019 e pelo que eu entendi está desautorizado a nomeação até sanção da LOA2020, pois o Sesu irá definir como vão ficar os quadros de vagas.
Na Loa 2020 tem cerca de 19 mil vagas para professores e técnicos.
Porque você está falando que está proibido?
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Porque as potenciais vagas existentes só poderão ser utilizadas quando e se vierem a ser autorizadas. Qualquer nomeação sem essa autorização será considerado ato nulo.
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Ato nulo antes da sanção da Loa 2020, certo? É o que fala a portaria e o ofício. Se tiver outro documento que fale diferente poderia informar? Quero questionar as Ufs e Ifs, porque em contato com algumas informaram que a previsão a nomear a partir do dia 21/01, quando a Loa já deverá ter sido sancionada.
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.
§ 1º – Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção.
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013)
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República.
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
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A imagem da circular do MEC, bem como o seu número, está no corpo da matéria
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Fui aprovada no concurso público para professor de história da África Na Universidade Federal de Sergipe e estou aguardando nomeação. Vou entrar com uma ação coletiva contra o mec exigindo a imediata contratação dos concursados aprovados. Estou em busca de pessoas que estão na mesma situação para aderir a esta ação. Se puder compartilhar essa informação, agradeço
https://secure.avaaz.org/po/community_petitions/ministerio_da_educacao__pela_contratacao_imediata_dos_concursados_aprovados_em_concursos_publicos_nas_universidade/?lVaCrpb
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Muito despertado sua observatória Chico!!
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É “impreCionante” as ações desse (des)governo na área da “educaSSão”. E em todas as “outas”
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Enfim, até os professores substitutos ficarão sem nomeação? Não está autorizada a contratação de temporários?
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Sobre temporários eu não saberia responder. Mas vou apurar.
.
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Márcia
Resposta da UnB, qto a sua consulta.
Bom dia, Chico!
As respostas:
Sim, a norma vale também para substitutos.
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E sobre as nomeações publicadas até o dia 07/01?
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Não sei lhe responder. Posso tentar apurar. Elas são datadas desse ano ou do ano passado?
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Wagner
Consultei a reitoria da UnB sobre sua duvida.
Resposta
1) A UnB não publicou nomeações após o dia 31 de dezembro, ciente da determinação do ano passado.”
Se vc consulta sobre outra Universidade, melhor se informar junto a ela.
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A UFPB suspendeu uma nomeação publicada no dia 3/1 (portaria do dia 2 de janeiro…
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Não entendi se a proibição é válida apenas para a UNB, desde já, ou para todas as federais. O artigo menciona que as 63 federais serão atingidas mas depois volta a falar apenas da UNB.
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Afeta todas as Universidades Federais. A referência à UnB é decorrente do blog ser sediado em Brasília.
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Gostaria saber se os nomeados antes do 31/12/2019, mas que tomaram/tomarão posse depois (a contratação é no momento da posse) estão inclusos neste problema.
Obrigado
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Creio que quem foi nomeado até 31-12-2019 deve ter garantida a posse, mas recomendo consultar a universidade para a qual vc fez concurso
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Chicho Sant’Anna, estou esperando o aval do MEC em pedido de redistribuição. Meu processo está lá desde dezembro de 2019? Como você acha que fica a minha situação?
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Caro Arthur
Creio que o mais recomendável seja uma consulta direta ao Mec
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Essa restrição vale para todas as Universidades Federais e todos os Institutos Federais de Ensino?
A LOA 2020 já foi promulgada, porém agora veio a notícia que o MEC também suspendeu as nomeações até que seja publicada a portaria com os quadros de distribuição de vaga, alguém sabe quanto tempo para liberação do respectivo quadro?
Att,
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Sim vale para todas as unidades federais de ensino. Até esse momento (10h37 de 22/01/2020) não há nenhum novo ato que reveja a posição anterior.
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Chico, estão saindo rumores de que as nomeações serão liberadas amanhã (11/02/2020). Sabe se procede? Grata
Enviado do Yahoo Mail para iPhone
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Nao tenho essa informação. Sei que o MEC revogou a portaria que limitava a participação de pesquisadores em eventos científicos
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https://editalconcursosbrasil.com.br/noticias/2020/01/bolsonaro-autoriza-51-391-vagas-para-concursos-publicos-em-2020-veja-a-distribuicao/
Vi essa reportagem da aprovação da Loa, já se tem algum novo parecer do Mec em relação as novas contratações ?
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Até a data de hoje, (10h37 de 22/01/2020) não.
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Já saiu, ontem, a LOA.
Quando começarão as nomeações de novo?
Falta alguma outra coisa?
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O governo não definiu datas. Disse que após a sanção da LOA, “OPORTUNAMENTE” iria definir as contratações autorizadas.
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“oportunamente” pode ser qualquer momento entre “poderão dar aulas no período 2020-1” e “aprovação de novas leis para os servidores federais”.
Enfim, só podemos torcer
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Ainda não existe nenhuma previsão do MEC para a liberação dos bancos para a autorização da contratação de servidores e docentes nas universidades?
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Ainda não há qualquer novidade sobre isso
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Já a UFRJ adiou as inscrições de seu concurso 2020, deveram começar no dia 03/02, devido que estão (…aguardando liberação das vagas pelo Governo Federal referente ao “banco de equivalência de vagas”…)
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concourso que prestei tem validade até março desde ano, seria a próxima a ser nomeada, desta forma acho que não vai dar mais para mim! que triste estudar se dedicar e não poder ter o que e seu por direito!
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Sugiro vc procurar um advogado. Quem sabe não consegue assegurar sua nomeação.
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Existe possibilidade de o MEC não se pronunciar mesmo após a aprovação da LOA? que demora . Estou apreensiva meu nome foi para nomeação no inicio de janeiro.
O que me espanta é o grande número de concurso aberto para universidades. Será que eles tem alguma informação?
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Chico,
Segundo informações extraoficiais o MEC enviou ontem à tarde um ofício liberando as nomeações a todas as instituições.
Já tem conhecimento sobre tal informação?
Na expectativa de um retorno.
Att,
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Ainda não, mas vou apurar
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Algumas instituições já começaram a nomear docentes e técnicos administrativos. Por exemplo, a UFC tem portarias do dia 11/02/2020 publicadas no dia 13/02/2020 com várias nomeações.
Será então que o MEC realmente já liberou as nomeações para todas as UFs?
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Marcos Daniel
Contactei o Mec e algumas universidades. Não tive retorno da minha consulta. Continuo questionando para apurar corretamente
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Bom, a UFRJ adiou as inscrições de um novo concurso devido ao bloqueio das nomeações. Mas ontem começaram as inscrições de novo.
Enfim, alguma coisa deve ter acontecido com esse bloqueio às nomeações, msg neguem fala nada oficialmente.
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Foi liberado, só cabendo a cada instituição fazer a análise de orçamento para que não ultrapassem os limites orçamentários de 2020 acredito que por isso ainda não começaram as nomeações em maior volume.
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À comunidade universitária, A Universidade de Brasília e as demais instituições federais de ensino superior receberam, neste mês de fevereiro, dois ofícios do Ministério da Educação sobre despesas com pessoal ativo e inativo e seus impactos no orçamento deste ano (ofício circular nº 8/2020/GAB/SPO/SPO-MEC e ofício nº 40/2020/CGRH/DIFES/SESU/SESU-MEC). De acordo com os ofícios, as “Unidades Orçamentárias vinculadas ao Ministério da Educação, ao promover novos atos que aumentem as despesas com pessoal ativo e inativo, benefícios e encargos à servidores e empregados públicos, devem observar as legislações pertinentes e abster-se de realizá-las em montantes cujos totais não estejam devidamente autorizados.” Após análise dos documentos, esclarecemos que: 1) As despesas com pessoal das IFES são obrigatórias, amparadas por legislação específica e de responsabilidade dos ministérios da Economia e da Educação. Assim, o Decanato de Gestão de Pessoas manterá a inclusão em folha de todos os direitos dos servidores técnicos e docentes da UnB, como auxílio-creche, insalubridade e progressão funcional, entre outros. 2) As contratações, para o quadro efetivo ou de professores substitutos, são fundamentais para o pleno funcionamento da Universidade e estão igualmente amparadas por lei. Desse modo, a UnB manterá as contrações, as quais, é importante ressaltar, não se referem a vagas “novas”. São, sim, reposições decorrentes de vacâncias provocadas por aposentadorias, mortes ou afastamentos por licença-maternidade, por exemplo. A Administração seguirá acompanhando, com cautela e responsabilidade, os desdobramentos acerca desse assunto, em articulação com outras universidades e com a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). A entidade já vem atuando junto ao Congresso Nacional e ao Tribunal de Contas da União (TCU) para buscar uma solução definitiva para esse grave e complexo problema. Reiteramos, ainda, nosso compromisso com o diálogo, a transparência e os princípios constitucionais que regem a Administração Pública e as universidades federais brasileiras. Manteremos a comunidade informada sobre esse tema. Márcia Abrahão MouraReitora Enrique HuelvaVice-reitor
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Sera que depois de tanto tempo, queda de ministro entre outras coisas, existe alguma previsão de quando as nomeações vão voltar ao normal ?
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