“A função pública se integra na vida particular de cada servidor público” e, por isso, “os fatos e atos verificados na conduta do dia a dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional” – diz uma circular distribuída aos servidores do Ministério da Saúde anunciando que eles não podem postar em suas redes sociais temas relacionados ao Poder Público.
Por Chico Sant’Anna
Não bastassem a Pandemica da Covid-19 e as implicações do Isolamento Social, agora os servidores públicos federais vivem sob as ameaças de serem punidos por aquilo que escrevem ou comentam em suas redes sociais. Nem mesmo extravasar é mais seguro. A Controladoria Feral da União ameaça aplicar sanções administrativas aos servidores que postarem mensagens consideradas por ela inadequadas. No Ministério da Saúde a situação ainda é mais grave, a gestão do ministro interino, General Eduardo Pazuello, ameaça aplicar a Lei de Segurança Nacional sobre os servidores que quebrarem o sigilo de informações e planos de ações estratégicas debatidas e definidas no âmbito do Gabinete do Ministro do Ministério da Saúde.
Em ambos os casos, os órgão federais trazem uma leitura de que o servidor público é 24 horas por dia servidor e por isso em sua vida privada deve ser pautada por supostas práticas de decoro definidas pelo Executivo.
“A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele” […] A função pública se integra na vida particular de cada servidor público” e, por isso, “os fatos e atos verificados na conduta do dia a dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional” – diz uma circular distribuída aos servidores do Ministério da Saúde.
Nem selfie
Em uma publicação que circulou na Esplanada dos Ministérios, a CGU ameaça os servidores com punições: “condutas impróprias são passíveis de apuração disciplinar”. Na Saúde, a pressão ainda é maior, os servidores também estão proibidos de filmar ou tirar foto no ambiente de trabalho e são obrigados a assinar um formulário timbrado dando ciência que foram devidamente informados sobre as condutas que devem adotar.
Além de falar do crime de violação de sigilo funcional, o documento, denominado “termo de sigilo e confidencialidade”, usa a pandemia e o estado de emergência de Saúde Pública para se referenciar à Lei de Segurança Nacional: “A divulgação de imagem ou informação também configura crime contra a segurança nacional”. A lei 7.170 de 14 de dezembro de 1983 foi criada pelos militares na gestão do General João Figueiredo e define os crimes contra a segurança nacional e contra a ordem política e social.
Censura
Para o Secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva, “o servidor tem direito constitucional à livre manifestação do pensamento e à proteção de sua vida privada, assim como qualquer cidadão brasileiro. A opinião do trabalhador é um direito garantido na Carta Magna e, no caso do servidor, é seu dever fiscalizar e denunciar qualquer postura que ameaça o Estado e a população”.
Chico Machado, diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do DF – Sindsep-DF, vê nessas medidas do governo Bolsonaro “um ato de desespero”. “Rejeitamos todo tipo de cerceamento a liberdade de expressão do servidor público” – declara ele, informando que a entidade analisa a possibilidade de uma medida judicial que traga tranquilidade aos servidores federais e dê um fim a essa censura.
Muito.bom.
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O governo bolsonaro descobriu a pólvora. Para queimar e ninguém tomar conhecimento de possíveis falcatruas, negociatas, erro, falhas planejadas, corrupções etc. etc. etc.
Mordaça geral, nada será mostrado, nada vazará do recinto podre. Esconde-se a podridão, mas ela continua contaminando e apodrecendo as entranha do poder.
Taí um mais perfeito sistema contra a revelação de tudo de ruim que o governo possa ter.
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O mesmo ocorreu no governo petista, quer seja Agnelo, Rollemberg, Cristovam, Lula e Dilma. Tenho um familiar que foi obrigado a fingir 25 anos, pois antes, sofria perseguições política dos esquerdistas. Então não venha falar, até mesmo porque, a RACHADINHA é invenção de esquerdistas a 40 anos.
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Poxa, os esquerdistas ficaram no poder 25 anos? Quem eram eles? Collor? Itamar? Sarney? FHC? Que tudo privatizou?
Vc anda com problema de referencial.
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Rachadinhas desta época atual é coisa pouca. Rachadinha, melhor, rachadona, foi aquela de seis malas entupidas de dinheiro, com US$ 1, 200 milhão (de dólares, de dólares), para trair o país. Outra rachadona foi aquela de jóias e mais jóias extorquidas de um determinado governador, já morto, para que continuasse governador quando da queda de Jango.
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Gozado que o autor daquela rachadona, mesmo preso, emplacou o novo dirigente do FNDE. Mundo pequeno, não?
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A rachadona a que me referi acima, não tem 40 anos. Tem 56 anos. Mais 16 anos do que 40 anos.
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