Hugo Rodas fez do teatro candango a sua casa e, com seu talento somado a uma estética impecável, deu caráter ao teatro da capital.

Por Rita Andrade*

As luzes se apagam, as cortinas se fecham e nós seguimos aplaudindo Hugo Rodas, esse uruguaio brasiliense combativo e talentoso, com quem tive o prazer de conviver na cena cultural do Distrito Federal. Ele nos deixou ontem. Saiu dessa vida para entrar na eternidade.

Hugo Rodas fez do teatro candango a sua casa e, com seu talento somado a uma estética impecável, deu caráter ao teatro da capital. Não se conta a história de um lugar sem contar a história de seus personagens e a trajetória intensa e criativa desse mestre dos palcos, radicado em Brasília desde 1975 é a própria história do teatro no Distrito Federal e representa a vanguarda cultural brasiliense.

Hugo foi acima de tudo o que intitulamos de artista educador, responsável pela formação de gerações de profissionais do teatro e das artes em geral. As plateias Brasil afora foram tocadas por seu trabalho instigante, inovador e revolucionário. Como diretor, ator, figurinista, coreógrafo e cenógrafo recebeu inúmeros prêmios por suas criações, com destaque para o Prêmio do Serviço Nacional do Teatro (1977) de melhor espetáculo infantil para o antológico Os Saltimbancos e o Prêmio Shell (1997) pela Direção do espetáculo Dorotéia, ao lado de Adriano e Fernando Guimarães.

Hugo Rodas foi homenageado e festejado em vida, recebeu a medalha de Comendador e Oficial da Ordem do Mérito Cultural de Brasília (1991 e 1992), assim como Cidadão Honorário de Brasília (2000). Recebeu também o títulos de Notório Saber em Artes Cênicas (1998) e, em 2014, o de Professor Emérito, ambos pela Universidade de Brasília, instituição na qual foi docente do Departamento de Artes Cênicas durante mais de 20 anos, e depois passou a trabalhar como professor-pesquisador. Mas tenho certeza que o maior prêmio é o reconhecimento da sua força como criador pelos colegas e admiradores do seu trabalho!

Sem Hugo Rodas, o cenário cultural de Brasília e do Brasil fica ainda mais triste diante de tantos abusos cometidos contra a Cultura no desgoverno do inominável. Do teatro dos imortais Hugo Rodas vai festejar a vitória dos justos em outubro! Nós, protagonistas da democracia, vamos bater palmas juntos e gritar bravo!

Vá em paz e na luz Mestre!

Hugo Rodas, presente hoje e sempre!

*Representante da sociedade civil no Conselho de Cultura do DF e no Conselho Nacional de Política Cultural e presidente do Conselho de Curadores da Fundação Brasileira de Teatro. É artista educadora graduada pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, pós-graduada em Desenvolvimento Humano de Gestores pela FGV.