
De Gustavo Dourado
No São João de hoje em dia
Tudo está muito mudado
Tem show e festas em clube
Se perdeu o bom rebolado
Saudade do São João
No terreiro e no roçado
São João é arrasta-pé
Forró, fogueira e baião
Xote, xaxado e quadrilha
Foguetes, bombas, balão
Caruaru-Campina Grande
São João bom é no Sertão
Arraiá, queima de espada
Cará, milho e animação
Festa junina e joanina
No Brasil é tradição
Tem Santo Antônio, São Pedro
E o mais quente é São João
Tem fogos, sorte, adivinhas
Com simpatia e acalanto
Pai-Nosso, Salve-Rainha
Bela festa. É um encanto
Santo, cabeça pra baixo
Atrás da porta, num canto
Crisma, batismo de fogo
Dançar e pular fogueira
Assar batatas na brasa
Cantar a Mulher Rendeira
Baião de Luiz Gonzaga
Com forró à noite inteira
Tem pamonha e tem canjica
Mel, cuscuz e macaxeira
A cachaça de alambique
Cana quente de primeira
Bom São João é no Nordeste
Pra curar a pasmaceira
Em vinte e quatro de junho
Nosso Dia de São João
É festa da cristandade
Bem antiga tradição
E desde o Antigo Egito
Faziam celebração
Pular fogueira e dançar
Em tão linda animação
Sortilégio e buscapé
Tem chuva de ouro e rojão
Pistolágrimas nos céus
Nas noites de São João
Tem bandeirolas, balões
Claridades no Sertão
Barraquinhas de comida
Mungunzá, licor, quentão
Balinhas e amendoim
Como é bom o São João
Tem São João pelo Cerrado
Do povo trabalhador
Em Taguatinga e Ceilândia
Também no Rodeador
E no São João de Brasília
Sanfonarte, luz, calor
Meu São João quando garoto
Nas festas do interior
Em Recife dos Cardosos
Ibititá e Tombador
La no sertão de Irecê
São João de paz e amor
São João em minha infância
Não tinha eletricidade
A luz era só da lua
Só tinha estrelicidade
Do São João de eu menino
Lembro e morro de saudade…
Viva o São João…
Gratidão, Chico Sant’Anna.
Viva São João.
Tudo de bom.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Uau! Boas recordações, e grandes lembranças dos tempos de São João.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Gustavo Dourado fez eu lembrar, agora, e com muita saudades, dos meus tempos de criança na minha aldeia, Itiúba, sertão da região sisaleira da Bahia, nas noites de São João.
Noites que me marcaram e até hoje deixam uma saudade matadeira.
E lá em casa a festa era festa mesmo, afinal, se estava comemorando e homenageando São João na casa de Seu João —o meu pai. Era um senhor São João. Com fogos, fogueira, espadas, bombas, foguetes, quentão e outras bebidas, canjica, milho assado e cozido, amendoim cozido, e mais uma série de outras comidas. E o forró? Bem, isso aí era outra coisa que deixou saudades. Os sanfoneiros, zabumbeiros, flautistas, ptandeiristas, tocando a noite toda. Quantas e quantas vezes vi o forró, e alguns pares de forrozeiros, chegarem às 7 e 8 horas da manhã do dia seguinte em plena atividade, isto é, uns tocando e outros dançando. E a Dona Lygia, a minha mãe, fazendo sala aos últimos festeiros. Fazendo sala e empurrando mais comidas para que eles aguentassem o rojão.
E nos anos seguintes, tudo se repetia.
Sabem de uma coisa, rolaram, agora, duas lágrimas dos meus olhos. Ô saudade!!!
Agradeço ao poeta Gustavo Dourado por provocar em mim lembranças e saudade da minha infância querida, que os anos não trazem mais.
CurtirCurtido por 1 pessoa
…”saudade da minha infância querida, que os anos não trazem mais.”
CurtirCurtido por 1 pessoa
👏👏👏Sou de Campina Grande. Este ano o Parque do Povo está emudecido, mas entendemos a necessidade. Esperamos que no próximo ano, esta realidade tenha mudado. Tanto quanto a saúde pública, como quanto a realidade política!
CurtirCurtido por 1 pessoa