No Brasil a viticultura se concentra basicamente no Sul e no Vale do Sâo Francisco. Espécimes adaptadas pela Embrapa poderão transformar o Centro-Oeste num polo importante da produção de uvas e vinhos.

Tornar Brazlândia um polo gerador de renda e emprego a partir da sua riqueza rural é uma meta positiva, ainda mais considerando o tamanho do território do Distrito Federal. Especialistas condenam o agronegócio baseado na plantação de grãos, como soja e milho, em grandes extensões. Brazlândia é a maior produtora de goiaba e de morango do Centro-Oeste, entretanto, a cidade pouca beneficia sua produção. Ela é comercializada, quase que totalmente, em natura.

Por Chico Sant’Anna, com base em Mônica Pedroso/Secom-GDF

Depois de se consolidar como polo produtor de morango, goiaba e hortaliças, Brazlândia parte agora para outro desafio, a produção de uvas. A uva está chegando como uma nova frente, tendo em vista os potenciais agrícolas da região. O Distrito Federal já conta com cerca de trinta produtores de uva, que alcançam uma média de 25 toneladas por hectare, que equivale à produtividade dos vinhedos já estáveis do Vale do São Francisco. Ao todo no DF existem 70 hectares plantados, principalmente com a variedade Niágara Rosada.

A produção de uvas e até mesmo de vinhos já vem ocorrendo no Distrito Federal, mas em escala pequena e, em especial para o lado de Planaltina. O Planalto Central é considerado um local adequado para a produção de vinhos em função do clima seco e da amplitude da variação térmica. Dias quentes e noites frias. Desta forma, é possível obter duas safras por ano, enquanto que no Sul do Brasil é colhida apenas uma.

Segundo a administração regional da cidade, estudos anteriores apontam o local como sendo muito propício para o desenvolvimento dessa cultura. O extensionista rural, Felipe Camargo, da Emater-DF, confirma a aptidão climática de Brazlândia para o cultivo.

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“Observados alguns detalhes e correções que devem ser feitas e algumas técnicas que têm de ser levadas em consideração para trazer uma fruta de clima temperado para uma região do Cerrado, é possível inserir o cultivo da uva, considerando ainda a expertise de produção de frutas”.

Tornar Brazlândia um polo gerador de renda e emprego a partir da sua riqueza rural é uma meta positiva, ainda mais considerando o tamanho do território do Distrito Federal. Especialistas condenam o agronegócio baseado na plantação de grãos, como soja e milho, em grandes extensões. Brazlândia é a maior produtora de goiaba e de morango do Centro-Oeste, entretanto, a cidade pouca beneficia sua produção; Ela é comercializada, quase que totalmente, em natura.

Saboreie o poema

Com esse perfil de polo de goiaba e morango, o governo do Distrito Federal já deveria ter proposto projetos de verticalização da produção, com a criação de pequenas agroindústrias que beneficiem as frutas. Produção de goiabada, geleias, sucos e polpas, iogurtes, dentre outros produtos, são exemplos de como a renda e os empregos poderiam ser ampliados naquela cidade, geram desenvolvimento local. O BRB que se vangloria de patrocinar clubes desportivos de outros estados, poderia pensar em linhas de apoio à pequena agroindústria.

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O mesmo deve ser pensado quanto às uvas que vierem a ser produzidas. Além da venda in natura, a proposta deve considerar o beneficiamento da produção. O secretário de Agricultura do DF, Cândido Teles, já antevê a primeira Festa da Uva de Brazlândia. Mas se ele for visitar as festas das Uvas no Sul do país, verá que vinhos e sucos rendem muito mais aos produtores.  Ai sim, Brazlândia iria se transformar, além de um polo agrícola, num polo turístico. Afinal, não será em qualquer lugar do Brasil que poder- se -á saborear um Chateau Descoberto, ou se preferir, um Pinot Candango.