O parlamentar paulista teme que o Exército Brasileiro possa ser usado numa estrutura que, “constantemente, atua de forma a atacar os pilares que sustentam nosso Estado Democrático de Direito e é motivo de preocupação recorrente de todos aqueles que honram seu compromisso com a Constituição Brasileira”.

Por Chico Sant’Anna

O treinamento de soldados do Exército para serem ativos nas redes sociais é alvo de um pedido de esclarecimento por parte do deputado Federal, Ivan Valente – Psol/SP. O parlamentar quer que o ministro da Defesa, Gal. Fernando Azevedo e Silva, explique as razões e os motivos que levaram o Exército Brasileiro a executar formação em Comunicação Social, incluindo a formação em mídias sociais, na instrução de seus recrutas. Solicita, ainda, cópia integral do programa pedagógico e dos documentos que informem o conteúdo das instruções sobre comunicação social, notadamente em mídias sociais. Como noticiado aqui nesse blog, o projeto da Tropa Terrestre, já em ação, visa capacitar a tropa, inclusive recrutas – são 80 mil novos rapazes a cada ano -, para interagir nas diversas plataformas e aplicativos.

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O Exército tem ciência de que “as mídias sociais estão sendo apropriadas por pessoas, empresas e instituições como grandes veículos de comunicação ou de mobilização, especialmente porque as redes sociais proporcionam informações rápidas e abrangem grande número de interessados” – conforme salienta sua cartilha de Segurança nas Redes Sociais. Desde 2010, enquanto instituição, a Força Terrestre atua nas redes sociais, notadamente no Twitter, Facebook, Youtube, Instagram e por meio do blog EBlog.

Diferentemente das emissoras e dos perfis oficiais militares, agora, nas redes sociais, a proposta é outra. Não serão profissionais de comunicação que atuarão na ponta, na condição de influenciadores digitais mas agora, no lugar de colocar profissionais de comunicação para multiplicar essa informação, decidiu criar uma tropa de digital influencers. Treinamento vem sendo realizado no Brasil inteiro e os integrantes do Batalhão da Guarda Presidencial – BGP foram uns dos qualificados.

“Importante ressaltar que o uso de redes sociais para a disseminação de notícias falsas e para a destruição de reputações ganhou grande relevância em todo o mundo. Em nosso país, essa prática foi responsável por influenciar no resultado das últimas eleições e tem sido utilizada para atacar membros de outros poderes e, assim, desestabilizar nossa democracia. É essa conjuntura que torna imprescindível que a sociedade tenha pleno conhecimento sobre as razões que levaram o Exército Brasileiro a incluir a formação em comunicação social, incluindo mídias sociais, na instrução de seus recrutas. Da mesma forma, é fundamental que a sociedade saiba qual o conteúdo está sendo ministrado aos recrutas e quem são os responsáveis por esta formação ´justifica o deputado Ivan Valente no Requerimento de Informações.

O parlamentar paulista teme que o Exército Brasileiro possa ser usado numa estrutura que, “constantemente, atua de forma a atacar os pilares que sustentam nosso Estado Democrático de Direito e é motivo de preocupação recorrente de todos aqueles que honram seu compromisso com a Constituição Brasileira”.

O Ministério da Defesa terá 30 dias para responder após receber o Requerimento de Informações.”