Pra muitos, a fixação do marco além fronteiras de Arniqueiras tem a estratégia de avançar, ainda mais, sobre a RA do Park Way. Desde o processo de regularização da nova RA, comandado pessoalmente por Telma Rufino, há um desconforto no bairro vizinho. Isso porque Arniqueiras, antes pertencente à Águas Claras, “invadiu” território do Park Way, notadamente áreas verdes ainda pré-existentes nas quadras de 3 a 5, trazendo consigo normas urbanísticas que favorecem o adensamento populacional e agridem o meio-ambiente.

Por Chico Sant’Anna

Não é a Península da Crimeia, mas o imbróglio territorial entre Arniqueiras e Park Way vem ganhando proporções. De um lado, a czarina das Arniqueiras, Telma Rufino (Pros), de outro, os moradores do Park Way, abandonados pela sua administração regional, que é capitania hereditária do distrital sargento Hermeto (MDB). No centro da discórdia, um letreiro em concreto, com cerca de 1,70 metro de altura, com o nome de arniqueiras, letra por letra, fincado em terras do Park Way. O letreiro custou ao contribuinte pouco mais de R$ 20 mil e deixou inconformados moradores do Park Way. Em reação, produziram uma faixa de doze metros de comprimento com a inscrição “Aqui é Park Way” e cobriram o letreiro.

A rejeição à iniciativa de Rufino equivale à de espanhóis, quando viram os portugueses avançando sobre terra de Castella no Novo Mundo. O letreiro está em um balão na Estrada Parque Vicente Pires (DF-079) que dá acesso à SMPW quadra 4, mas por ali, também pode se chegar até a RA de Arniqueiras.

Pra muitos, a fixação do marco além fronteiras de Arniqueiras tem o estratégia de avançar, ainda mais, sobre a RA do Park Way. Desde o processo de regularização da nova RA, comandado pessoalmente por Telma Rufino, há um desconforto no bairro vizinho. Isso porque Arniqueiras, antes pertencente à Águas Claras, “invadiu” território do Park Way, notadamente áreas verdes ainda pré-existentes nas quadras de 3 a 5, trazendo consigo normas urbanísticas que favorecem o adensamento populacional e agridem o meio-ambiente.

“Vale lembrar que o Park Way é um espaço urbano planejado e que nasceu de forma legal. Já Arniqueiras é fruto de um fracionamento selvagem de antigas chácaras rurais” – salienta a ambientalista Mônica Veríssimo, ex-integrante do Conselho de Meio Ambiente do DF – Conam.

Leia também:

Com a legaização de Arniqueiras, o Park Way perdeu 918,9 hectares, a maior parte consisitia de áreas verdes das quadras de 3 a 5.

A maior parcela da nova RA fica ao Sul da EPVP, mas pelo menos três “línguas” de terra invadiram a poligonal do Park Way, até então existente, em especial entre as quadras 3 e 5. O Park Way perdeu, assim, 918,9 hectares. Enquanto que no Park Way os lotes de 20 mil metros quadrados podem sem fracionados em no máximo oito parcelas de 2.500m², para essas línguas, serão permitidos lotes com área igual ou superior a 125 m², com taxa de ocupação podendo chegar a 80% da metragem, bem superior ao limite atual dos lotes regulares do Park Way, que é de 45%. Os imóveis da nova RA poderão ter até três pavimentos e ser de uso misto: comércio e residência.

Decepcionados com a falta de iniciativa da administração do Park Way, moradores fixaram faixa para demonstrar o inconfirmismo.

Associações

Entidades comunitárias do Park Way, como a Amac Park Way, o Conseg Park Way e a ACPW são contra ao que denominam “letreiro alienígena”. Para o presidente do Conseg, Marcelo de Carvalho, esse seria o primeiro passo para “garfar e anexar” o ramal do Park Way que margeia a EPVP, que vai da quadra 1 a 5, e adotar nesse trecho as bases urbanísticas autorizadas para Arniqueiras. “Imaginem um lote do Park Way passando de oito para cem unidades, cem frações. Muito mais lucrativo, principalmente, para essas organizações que sustentam o letreiro” – diz Marcelo. “Se nos calarmos, agora, as indevidas ocupações de Arniqueiras continuarão avançando sobre as áreas de mananciais hídricos e a desordem urbanística será chancelada por políticas inescrupulosas” – salienta Joffre Nascimento, presidente da ACPW.

Lavando as mãos

À imprensa, o Departamento de Estrada de Rodagens – DER diz ter autorizado a fixação do marco em concreto, mas afirma que não lhe cabia dizer se o local era pertencente a esta ou aquela região administrativa. Que sua deliberação foi feita segundo às normas de segurança no trânsito. Coincidência, ou não, já ocorreu um acidente no local e os moradores atribuem a quebra da visibilidade para os motoristas que contornam o balão da discórdia.

De sua parte, o administrador do Park Way, Maurício Tomaz da Silva, tudo vê calado e pouco faz. Em dezembro, seu interino, Wilson de Sousa, chegou a enviar ao DER oficio relatando o apelo dos moradores pela retirada do letreiro. Sem sucesso. Telma Rufino, alega que o letreiro é legal, não delimita território, mas apenas marca o acesso à cidade que dirige. E o GDF cala-se, pois a Ibaneis não interessa brigar nem com Hermeto, nem com Telma Rufino.