Proposta do Ibram para o Parque as Sucupiras prevê sua transformação numa grande área de entretenimento, com equipamentos para eventos e shows, estacionamentos, quadras desportivas, além de espaço para comercialização de alimentos e outros produtos, descaracterizando sua missão de Parque Ambiental e trazendo impactos negativos à última mancha urbana de Cerrado dentro do Plano Piloto.
Por Madalena Rodrigues. Fotos de Fernando Lopes
O Parque Ecológico das Sucupiras, localizado à beira do Eixo Monumental, próximo à capela Rainha da Paz, está sob ameaça de ser descaracterizado. Na última sexta-feira, 15/5, a Associação do Parque Ecológico das Sucupiras (APES) foi surpreendida pela divulgação, pelo IBRAM, de consulta virtual para a elaboração do plano de manejo do parque. O órgão estabeleceu prazo exíguo de apenas 14 dias, até 29/5, para preenchimento e envio de questionário pelos interessados, e já iniciou o cercamento da área. A APES, juntamente com dezenas de apoiadores, cuida da área há mais de 20 anos com mutirões de capina e limpeza, brigada contra incêndio e plantio de espécies nativas, e reclama maior participação em políticas públicas de intervenção na área.
A associação considera o prazo de consulta estabelecido pelo Ibram desrespeitoso e inexequível. Entende que a elaboração do plano de manejo para um parque ecológico deve obedecer a uma série de etapas de consulta e aos parâmetros previstos na legislação e no SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação). Tais parâmetros dizem respeito, por exemplo, à proteção de áreas preservadas, à recuperação de solos degradados e ao tipo de uso que a comunidade considera desejável. Também faltou considerar que os moradores, usuários do parque, vivem o período de quarentena, às voltas com outras apreensões causadas pela pandemia. O momento é visto como inadequado para a deflagração de uma consulta pública, e com prazo de resposta tão reduzido.
A proposta do Ibram prevê a instalação de diversos equipamentos dentro da poligonal do parque – quadras esportivas para uso comum e disputas de campeonatos, equipamentos para eventos e shows com música alta, espaço para comercialização de alimentos e outros produtos, além de pátios de estacionamento – que trariam impactos negativos ao Cerrado. O Parque das Sucupiras ocupa 26 ha e é o último remanescente de vegetação nativa na área central de Brasília. Abriga centenas de espécies de árvores como sucupiras, aroeiras, pau-santo, barbatimão, angicos, ipês, cajueiros, pequizeiros e outras, que além de sua importância medicinal ou para a continuidade da espécie, são habitat para aves que transitam pela região.
O parque foi oficialmente criado em 2005, também por iniciativa da APES, por meio de decreto do então governador Joaquim Roriz. A comunidade teme prejuízos a um nobre espaço de proteção e contemplação da natureza, com grande potencial pedagógico. A proposta da associação é de que o Parque Ecológico das Sucupiras seja preservado como sítio para pesquisas botânicas, atividades ligadas à educação ambiental, instalação de viveiros, edificação de um memorial, e também como local privilegiado de contemplação do pôr-do-sol e contato com a natureza, como tem sido por quase vinte anos.
Equipamentos como os que o Ibram pretende implantar dentro do parque já existem no Parque do Bosque, no bairro Sudoeste, a menos de dois quilômetros de distância, e sua duplicação parece inconveniente e desnecessária. Uma das preocupações da APES é que o Parque não se torne uma espécie de playground da Quadra 500 – o empreendimento de propriedade da família Constantino e sócios, em construção no terreno vizinho. Para a construção da Quadra 500, o Ibram autorizou, no ano passado, a supressão de uma área de cerrado denso, de 14 ha, do qual não restou sequer uma árvore.
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Para evitar que o Parque seja descaracterizado em sua vocação bucólica e pedagógica, a APES lançou nas redes sociais, no último dia 15/5, um abaixo-assinado que acompanha este texto. Ao mesmo tempo, a associação planeja encaminhar representação à Promotoria de Defesa do Meio Ambiente (Prodema), do MPDFT, solicitando a suspensão da consulta virtual divulgada pelo Ibram, e também do cercamento.
Para Fernando Lopes, presidente da APES, o cerrado do Parque Ecológico das Sucupiras, por se tratar da última reserva do bioma na área central de Brasília, precisa ser tratado com mais critério. “A vocação dessa unidade de conservação, em consonância com a proximidade do Eixo Monumental, da Praça do Cruzeiro e do Memorial JK, é de tornar-se memorial” – afirma.
Ele enfatiza que “por sua amplitude e grandeza paisagística, a área induz à contemplação e ao descanso, devido à beleza e ao silêncio da mata. Ali, ainda podemos entrar em contato com o que Lúcio Costa nos ensina em seu documento Brasília Revisitada, de 1987”:
“A presença do céu – Da proposta do plano-piloto resultou a incorporação à cidade do imenso céu do planalto, como parte integrante e onipresente da própria concepção urbana — os “vazios” são por ele preenchidos; a cidade é deliberadamente aberta aos 360 graus do horizonte que a circunda”.
Abaixo-assinado
Quem desejar apoiar a preservação do Parque das Sucupiras, enquanto uma unidade de conservação ambiental, pode assinar o abaixo assinado que solicita um Plano de Manejo efetivamente ecológico. O abaixo-assinado está disponível aqui
Já começou o terrorismo ecológico. Me perdoe, o local não está em nenhum corredor ecológico, não tem nenhum curso de água, não tem animais selvagens de grande porte. Portanto, puro terrorismo. Agora falar que o Park Way e sua ocupação predatória coloca sim em risco os recursos hídricos da região, ninguém fala nada.
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É um corredor ecológico sim meu caro, poste seu nome e de exponha, você mora no sudoeste? Você tem filho ou filha que ama brincar de fadinha por lá sem Tarumã cerca impedindo? Você mora a quanto tempo no sudoeste? Um verdadeiro absurdo!!! Deixa o cerrado em paz, deixa o parque respirar!!! Para que cercar? Não tem absolutamente nada haver cercar algo às margens do êxito monumental, ainda mais um parque ecológico, fazer estacionamento, asfalto, concreto, surreal isso!!!
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Discordo do seu posicionamento Nativo Brasiliense. Por ser uma área ecológica, com tais características, ela é um local de recarga aquífera, possui um papel importante para conter os escoamento superficial da água no Sudoeste e áreas adjacentes. Em Brasília estamos enfrentando diversas questões difíceis em relação a época de chuva. Sabe quem ajuda a conter essas questões de alagamento? A preservação dessas áreas. Fora a questão dos ciclo hidrológico do DF, existem diversos aquíferos aqui no DF. Existem diversos benefícios que não citei aqui em relação a manter o Parque Sucupira, segundo sua proposta original. Outra coisa, esse debate tem que ser feito com a comunidade. Direito à cidade!
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Me perdoe, “Nativo Sem ID”, mas trata-se de parte de um corredor ecológico, sim: é uma faixa importante de recarga hídrica (por infiltração nos solos) da Bacia Paranoá (lembrando que quase todos os solos em volta estão construídos e, portanto, impermeabilizados) e não se mede Biodiversidade pela presença de “animais de grande porte”. Temos quase 60 espécies de avifauna catalogadas no parque; inúmeros microrganismos relevantes e insetos polinizadores (como as abelhas nativas, meliponíneas) e uma flora nativa riquíssima em espécies e famílias do cerrado, inclusive raras e não classificadas. Isso não é terrorismo: é Ciência e Consciência Ecológica. Viva o Sucupiras Vivo!
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Importantíssimo divulgar! Nós moradores do sudoeste já sentimos o impacto da derrubada do cerrado onde estão construindo as 500, e queremos o parque das sucupiras preservado!!! Tem um potencial muito maior assim como está, do que ser um novo parque bosque. E cumpre sua função ambiental de alimentar reservas subterrâneas de água. Queremos o cerrado em pé!
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Foi travada uma luta jurídica, por vários anos, entre o Ministério Público e a construtora da quadra 500. Ocorre que após o último andamento no processo, houve um erro no recurso que questionava laudos técnicos antigos de impacto ambiental. Que erro foi esse que jogou por terra todo trabalho de anos? Com a palavra a corregedoria do Ministério Publico.
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Verdadeiro absurdo!!! No mínimo a comunidade local precisa ser consultada, eu como morador do Sudoeste a mais de 15 anos estou sobre maneira decepcionado!!! #DEIXEMOCERRADOEMPAZ
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Onde estah o abaixo assinado? Quero assinar e divulgar. Mais um crime ambiental q precisa ser evitado!!!!
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Olá Rose.
O link que dá acesso ao abaixo-assinado está no final da matéria.
Basta clicar nele.
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Rose.
Está no final da matéria
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Terrorismo. Acho uma atitude suja atribuir que o órgão ambiental quer acabar com o Parque. O documento técnico que está no site do IBRAM não menciona nada de destruição do cerrado, pelo contrário, fala em recuperar e manter as árvores nativas. Esta aberto o espaço para sugestões da comunidade, basta que respondam o arquivo disponibilizado.
A instalação de equipamentos depende do desejo da sociedade. Seria muito importe ter pista de caminhada dentro do parque, quadra de esportes, assim como guarita, banheiro, um estacionamento, programas de recuperação do cerrado.
Quando uma associação é contra órgão ambiental ouvir a população para que ela manifeste sobre o que ela deseja para o parque, essa associação está tomando para si a voz de toda a sociedade.
Que o povo de Brasília não aceite esse tipo de associação que não representa os brasilienses e tampouco os moradores do Sudoeste.
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É necessário que essa proposta seja debatida com a comunidade usuária e interessados. Cadê a parte da consulta pública? Cadê os dados e informações sobre a utilização do parque etc? O IBRAM precisa mediar esse processo com mais transparência e participação comunitária. Pelo que eu estou entendendo a comunidade não está contra o órgão ambiental, e sim contra as FORMAS que estão sendo apresentadas em relação a esse processo.
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Os moradores do Sudoeste não querem desvirtuar a vocação do Parque das Sucupiras, que é a preservação do cerrado, de ser um espaço para aproveitar a natureza, fotografar e contemplar. Sem pistas de concreto! Sem quadras de esportes! Sem equipamentos! Sem espaços para exposições e shows! O Sudoeste já tem tudo isso! O bairro possui diversas pistas de caminhada/corrida e para bicicletas, as quadras contam com diversos parques infantis e equipamentos. Temos o Parque da Cidade para a prática de esportes, lazer e entretenimento, com espaços para exposições, feiras e shows. Temos o Parque do Bosque, que atende basicamente os moradores da região. Não precisamos de outro parque com as mesmas finalidades! Os moradores do Sudoeste gostam do Parque das Sucupiras! Que o Governo do DF invista melhor o dinheiro da comunidade!
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Em momento algum a Associação em questão se manifestou “contra” a que o órgão ambiental ouça a população e que esta se manifeste a respeito do Parque. Ocorre que existe (felizmente) leis ambientais no país, e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – base para o Sistema Distrital, exige antecedência, divulgação e publicação em Diário Oficial, de qualquer Consulta Pública para definir o “destino” de uma Unidade de Conservação. Fazê-lo em meio à uma pandemia, em tempo exíguo e não presencial, e sem informações prévias e transparentes à comunidade que se relaciona diretamente com o Parque, é um golpe baixo e que privilegia apenas os interesses particulares e empresariais do setor que já arrasou significativa área de cerrado bem preservado para uma megaconstrução elitista, que irá comprometer toda a infraestrutura urbana e ambiental do bairro Sudoeste e entorno…
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Atitude suja é apresentar uma “consulta pública” assim, sem qualquer divulgação no diário oficial ou na imprensa e, principalmente, sem discussão prévia com a APES, associação responsável pela própria existência do parque! Qual é a urgência para que essa consulta seja virtual, neste momento de pandemia? A região já conta com o Parque Bosque, além da proximidade com o Parque da Cidade, para suprir a necessidade dessas estruturas. O documento apresentado pelo Ibram desconsidera que o parque foi reclassificado como Parque Ecológico, ou seja, não se trata de parque de uso múltiplo para contemplar essa infraestrutura. O abaixo assinado, ao contrário do que você diz, pretende sim que a comunidade seja ouvida, e de forma mais abrangente, com o tempo adequado para a devida contextualização e conhecimento de todos os aspectos envolvidos neste processo, o que não é possível numa consulta pública virtual (que não permite o debate) com prazo tão exíguo. E com relação à associação, ela representa sim a comunidade e, em especial, os interesses relacionados ao Parque Ecológico das Sucupiras e a preservação de sua vocação ecológica para benefício da sociedade brasiliense, e não só dos moradores do Sudoeste e adjacências!
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E porque cercar o parque agora? justamento quando começa a obra dessa quadra 500, esta cara que querem se apropriar de dessa área.
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Tá na cara que você tem interesse financeiro nesta área, nem morador de Brasília deve ser. Venho pra cá trabalhar e ganhar dinheiro nessa obra da quadra 500.
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Muito agradeço o exemplo da comunidade do sudoeste e de todo o DF que está agindo em defesa da vida no Cerrado do Parque das Sucupiras, mostrando como a conservação desse remanescente de cerrado em Brasília é fundamental! Parabéns e muita força nessa luta, que é uma luta pelo bem estar humano de todos nós que dependemos da natureza para as chuvas, para a polinização, para a alimentação, o equilíbrio do clima, para a saúde humana. A pandemia está aí para mostrar que sem natureza não temos saúde. O Parque das Sucupiras está aqui perto para nos ensinar e fazermos assegurar o direito e o dever de proteger o meio ambiente que é um bem comum de todos nós e das futuras gerações
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Chama muito a atenção o fato de 2 comentários, contrários ao abaixo assinado da comunidade, usarem o termo TERRORISMO! Que exagero! A Associação Parque Ecológico das Sucupiras sempre atuou de forma legal, pacífica e transparente. Nosso trabalho é a preservação! Há mais de 20 ANOS fazemos mutirões de limpeza e plantio. Fiscalizamos, retiramos invasores, cuidamos do Cerrado. Já ajudamos a apagar muitos incêndios, com a atuação de nossa brigada de combate ao fogo. Nós fomos responsáveis pela criação do parque, ao apresentar ao Governador Roriz a importância ecológica daquela área, em 2005. Se alguém aqui deveria ser chamado de terrorista, é Nenê Constantino, acusado de 8 assassinatos e condenado em 1, que conseguiu ficar com o terreno da Marinha. E seu filho Henrique, da empresa Oeste Sul, dona do terreno da quadra 500. Henrique Constantino já aceitou a delação premiada, ao ser denunciado na Operação Cui Bono, da Polícia Federal, por ter recebido 50 milhões de Geddel Vieira Lima, da Caixa Econômica Federal. Esses criminosos são os verdadeiros terroristas. Mas há quem os defendam! Talvez são pagos para isso, talvez têm interesses no negócio ou, talvez, são aqueles que têm bandidos de estimação. Ou , quem sabe, ainda, essas 3 coisas juntas!
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Atualmente vivemos em um momento que não é possível a realização de consulta pública presencial. Os métodos utilizados pelo órgão podem não ser os mais adequados, e devem ser questionado, principalmente discutindo uma proposta. Hoje temos programas de computador e smartphone em que uma consulta pública, com direito a fala dos participantes, também é possível apresentar os documentos técnicos e ouvir todos os participantes, seja por meio escrito, vídeo ou áudio. Se não foi publicado em Diário Oficial é passível de questionamento, no entanto várias informações são falsas quanto ao interesse do órgão, pois não consta nada no documento técnico que está no site http://www.ibram.df.gov.br/consulta-publica-do-plano-de-manejo-do-parque-das-sucupiras/.
Seria muito interessante a suposta associação difundir esse documento e também difundir a pesquisa que está sendo realizada.
Eu já dei as minhas contribuições, já divulguei no grupo do meu bloco e espero que as pessoas possam participar.
Acho desnecessário fazer barulho para atrapalhar na implantação do parque.
Essa suposta associação brigou tanto contra as Quadras 500 e ficou claramente estabelecido por meio de documentos do próprio Lucio Costa que essa mancha urbana existia (apreciado por todos os órgãos públicos e o judiciário). Do ponto de vista ambiental o empreendimento cumpriu todos os requisitos ambientais estabelecidos em lei.
Que o parque seja implantado e a população possa usufruir, com infraestrutura, com segurança e com recebimento de recursos para o reflorestamento adequado.
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O IBRAM, devia mudar a sigla para ORDIPU, Organismo de Diversão Pública.
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