
Os relatórios técnicos apontam que ele preserva importantes remanescentes de formações savânicas e campestres, além de conter as nascentes do córrego Rasgado, abarcando também um pequeno trecho de mata de galeria. A existência de três tipos de formações do cerrado (campo, savana e floresta) permite a formação de diferentes paisagens, contendo, portanto, alta biodiversidade.
Por Chico Sant’Anna
Abandonado por repetidas gestões do governo do Distrito Federal, o Parque Ecológico Bernardo Sayão se tornou um verdadeiro lixão. Os resíduos, sobretudo da construção civil e de podas, são jogados diuturnamente. Os caminhões se valem das vias que o circundam e o cortam, notadamente, a HI-104 Sul.
Criado em 2002, por meio do Decreto n° 23.276/2002, ainda com o nome Parque Ecológico do Rasgado, o Parque foi renomeado para Bernardo Sayão (Decreto n° 24.547/2004), ele é “um importante fragmento de Cerrado inserido na matriz urbana”, segundo o Plano de Manejo, elaborado pelo Instituto Brasília Ambiental – Ibram, em 2018. Localiza-se no Lago Sul, próximo à Ponte JK e entre as estradas parque Juscelino Kubitschek (DF-027) e do Contorno (DF-001), na intercessão do Lago Sul, na altura das quadras QI 27 e QI 29, e o bairro Jardim Botânico.

O Parque Bernardo Sayão tem aproximadamente 200 hectares de Cerrado distribuídos no Lago Sul, desde a vizinhança da Ponte JK. Abriga nascentes que abastecem o Lago Paranoá e uma das melhores trilhas (singletrack) para caminhadas e pedaladas de Brasília. A área é sempre visada pela especulação imobiliária. Seu nome presta homenagem ao engenheiro conectado à construção da capital federal e que foi responsável por abrir a rodovia Belém-Brasília, na década de 1960.

Os relatórios técnicos apontam que ele preserva importantes remanescentes de formações savânicas e campestres, além de conter as nascentes do córrego Rasgado, abarcando também um pequeno trecho de mata de galeria. A existência de três tipos de formações do cerrado (campo, savana e floresta) permite a formação de diferentes paisagens, contendo, portanto, alta biodiversidade. Diversas são as espécies nativas lá existentes, como jatobá, pequi, jacarandá, canela-de-ema, assa-peixe, lobeira, murici, araticum, mangaba dentre outras. A fauna é representada basicamente por de aves, pequenos mamíferos e répteis.

O ambientalista Aldem Bourscheit tem denunciado repetitivamente a situação há anos aos órgãos públicos. Ele chegou mesmo a fazem um mapa com georeferenciamento, no qual é possível localizar o ponto exato de 40 pontos der descarte irregular de lixo e entulhos nos limites da Unidade de Conservação.
Procurado por esse blog, o Ibram informou que a unidade de conservação receberá cercamento e guarita de vigilância em breve, oriundos de recursos de compensação ambiental. Em nota, destacou que “o local precisa da colaboração da população para que não depositem entulho. Recentemente, com apoio do SLU, foi retirada mais de uma tonelada de resíduos”.
Também há cerca de 1 ano ouvi de liderança do Ibram que “a unidade de conservação receberá cercamento e guarita de vigilância em breve, oriundos de recursos de compensação ambiental”. Todavia, a nova afirmativa do órgão não vem junto com prazos para execução e, se não fizerem logo, o cenário político e o período eleitoral comprometerão as necessidades do parque.
Quanto à citação “o local precisa da colaboração da população para que não depositem entulho. Recentemente, com apoio do SLU, foi retirada mais de uma tonelada de resíduos”, a grande maioria dos 40 pontos com lixo lá segue. E sobre a colaboração da população, a mesma depende de ações educativas e punitivas, das quais não se têm notícia.
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