
Poema de Paulo José Cunha. Foto de Chico Sant’Anna
Dentro de mim
os rastros teus estão por toda parte:
nas avenidas,
por onde andas de cabelos soltos e braços abertos;
nos becos escuros
que percorres de manso
Atrás do vintém de cobre perdido pela menina Coralina;
nas praças e gares, nas estradas poeirentas,
na areia das praias, na grama dos jardins
onde recolhes conchas e borboletas.
Mas onde os passos teus estão mais nítidos em mim
é nas alamedas do coração
acostumadas ao ir-e-vir dos teus pés descalços
às horas finas da tarde.
Ao cair da tarde
Quando tudo é mais calmo
Uma tristeza infinita
Envolve toda minh’alma
E eu murmuro sempre assim
Meu amor, na distância entre nós
Só a divina música pode trazer-me em surdina
O encanto de tua voz
És meu mundo de paz
Minha doce ilusão
Minha eterna oração.
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