A Capital Federal, sessenta anos depois de inaugurada, continua sendo um polo de atração de migrantes. A economia, contudo, já não oferece mais as vagas de trabalho tão desejadas. Embora possua o PIB per capita mais elevado das Unidades da Federação, a concentração de renda e a desigualdade sociais são grandes, refletindo no desemprego e na qualidade de vida do brasiliense.

Por Chico Sant’Anna

Terceira maior metrópole do país, com mais de três milhões de habitantes, Brasília como um todo não apresenta um desempenho econômico que a coloque entre as três maiores economias regionais do Brasil. Dentre as Unidades da Federação, o Distrito Federal detinha, em 2018, a oitava maior economia – ou seja, o oitavo maior PIB estadual, estimado em R$ 254,82 bilhões. Esse montante ainda assegurou à Capital Federal o título de líder em PIB per capita – total do PIB regional dividido pela população – estimado em R$ 85.661,39 por ano, pouco mais de R$ 7 mil mensais. Os números recém divulgados pelo IBGE e a Codeplan revelam, de um lado, a elevada concentração de renda e, portanto, a desigualdade social da Capital Federal e, de outro, a incapacidade da economia local solucionar o desemprego que alcança mais de 300 mil brasilienses.
Em 2018 o PIB candango apresentou crescimento de 1,7%. Brasília contribui com uma fatia de apenas 3,6% na economia de todo o país. De 2018 pra 2019, a população do DF cresceu 1,36%, ou seja a economia cresce quase que na mesma velocidade do aumento populacional o que torna difícil uma redução mais rápida do desemprego e subemprego.

Agronegócio
O ano de 2018 não foi um bom ano para o agronegócio candango. Naquele ano, a Agropecuária participou com 0,5% em relação ao total do desempenho econômico do Distrito Federal. Apresentou recuo em seu volume da ordem de 6,9%, motivado, principalmente, pelas quedas registradas na produção de feijão e milho. A Pecuária também apresentou recuo de 15,6%, reflexo das reduções observadas nas criações de aves e suínos. Por fim, a atividade de Produção florestal, pesca e aquicultura, embora com menor participação, foi a única a apresentar crescimento em volume, registrando alta de 3,7%.

Indústria
Naquele ano, a Indústria do DF cresceu 2,7%, após ter recuado 8,5%, em 2017. O setor também aumentou sua participação no bolo do desenvolvimento econômica da cidade, passando de 3,9% para 4,2%, entre 2017 e 2018. Todas as atividades industriais contribuíram com variações positivas: Indústrias extrativas (36,6%); Indústrias de transformação (4,1%); Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação (3,2%); Construção (1,8%). Indústrias de transformação foi a atividade que mais ganhou participação no período, já que passou de 0,9% para 1,3%, resultado influenciado pelo ganho de representatividade nos segmentos de fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos e de fabricação de produtos de minerais não metálicos.

Serviços
Grande responsável pela oferta de empregos na Capital Federal, o setor de Serviços, grupo de atividade predominante na economia do Distrito Federal, cresceu em volume 1,5%, em 2018. Já a participação no PIB local reduziu-se de 95,7%, em 2017, para 95,3%, em 2018. As atividades que apresentaram os maiores crescimentos em volume foram: Artes, cultura, esporte e recreação (9,3%); Informação e comunicação (7,3%); Serviços domésticos (6,8%); Educação e Saúde privadas (4,7%) e Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (4,0%).

Comércio
Na contramão, duas atividades destacaram-se com variações negativas: Comércio e a as Oficinas de Reparação de veículos automotores e motocicletas (-1,3%) e o setor público (Administração, Defesa, Educação e Saúde públicas) e Seguridade Social (-0,2%), sendo essa última a atividade de maior peso na economia do Distrito Federal, apesar da perda de valor relativo, de 45,5%, em 2017, para 45,0% em 2018.

Novos governantes
Esses dados referem-se a 2018, portanto, anteriores à pandemia da Covid-19 e mesmo ao início dos governos de Jair Bolsonaro e Ibaneis Rocha. Eles retratam a realidade do final do governo Rollemberg, à frente do GDF, e de Dilma Roussef e a Michel Temer, na esfera federal. Os novos governantes, local e federal, que tomaram posse em janeiro de 2019 não demonstraram grandes desempenhos econômicos, muito menos na geração de emprego. Em meados de 2020, a taxa de desemprego candango beirava os 20%, ou seja, uma em cada cinco brasilienses estavam sem empregos. Isso sem contar aqueles que desistiram de procurar trabalho ou que vivem de bicos no subemprego. Em termos de Brasil, no final do primeiro semestre desse ano, os desempregados ultrapassavam a casa dos 13 milhões de brasileiros, uma taxa de 13,8%, contra 11,2% aferidos em janeiro desse ano. Os desalentados, aqueles que desisitiram de procurar emprego, representavam 5,7%. Somando-se as duas taxas encontra-se uma fatia de 20% da população sem emprego e renda.