As buscas e apreensões tornaram-se rotineiras neste governo, que já teve muitos dos seus dirigentes com prisões decretadas. Mais que abuso de poder, trata-se de uma afronta aos cofres públicos, pois representa a falta de compromisso do governador, que criticou durante a campanha de 2018, o modelo do Instituto Hospital de Base (IHB), com argumentos de falta de transparência, compras malfeitas, gastos elevados, altos salários do corpo dirigente, contratações temporárias, regime precário e comissionamentos irregulares.

Por Profª. Fátima Sousa*

O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) amanheceu sob intervenção na quarta-feira, 18/8. Não eram nem 10 horas da manhã, quando a sede do Iges-DF, localizada no edifício PO 700, foi surpreendida com carros de polícia e agentes armados. A operação, que determinou a evacuação do terceiro andar do edifício, onde está localizada a presidência do Instituto, tinha como objetivo a busca e apreensão de documentos e arquivos que seriam provas de desvio de recursos e contratação superfaturada de leitos de UTI para o atendimento da Covid-19.

As contratadas são as empresas Domed e Oati, que deveriam ofertar além de leitos, insumos e equipamentos necessários para os cuidados intensivos dos pacientes com Covid. As empresas também eram responsáveis pela contratação de mão-de-obra qualificada.

Fatos dessa natureza já não nos surpreendem, afinal, as buscas e apreensões tornaram-se rotineiras neste governo, que já teve muitos dos seus dirigentes com prisões decretadas. Mais que abuso de poder, trata-se de uma afronta aos cofres públicos, pois representa a falta de compromisso do governador, que criticou durante a campanha de 2018, o modelo do Instituto Hospital de Base (IHB), com argumentos de falta de transparência, compras malfeitas, gastos elevados, altos salários do corpo dirigente, contratações temporárias, regime precário e comissionamentos irregulares.

O que mudou?

O que assistimos é um ato insano do governo em privatizar o Sistema Único de Saúde no DF em plena luz do dia e com requintes de perversidade para com a população que o elegeu. E mais grave, sob os olhos vendados da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Qual seria a saída para tamanha crise que coloca em risco a saúde e a vida de milhares de pessoas? Não é apenas reagir aos fatos, sempre de caráter urgente, no apagar das luzes, mas sim mostrar à população que esse governo não tem compromisso com o SUS, não sabe sequer o seu valor, logo, não governa, desmantela a secretaria de Saúde, e, junto com ela, o estimula o fim agonizante do SUS.

O governador precisa se explicar à população! 


*Enfermeira Sanitarista. Professora associada na Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília.