Foto de Jacy Santos, da Mídia Ninja

Acampamento Levante Pela Terra. O risco de perder território, fez com que cerca de 500 indígenas de diversas etnias viajassem até Brasília para lutar por seus direitos. Eles também protestam contra projetos de lei que permitem o garimpo em áreas indígenas. Reduzir o território indígena foi uma promessa da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro. Eleito, ele colocou seu projeto genocida e a favor da especulação em ação, explica Marcos Kangang, 27 anos, do Rio Grande do Sul, bacharel em Direito, e assessor de projetos do Conselho de Missões dos Povos Indígenas.

Por de Márcia Turcato

Os povos indígenas vivem no Brasil desde antes de Cabral aportar na Bahia no ano de 1500. Então, por quê deveriam ser reconhecidos como territórios indígenas somente as áreas ocupadas pelas populações tradicionais  até 1988? Esse foi o ano da proclamação da Constituição Federal, a Constituição Cidadã.  Essa é a tese do “marco temporal”, defendida por deputados e senadores que representam os interesses de ruralistas, mineradoras e madereiros, que pretende rever,  e até revogar, territórios demarcados após 1988. A matéria está em análise no STF, o relator é o ministro Edson Fachin. O ministro Alexandre Moraes pediu destaque ao tema e a sessão da Corte foi suspensa.

O risco de perder território, fez com que cerca de 500 indígenas de diversas etnias viajassem até Brasília para lutar por seus direitos. Eles também protestam contra projetos de lei que permitem o garimpo em áreas indígenas. Reduzir o território indígena foi uma promessa da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro. Eleito, ele colocou seu projeto genocida e a favor da especulação em ação, explica Marcos Kangang, 27 anos, do Rio Grande do Sul, bacharel em Direito, e assessor de projetos do Conselho de Missões dos Povos Indígenas.

Todas as etnias trouxeram adornos para vender em Brasília. Essa é uma forma de garantir renda e dar visibilidade a cultura de cada povo. Foto Márcia Turcato.

O acampamento

Homens, mulheres e crianças estão acampados no gramado do Teatro Nacional, em Brasília, para lutar por seu direito ancestral. São cerca de 500 pessoas, representando trinta etnias de Norte a Sul do Brasil.

Quatro banheiros químicos foram instalados no local, também há uma cozinha coletiva, uma tenda para atendimento médico e outra para a assessoria de imprensa do acampamento, a Mídia Nativa On.

A comida é feita com alimentos doados. Eles também receberam doação de agasalhos e cobertores porque a temperatura em Brasília, à noite, pode cair abaixo de 10 graus. A organização do acampamento é bem estruturada: grupo de cozinha, grupo de limpeza, de recreação infantil, de leitura e de produção de conteúdo para a imprensa. Todas as etnias trouxeram adornos para vender em Brasília. Essa é uma forma de garantir renda e dar visibilidade a sua cultura e arte. Os enfeites com plumas e os objetos de cestaria são típicos de cada etnia.