A Instalação de Brasília se agrega ao Ato Mundial Fora Bolsonaro, do dia 28 de junho, promovido por brasileiros, em mais de 20 países e mais de 50 cidades em todo o mundo.
Informe elaborado pelo Coletivo Resistência-Ação. Fotos de Renato Cortez
“Entre a dor das perdas
e a indiferença de muitos,
amor e solidariedade hão de brotar”.
O Brasil está mergulhado numa imensa dor: dor escondida, dor que lateja sob os inacreditáveis números das mortes provocadas pelo Covid-19. São vidas perdidas. São famílias destroçadas, sobre as quais não se sabe onde vivem, como sobrevivem, como fazem para suportar esse sofrimento que se oculta sob estatísticas sub-notificadas.
Diante dessa realidade, o suprapartidário Coletivo Resistência-Ação decidiu desvendar essa tragédia, mostrando-a ao próprio povo brasileiro e ao mundo. Com esse objetivo, será realizada em Brasília uma Instalação artística, usando-se cruzes, em homenagem às vítimas, e faixas denunciando o genocídio em curso e seus responsáveis.
Na capital do País vitimado, a Instalação visa a imprimir visibilidade à dor que pulsa na alma do Brasil; visa a despertar empatia, solidariedade, mais do que isso, visa a buscar Justiça e reparação. Essa tragédia tem responsáveis. O governo do presidente Bolsonaro e do vice-presidente, General Mourão, que se elegeu de forma fraudulenta, apoiando-se em larga divulgação de mentiras, calúnias e injúrias, adotou o ‘negacionismo’ como forma prioritária de ação no enfrentamento da doença provocada pelo Coronavírus e optou por:
- inventar curas miraculosas e por confrontar as orientações da OMS;
- desqualificar a Ciência e a pandemia, segundo ele, “Uma gripezinha”-
- incentivar e promover aglomerações, sabotando o isolamento;
- sugerir a seus seguidores invadirem hospitais;
- atacar governadores, prefeitos que seguem orientações de preservação da vida;
- ajudar grandes empresas, adotando medidas voltadas, prioritariamente, para a defesa do grande capital, em detrimento dos trabalhadores/as e dos pequenos empresários/as.
Milhares de mortes poderiam, ainda, terem sido evitadas se o Sistema de Saúde-SUS não estivesse em vias de falecer também, destruído por esse governo privatista, insensível à situação do povo que deveria proteger, principalmente aquelas pessoas em situação de vulnerabilidade social.
A Instalação de Brasília se agrega ao Ato Mundial Fora Bolsonaro, do dia 28 de junho, promovido por brasileiros, em mais de 20 países e mais de 50 cidades em todo o mundo.
Bolsonaro e Mourão só permanecem no poder graças à leniência ou à conivência de muitos. É preciso romper com a omissão e o silêncio. Para que a vida da população seja preservada, o governo Bolsonaro/Mourão tem que ter fim. Trata-se de uma questão de vida ou de morte. Precisamos já, amanhã e sempre, de governantes que cuidem do povo, que preservem vidas, que garantam direitos, que tenham empatia com o sofrimento geral!
Toda a solidariedade às famílias brasileiras que perderam seus entes queridos – ou estão em vias de perdê-los – se algo não for feito urgentemente!
É a primeira vez em nossa história em que um presidente da república é lembrado por sua crueldade. Mesmo quando homenageamos vítimas de políticas públicas criminosas. Ou exatamente por isso.
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Nós, o POVO BRASILEIRO, poucas vezes fomos à luta. Nossos grandes fatos políticas (Independência,” Libertação” dos Escravos, Proclamação da República, Fim dos Regimes de Exceção…) foram outorgadas pelo Poder , nunca com resultado de luta popular.
Eis o que nos diz o Poeta e escritor Eduardo Alves da Costa:
NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI*:
Assim como a criança humildemente afaga a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakósvki.
Não importa o que me possa acontecer por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos, aprendi a ter coragem.
Tu sabes, conheces melhor do que eu a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho e nossa casa, rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Nos dias que correm a ninguém é dado repousar a cabeça alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz: e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo, por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante; mas amanhã,
diante do juiz, talvez meus lábios calem a verdade
como um foco de germes capaz de me destruir.
Olho ao redor e o que vejo e acabo por repetir são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam pela gola do paletó à porta do templo
e me pedem que aguarde até que a Democracia se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei, porque não estou amedrontado a ponto de cegar,
que ela tem uma espada a lhe espetar as costelas e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina lançada sobre os arsenais.
Vamos ao campo e não os vemos ao nosso lado, no plantio.
Mas no tempo da colheita lá estão e acabam por nos roubar até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso defender nossos lares,
mas se nos rebelamos contra a opressão é sobre nós que marcham os soldados.
E por temor eu me calo.
Por temor, aceito a condição de falso democrata e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade, procurando, num sorriso, esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim, com a potência de um milhão de vozes, o coração grita – MENTIRA!”
* O poema “No caminho, com Maiakóvski” foi escrito na década de 1960 como manifestação de revolta à intolerância e violência impostas pela ditadura militar. Inicialmente, o texto foi envolvido em uma série de equívocos quanto à atribuição de autoria. Para alguns, o texto era do poeta russo Vladimir Maiakóvski. Para outros, o verdadeiro autor era o dramaturgo alemão Bertold Brecht. Durante a campanha das Diretas Já, o poema virou símbolo na luta contra a ditadura, aparecendo em camisetas, pôsteres, cartões postais, sendo quase sempre associado ao poeta russo ou ao dramaturgo alemão.
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