
Cenários de prováveis candidaturas, federações, coligações e alianças não clareiam com o fim do prazo de mudanças partidárias. Vídeos que circularam pelas redes sociais deram o tom da turbulência. Em um deles, o ex-governador José Roberto Arruda, imagina sua esposa Flávia Arruda, no GDF. Noutro, o senador Reguffe (UniãoBR), assegura que Paula Belmonte estará na disputa a um cargo majoritário, em 2022.
Por Chico Sant’Anna
A expectativa de muitos era de que com a data limite de mudanças partidárias, o cenário das candidaturas no Distrito Federal fosse se aclarar agora em abril. Ledo engano. Tudo ficou ainda mais confuso. Não apenas pela possibilidade de os partidos se federalizarem entre si – até 31 de maio – mas, principalmente, pelo fato de a data limite da formalização das candidaturas ficar bem pertinho do pleito: de 20 de julho a 5 de agosto. Além disso, as arquiteturas eleitorais obrigam cálculos importantes não só para ganhar as eleições majoritárias, como também eleger deputados federais e ultrapassar à cláusula de barreira. Uma espada de Dâmocles sobre a cabeça dos partidos. Por isso mesmo, articulações daqui, balões de ensaios dali, tumultuam o processo. A mais recente turbulência eleitoral envolve três mulheres da política: Flávia Arruda (PL), Paula Belmonte (Cidadania) e Damares Alves (Republicanos).
Vídeos que circularam pelas redes sociais deram o tom da turbulência. Em um deles, o ex-governador José Roberto Arruda, imagina sua esposa Flávia Arruda, no GDF. Noutro, o senador Reguffe (UniãoBR), assegura que Paula Belmonte estará na disputa a um cargo majoritário, em 2022.
Como antecipamos, a escorregada de Arruda pode ter sido proposital. Comenta-se que agência de publicidade já tem peças prontas com o número 22 de Flávia para o GDF. Essa notícia tira o sino de Ibaneis Rocha (MDB) e dá ânimo a Damares Alves. Como se sabe, a ex-ministra da Mulher e Flávia estão na conta de Bolsonaro. Se o presidente convencer sua ex-secretária de Governo a disputar o GDF, ele abre uma vaga pra outra de suas prediletas, Damares, para o Senado. Ela até já recebeu apoio de colegiados de pastores da Capital. Esse é um quadro que agrada os bolsonaristas, afinal, o MDB de Ibaneis Rocha pode tender tanto à candidatura Lula, quanto à da senadora Simone Tebet. Com Flávia e Damares, seu palanque na Capital Federal estaria seguro.
Para mais detalhes sobre o que disse arruda, leia aqui:
Se a candidatura ao Buriti de Flávia Arruda se materializar, Ibaneis poderia convidar Celina Leão (PP) para vice. A “leoa” daria um toque feminino à chapa. Ou, ainda, optar por Paulo Octávio (PSD), que ultimamente mais tem parecido uma sombra do governador. Comparecendo a todas agendas públicas. Em ambos os casos, contudo, ele perderia a chancela de Bolsonaro a seu nome.
Vídeo 2
Um segundo vídeo que perturbou os sonos dos políticos foi protagonizado por Reguffe e Belmonte. Sob um grande arco de balões verdes e brancos, no estilo porta da felicidade, Paula Belmonte, ao lado de seu esposo, Luiz Felipe Belmonte (PSC) – suplente de Izalci Lucas (PSDB) -, ouve elogios de Reguffe e a garantia de que ela estará numa legenda majoritária nesse ano.
Mas qual legenda? Qual partido? Como é sabido, ela é do Cidadania, que federalizou com o PSDB, que por sua vez lançou o senador Izalci Lucas ao GDF. As regras eleitorais impedem que Belmonte apoie outro candidato a governador, que não seja o de sua federação. Izalci confirmou a essa coluna que a sua candidatura está posta desde dezembro e que não a retira. O quadro posto, obriga Paula Belmonte a ser candidata ao Senado Federal ou a vice de Izalci, mas ele deseja um ou uma vice de outro partido, para obter mais tempo de TV e fundo eleitoral.
Pessoas próximas a Reguffe disseram que ele desconhecia a gravação do vídeo e que o mesmo havia sido editado, retirando de contexto as palavras dele. A saber. O certo é que só existe uma chance de sua declaração vir a se confirmar com ele candidato ao GDF. Seria uma coligação entre PSDB e UniãoBR, mas nesse caso, ou ele ou Izalci teriam que deixar de ser candidato ao GDF, cabendo a Paula Belmonte, o cargo de vice ou de senadora.
Esquerdas
Se à direita está tudo embolado, à esquerda não é muito diferente. O PT Nacional desautorizou deliberação do diretório do PT-DF, que havia aprovado a indicação da professora Rosilene Corrêa ao Buriti. A puxada de orelha da direção nacional fortaleceu a candidatura de Geraldo Magela (PT) e também de Leandro Grass (PV). A federação PT-PV-PCdoB promete ainda pra esse mês a definição dos nomes que lançará.
Esta demora, contudo, atrapalha os próprios planos e desempenho das esquerdas candangas e reduzem o protagonismo do eventual candidato. Um exemplo é a situação do Psol-Rede, que organiza outra federação. Ao nível nacional, essa federação ecossocialista já deliberou apoio à candidatura Lula. Localmente, não avançaram no processo de unidade. Nem mesmo para o Senado Federal. Havia um sentimento de que o melhor seria que os cinco partidos anteriormente citados, mais o PSB, apoiassem um único nome ao Senado: Erika Kokai (PT). Embora nesse espectro político não tenha surgido outro nome forte, iniciativas concretas de uma coligação ao Senado ainda não foram vistas e, se aconteceram, não resultaram em resultado concreto.
Pelo visto, nesse ano, tudo vai ficar pra ser definido no finalzinho do segundo tempo. Lá pra agosto, que na tradição política brasileira é um mês agorento.
Espero poder votar em Leandro Grass
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