Em seu planejamento estratégico, o BRB estabeleceu como diretriz a expansão nacional do banco e admite existir estreita relação entre os projetos do BRB e do Piauí. Foto Paulo H. Carvalho/Agência Brasília.

BRB estuda abrir agência em Corrente, Piauí. A população da cidade é três vezes menor do que Itapoã, no Distrito Federal, que ainda não possui agência do Banco.

 

 

Por Diego Amorim, publicado originalmente no O Antagonista

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), esteve em finais de janeiro em Teresina, Piauí, para lançar a candidatura de um emedebista à Prefeitura da cidade. Mas não foi só isso: Ibaneis aproveitou para iniciar as negociações em torno do seu plano de instalar agências do Banco Regional de Brasília (BRB) em cidades do Piauí, incluindo Corrente, onde cresceu e tem fazendas.

Corrente, no sul do estado, é um município de 25 mil habitantes, cujo salário médio é de 1,8 salário mínimo. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total é de 9,9%. A cidade não aparece entre os 10 maiores PIBs do estado. Não se destaca na indústria, nem no comércio ou em serviços. No agronegócio, é apenas o 9º município piauiense com maior valor adicionado bruto.

Perguntamos ao banco que demandas partem do Piauí que possam justificar a existência de agências do BRB naquele estado. Perguntamos também se o banco tem ciência de que Corrente é “berço” do atual governador.

Em nota, o BRB respondeu que “atualmente, o BRB está presente no DF e nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais” e que, “em seu planejamento estratégico, o BRB estabeleceu como diretriz a expansão nacional de suas atividades, a diversificação de sua base de clientes e a digitalização de seu atendimento”. São exatamente os mesmos argumentos da assessoria do governador.

Em 2019, Ibaneis Rocha foi condecorado pelo governo do Piauí. Foto de Renato Alves/Agência Brasília

É nesse contexto, segundo o banco e Ibaneis, que está sendo estudada a abertura de agências em outros estados. Na própria nota de resposta ao Antagonista, porém, o banco admite a estreita relação entre os projetos do BRB — ou seriam de Ibaneis? — e o Piauí, onde o governador tem raízes e pretensões políticas.

Segundo a instituição, foi firmada uma parceria com a Federação do Comércio daquele estado para “instalação de escritórios de negócios para prospecção de clientes e a possibilidade do processamento das folhas de pagamento dos empregados vinculados às entidades empresariais e de seus filiados”.

O texto diz também:

“Cabe destacar, ainda, que o BRB firmou parceria com o governo do Estado do Piauí para a oferta de produtos e serviços de crédito em diversas modalidades como financiamento imobiliário, crédito rural e microcrédito, além de captação de recursos junto a investidores institucionais.”

O BRB já pode se chamar Banco Regional do Ibaneis.