
A Mata Atlântica foi o bioma com mais espécies ameaçadas, tanto em números absolutos (1.989), como proporcionalmente (25,0%). Em seguida, vem o Cerrado, com 1.061 espécies ameaçadas, 19,7% do total de espécies do bioma, e a Caatinga (366 espécies, ou 18,2%). Os dados são do IBGE e a contabilidade vai até 2014. Portanto, as imensas queimadas registradas em 2019 e 2020 na Amazônia e no Pantanal podem ter agravado a situação.
Por Chico Sant’Anna
Reconhecido pela sua diversidade biológica, o Brasil não vem fazendo o dever de casa da preservação e espécies típicas da natureza brasileira estão desaparecendo. Ao menos dez espécies já estão extintas: as aves Maçarico-esquimó (Numenius borealis), Gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti), Limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi), Peito-vermelho-grande (Sturnella defilippii), Arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus), e Caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum); o anfíbio Perereca-verde-de-fímbria (Phrynomedusa fimbriata); o mamífero Rato-de-Noronha (Noronhomys vespuccii); e os peixes marinhos Tubarão-dente-de-agulha (Carcharhinus isodon), e Tubarão-lagarto (Schroederichthys bivius). Além dessas, uma espécie está extinta na natureza (ou seja, depende de programas de reprodução em cativeiro): a ave Mutum-do-Nordeste (Pauxi mitu), observada na Mata Atlântica. Os dados são do IBGE e a contabilidade vai até 2014. Portanto as imensas queimadas registradas em 2019 e 2020 na Amazônia e no Pantanal podem ter agravado a situação.

Além dos animais que desapareceram e os que só existem em cativeiros, há uma importante lista de outras espécies que estão sob risco. Atualmente, são reconhecidas no Brasil 49.168 espécies de plantas e 117.096 espécies de animais. Desse total, a pesquisa analisou as 4.617 espécies da flora e as 12.262 espécies da fauna listadas pelo Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (CNCFlora/JBRJ) e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), para as quais existem informações sobre seu estado de conservação. Elas representam, respectivamente, 11,26% e 10,13% do total de espécies reconhecidas.
Desse universo, 4,73% estão criticamente em perigo, 9,35% estão em perigo, 5,74% são vulneráveis, 3,98% estão quase ameaçadas de extinção, 62,82% são menos preocupantes e 13,33% foram classificadas como dados insuficientes, indicando a necessidade de mais pesquisas para avaliação. São consideradas ameaçadas as espécies nas categorias vulnerável, em perigo e criticamente em perigo.
Mais de mil espécies do Cerrado estão ameaçadas
A Mata Atlântica foi o bioma com mais espécies ameaçadas, tanto em números absolutos (1.989) como proporcionalmente (25,0%). Em seguida, vem o Cerrado, com 1.061 espécies ameaçadas, 19,7% do total de espécies do bioma, e a Caatinga (366 espécies, ou 18,2%). O Pampa, apesar de ter um número de espécies ameaçadas menor, (194 espécies), apresenta uma proporção semelhante (14,5%).

Destaque-se, que no Cerrado, 216 (4,0%) espécies encontradas no bioma estão criticamente em perigo e 202 (3,7%) são consideradas quase ameaçadas de extinção. A borboleta Parides burchellanus e o lagarto Bachia psamophila, por exemplo, endêmicos do bioma, estão na categoria criticamente em perigo.
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Na Caatinga, 18,2% das espécies avaliadas do bioma estão ameaçadas (366) e 9,4% estão em perigo (190). O bioma Pampa, apesar de ter um número total de espécies ameaçadas de extinção menor do que os biomas citados anteriormente (194 espécies), apresenta uma proporção semelhante aos demais (14,5%).
Já o Pantanal e a Amazônia têm as maiores proporções de espécies na categoria menos preocupante (88,7% e 84,3%, respectivamente) e, também, o menor percentual de espécies consideradas ameaçadas (3,8% e 4,7%, respectivamente). Em números absolutos, são 54 espécies ameaçadas no Pantanal e 278 na Amazônia.
Ilhas oceânicas
Em relação à fauna no ambiente terrestre, a maior proporção de espécies ameaçadas se encontra nas ilhas oceânicas, com 30 espécies ameaçadas, ou 38,5% do total de espécies terrestres no Mar e ilhas.