Em decorrência desse fenômeno, já há quem pense que as futuras residências terão adaptações especificas para tornar a entrega via drone mais fácil e segura. Como não será possível implantar uma área de pouso para drone em cada casa, nos condomínios habitacionais, principalmente nos horizontais, prevê-se que os projetos urbanísticos contemplem áreas comunitárias para o recebimento das encomendas.

Por Chico Sant’Anna

Quem transita pela BR-40 e pela Epia Sul sabe como é congestionado o trânsito entre os municípios goianos do Entorno Sul, cidades como Gama e Santa Maria, e o restante do Distrito Federal. Além da forte concentração populacional, é nesse quadrante que muitas empresas atacadistas e distribuidoras criaram raízes dentro e fora do quadradinho do DF. Uma nova iniciativa pode facilitar a fuga desse trânsito infernal para as ações de entrega de mercadorias. Valparaíso de Goiás, a 40 km do Plano Piloto, vai ganhar um droneporto acoplado a um centro de distribuição para receber encomendas. Será o primeiro do Centro-Oeste e atendera moradores de um novo bairro da cidade, com capacidade para 20 mil moradores.

A proximidade de Valparaíso com Brasília deve favorecer não somente os drones pontos, mas também a implantação de pequenos Centros de Distribuição. A adoção dos vants – veículo aéreo não tripulado, na sigla brasileira -, como meio de entregas vem somar com a mudança de comportamento dos clientes, verificada principalmente na pandemia, que passaram a comprar muito mais na internet e que fazem das lojas físicas apenas pontos de experiências ou retiradas de produtos. Com a Covid e o isolamento social, o e-comércio teve um crescimento de 27% no faturamento, chegando a R$ 161 bilhões, em 2021.

“Diante disso, as empresas começaram a repensar os centros de distribuição pelo novo movimento de compra. Antes haviam grandes centros para atender as lojas como um todo e ficavam afastados. Dentro da logística, as entregas iam para os centros e depois para as lojas que mantinham um estoque básico. Com a ascensão da pandemia, ao invés de mandar para a loja, encaminham para o cliente final”, ressalta o engenheiro e especialista em desenvolvimento imobiliário, Cleberson Marques.

Anac

As operações de entregas comerciais com o uso de drones foram autorizadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em janeiro deste ano. Atualmente, o iFood, um dos maiores aplicativos de entrega do País, faz testes de entrega em Campinas (SP) e em Sergipe. A ideia é que o serviço funcione como complemento ao trabalho dos entregadores, que deverão pegar o pedido no local do pouso e levar até o cliente. Por causa disso, o número de drones operando de ponto deve aumentar.  

Em decorrência desse fenômeno, já há quem pense que as futuras residências terão adaptações especificas para tornar a entrega via drone mais fácil e segura. “Serão necessários mais pontos para que o drone tenha condições de pouso” – avalia Cleberson Marques. Como não será possível implantar uma área de pouso para drone em cada casa, nos condomínios habitacionais, principalmente os horizontais, prevê-se que os projetos urbanísticos contemplem áreas comunitárias para o recebimento das encomendas.

Para Cleberson Marques, a nova tecnologia também vai ajudar o meio ambiente, pois diminuirá a poluição. De acordo com ele, haverá redução do número de caminhões e automóveis que fazem entregas circulando pelas ruas. “Ela reduz a necessidade de veículos automotores nas ruas, o que significa menos trânsito, menos acidentes, menos poluentes no ar, visto que drones são elétricos, na pontualidade das entregas, além de apresentar redução de custo e tempo”, concluiu.