Construídas às pressas no final do governo de Agnelo Queiroz, as ciclovias lá existentes não foram alvo de um planejamento mais adequado. Não cobrem a totalidades das quadras e mesmo no interior de algumas delas há interrupções abruptas. Nas localidades em que há cursos d’água, elas simplesmente são interrompidas. Não foram feitas passarelas.
Por Chico Sant’Anna
Pedalar pelo Park Way é uma experiência gratificante. Vastas áreas verdes, ar puro, uma paisagem deslumbrante, um toque rural, que pode até levar ao encontro de usuários não tão adeptos do pedal. Ciclistas de diversas localidades do Distrito Federal optam por um dos roteiros existentes nos 7.646 hectares que compreendem a Região Administrativa do bairro. Se a turma do pedal for chegada a uma trilha rústica, diversas são as opções e algumas delas podem levar a belas cachoeiras ou riachos. O que peca mesmo, é a falta de ciclovias e a precariedade das poucas que lá existem.
Não são precisos os dados sobre a extensão da malha local. Há dados do GDF que apontam para 50 km e da Codeplan, que fala em 38,6 km. Levantamento denominado Índice de Desenvolvimento Cicloviário, realizado, em 2019, pelas ongs Casa Cidades e Rodas da Paz – disponível na página do Ministério Público do Distrito Federal – detectou várias situações de precariedades. Dentre elas, a inexistência de iluminação, falta de proteção para evitar invasão de veículos. Deficiência na sinalização vertical, nas rampas de acesso, no controle de velocidade e na largura delas. Numa escala de zero a dez, foi atribuída a nota de 5,3 para o grau de risco em utilizá-las.
Construídas às pressas no final do governo de Agnelo Queiroz, as ciclovias lá existentes não foram alvo de um planejamento mais adequado. Não cobrem a totalidades das quadras e mesmo no interior de algumas delas há interrupções abruptas. Nas localidades em que há cursos d’água, elas simplesmente são interrompidas. Não foram feitas passarelas.

Outras possuem a faixa de rolamento abaixo do nível do solo e, assim, acumulam terra no período da seca ou viram lagoas no período das chuvas. Se o ciclista for chegado a um áquapedal, vai encontrar piscinas de curta extensão ou verdadeiros rios. Como não há captação de águas pluviais no bairro, as águas das chuvas correm mesmo é sobre o piso das vias.

Há ainda os problemas estruturais. A falta de planejamento permitiu que a pavimentação se desse sem prévia compactação adequada do solo e sem estrutura de drenagem.
Com isso, rachaduras brotam na capa de asfalto. Há pontos em que o piso está cedendo e em outros, buracos profundos simplesmente aparecem nelas. Essa fragilidade é ampliada com o tráfego irregular de veículos, de caminhões a serviço da administração pública e, principalmente, de pesados tratores que fazem o serviço de roçagem nas áreas verdes do Park Way
Em alguns pontos, parece até que surgiram profundas tocas de tatus, mas é o solo que cedeu mesmo. Os usuários buscam se proteger e alertar quem por lá pedala. Criatividade é o que não falta.
Veja aqui o vídeo com o buraco que surgiu na ciclovia da quadra 28
Em termos técnicos, todas as ciclovias do Park Way são arteriais. Não são troncais para facilitar a mobilidade urbana. Possuem um padrão de lazer, são tortuosas, recortam a vegetação, o que torna o passeio prazeroso, mas pouco útil para quem tem pressa de ir de um ponto a outro. Quem por lá for pedalar deve esperar uma experiência bucólica. A diversidade ambiental é uma marca: aves diversas e, se der sorte, pode se deparar com capivaras ou até mesmo um tamanduá atravessando as matas.
Além da necessidade de se concluir a malha de ciclovia, de forma a atender todas as quadras do Park Way e interliga-las às estações do BRT, na Via Epia, falta manutenção por parte das autoridades públicas. Caso contrário, o investimento feito no passado vai se perder.
Falta, também, vias para os ciclistas que se valem das bicicletas como meio de mobilidade ativa no dia-a-dia. O anúncio de implantação de bicicletas de aluguel no Park Way torna a existência de ciclovias troncais nos principais eixos internos do Park Way uma urgência. Também para quem deseja se deslocar de/ou para o Plano Piloto, Núcleo Bandeirante, Gama e outras cidades. A falta é ainda mais presente às margens da Epia-Sul.
A rodovia, como todos sabem, é uma estrada federal, a BR 450. Por ela, trafega um grande volume de carros e de caminhões, a maioria em alta velocidade. Pedalar ali é um risco intenso, o que demanda uma via paralela à EPIA voltada especificamente ao deslocamento por meio de bicicletas.
Chico, bom dia.
Afinal como acabou a invasão q o Deputado W Diniz do terreno q era da CAESB?
Ele devolveu? Ou…..?
Obrigado.
Aliberto
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Ainda não. Ele entrou com um processo na justiça requerendo usucapião.Perdeu na primeira instância e recorreu.
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Na quarta-feira eu caí no percurso que sai do balão da Q.18 em direção à praça da feirinha da Q.14. Andando de bicicleta no caminho estreito de terra, eu tombei para o lado da pista. A sorte é que não vinha carro. Ali também há o perigo de se cair na mata, onde tem o córrego da Lagoa do Cedro.
Há a necessidade de uma ciclovia nesse percurso.
No mais, felicito-lhe pela excelente reportagem!
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Só complementando, esse percurso é muito utilizado não somente pelos moradores do Park Way, como também pelos trabalhadores que aqui ganham o seu sustento.
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