Na construção civil do Distrito Federal, de cada cem trabalhadores que estavam contratados, em 2010, trinta e cinco terminaram 2019 desempregados. Nesse período, a Capital Federal teve queda de 35% no volume de pessoas ocupadas pelas construtoras com cinco ou mais pessoas empregadas.

Por Chico Sant’Anna

A situação da indústria da Construção Civil na Capital da República, ao fim do primeiro ano dos governos de Ibaneis Rocha e de Jair Bolsonaro, apresentou um retrato bem pior do que o registrado ao fim de 2010, último ano da gestão de Luís Inácio Lula da Silva. Os dados demonstram um retrato negativo tanto na geração de empregos e faturamento das empresas, quanto da massa salarial paga ao conjunto dos trabalhadores. Os dados são da Pesquisa Anual da Construção, realizada pelo IBGE que compara o comportamento do setor em 2019 com o de 2010.

O levantamento envolve tanto obras fruto do empreendimento das próprias construtoras, como conjuntos comerciais e edifícios residenciais, quanto construções conytratadas pelos poderes público: Federal e Distrital.

Desemprego

Na construção civil do Distrito Federal, de cada cem trabalhadores que estavam contratados, em 2010, trinta e cinco terminaram 2019 desempregados. Nesse período, a Capital Federal teve queda de 35% no volume de pessoas ocupadas pelas construtoras com cinco ou mais pessoas empregadas.

No DF, o número de empresas com cinco ou mais empregados também caiu. Em 2010, eram 1.134 e, em 2019, 1.013 companhias, responsáveis por contratarem 39.840 pessoas ocupadas até 31 de dezembro. Em 2010, eram 61,117 trabalhadores com carteira assinada. A massa salarial – somatório de todos salários e outras remunerações – somava, em 2019, R$ 1,24 bilhão contra R$ 942,3 milhões, no início da década. Embora tenha apresentado um crescimento nominal de 31,6%, diante da inflação acumulada de 76,33%, medida pelo IPCA ao longo desses anos, houve um achatamento salarial da ordem de 58%.

Os dados gerais das empresas pesquisadas com sede no Distrito Federal mostraram uma receita bruta total de R$ 6,65 bilhões, em 2019, contra R$ 7,965, em 2010; e receita líquida de R$6,26 bilhões, contra R$ 7,293 bilhões, o consumo intermediário, em 2019, foi de R$ 3,14 bilhões, o valor bruto da produção de R$ 6,29 bilhões aproximadamente e o valor adicionado de 3,15 bilhões de reais.  Os custos de incorporação, obras e/ou serviços da construção foi de R$ 2,56 bilhões em 2019. Já o valor das incorporações, obras e/ou serviços da construção somaram R$ 6,78 bilhões . Inflação do período, medida pelo IPCA, foi de 76,33%, como salientado anteriormente.

Centro-Oeste

A fatia brasiliense da Construção Civil do Centro-Oeste caiu de quase 35% para 29%. No mesmo período, Mato Grosso subiu de 14,7% para 21,%. Fonte: IBGE.

Na região Centro-Oeste, o IBGE destaca o aumento de 6,8 pontos percentuais (p.p.) na participação do Mato Grosso (21,5%), de obras realizadas, permitindo que ele ocupasse a 3ª posição, dentre os quatro Estados. O Distrito Federal, por sua vez, obteve uma queda de 5,8 p.p., mantendo-se na 2ª posição do ranking. A construção civil de Goiás é a líder, com uma participação superior a um terço, 35,4%, no valor da incorporação, obras e/ou serviços da construção na Região Centro-Oeste, enquanto o Mato Grosso do Sul manteve a menor (14,1%). 

Cenário nacional

No ranking de pessoal ocupado, a Capital Federal ficou em 12º lugar entre as UFs, representando 2,3% da mão de obra contratada nacionalmente. A mesma posição foi ocupada pelo DF no ranking de valor das incorporações, obras e/ou serviços da construção, representando uma fatia de 2,6% da indústria nacional da construção civil brasileira. Os estados com maior participação em ambos os rankings foram São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.