Nas últimas semanas, moradores da quadra 13 do bairro têm acordado no meio da madrugada assustados com barulho de tiros. Marcas de balas, segundo relatos, podem ser vistas em placas de sinalização das imediações. Outros relatam que já nem saem mais aos jardins, com medo de alguma bala perdida. E todo esse transtorno viria de uma invasão nos fundos da quadra que não é coibida pelo GDF.

Por Chico Sant’Anna

Morar no Park Way, dormir ouvindo o ruído dos grilos e sapos, admirar o céu cheio de estrelas, acordar com o canto dos pássaros. Tudo de bom. O que era um sonho para muitos moradores, que trocaram outras paragens do Distrito Federal pela convivência com a natureza, está se transformando em um pesadelo, verdadeiras noites de terror.

Nas últimas semanas, moradores da quadra 13 do bairro tem acordado no meio da madrugada assustados com barulho de tiros. Marcas de balas, segundo relatos, podem ser vistas em placas de sinalização das imediações. A origem de todo esse transtorno, que já chegou aos ouvidos da Polícia Militar, seria a invasão Ipê-Coqueiros, que fica no que deveria ser a área verde da quadra 13.

Moradores já nem saem mais aos jardins, com medo de alguma bala perdida. O clímax desse cenário de insegurança se deu na madrugada do dia 11/8. Um condomínio foi invadido e uma residência selecionada. Sem maiores temores dos cães que latiam incessantemente e dos sistemas de segurança, o amigo do alheio observou com toda tranquilidade o interior dos carros dentro da garagem, avaliou o que existia disponível na sala de estar, e acabou saindo apenas com uma bicicleta. Tudo monitorado pelas câmeras de segurança.

Invasão teve início em 2014, com o parcelamento irregular do solo. 
Falta de ação das autoridades permitiu o surgimento de uma aglomerado urbano.

Moradores da quadra 13 atribuem a situação de insegurança ao crescimento desordenado da Invasão Ipê-Coqueiros fruto do fracionamento irregular de uma antiga colônia agrícola. A grilagem parcelou e comercializou a área, sem maiores incômodos das autoridades governamentais, seja da área ambiental, da ocupação do solo, ou policial. Coincidentemente, ou não, o aumento do volume de ocorrências policias tem se dado com o avanço de ocupações irregulares.

Invasão Ipê-Coqueiros

A invasão fica nos fundos da quadra 13 do Park Way, numa Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) delimitada pelos córregos Ipê e Coqueiros. Nessa Arie se encontra a Granja do Ipê e nela subsiste até hoje a mesa de pedra em que Juscelino Kubistchek trabalhava.

No Governo Rollemberg, inúmeras ações foram feitas no local, seja pela Polícia Ambiental, seja pela extinta Agefis. Mas pouco adiantou. Ainda em 2018, tratores foram flagrados pela PMDF, trabalhando na abertura de ruas, assentamento de bloquetes e na limpeza de lotes, com dimensões de 200 a 500 metros quadrados. Na ocasião, a Administração Regional do Núcleo Bandeirante estimava que já tinham sido fracionados e demarcados cerca de 400 lotes, muitos dos quais já construídos.

No atual governo, foram levadas benfeitorias, como asfalto e sinalização para uma localidade não reconhecida legalmente.

No atual governo, parece que as autoridades preferiram fazer as vistas ainda mais grossas. Mais do que isso, na gestão de alguns administradores indicados pelo deputado distrital Sargento Hermeto, foram levadas benfeitorias, como asfalto e sinalização para uma localidade não reconhecida legalmente.

Crescimento das casas, crescimento das ocorrências policiais. No ano passado, o 25º Batalhão da Polícia Militar apreendeu no local armas de grosso calibre, munições e drogas.

Onde deveriam ser produzidos hortigranjeiros para abastecer Brasília, produz-se agora violência, insegurança e amplia-se a oferta de drogas.

Moradores pedem incessantemente uma ação eficaz das autoridades policiais e também das ambientais. Pois ali, como já salientou um dos líderes comunitários, está se criando uma mini Vicente Pires, que demandará, posteriormente investimentos altíssimos do Poder Público para viabilizar a infraestrutura urbana num local que deveria ser rural. E os lucros, ficam com os grileiros.